Diário do Alentejo

Associação de Futebol de Beja deixou excelente imagem no Torneio Nacional Interassociações de Futsal em sub/17

13 de janeiro 2024 - 08:00
“Quem não tem cão...”Foto | BA/AF Beja

Quatro jogos, quatro vitórias. Este foi o balanço da excelente prestação da seleção distrital de futsal da AF Beja, que disputou, na cidade de Vila Real, o Torneio Nacional Interassociações de Futsal em sub/17.

 

Texto | Firmino PaixãoFoto | BA/AF Beja

 

“Eu sou optimista, por natureza, e foi com esse sentimento que cheguei a Vila Real”, garantiu Fábio Pacheco, selecionador de futsal da Associação de Futebol de Beja, que conduziu a equipa a uma excelente prestação no torneio nacional. Num quadro competitivo regional em que não existem equipas jovens femininas de futsal, houve que usar da criatividade e adaptar jogadoras de futebol, um recurso que se revelou bem-sucedido. O técnico referiu: “O torneio disputou-se em três níveis, consoante o perfil das seleções, e nós ficámos no segundo nível, por isso, esperava dificuldades em todas as partidas. Confesso que me surpreenderam um pouco os resultados dos dois primeiros jogos, sem nunca duvidar do mérito das atletas e do objetivo que levávamos, que era fazer melhor do que há dois anos, em que ganhámos três jogos e perdemos um. Ganhar todos os jogos foi, realmente, único”.

 

Uma excelente prestação…

Face à quase inexistência de equipas femininas de futsal, neste escalão, no nosso distrito, fomos com as miúdas do futebol. Tivemos uma média de 10 ou 11 jogadoras por treino, foram todas muito dedicadas, fizemos oito unidades e um jogo treino e as miúdas, através do empenho que mostraram durante a preparação, chegaram ao torneio e fizerem tudo o que pedimos. Melhor não poderia ter sido, quatro jogos, outras tantas vitórias.

 

Convocou as jogadoras mais talentosas?

Optámos por fazer uma coisa diferente do habitual, após a saída do mister Miguel Carvalho, antigo selecionador. Até aqui eram convocadas as atletas que mostravam interesse, e nós, neste ano, convocámos o máximo de jogadoras que conseguimos. Nas últimas convocatórias estávamos com algumas dúvidas e optámos por levar as mais velhas, porque essas não terão mais oportunidades de jogar neste torneio, dado que estão no último ano do escalão. Para o ano, certamente, teremos as miúdas que, neste ano, já participaram nos treinos.

 

São jogadoras de futebol de sete, de nove e de 11. Houve necessidade de treinar essa transição para o futsal? “Quem não tem cão, caça com gato”…

Sim, é uma transição um bocadinho difícil. A minha ideia, até pela experiência que tenho do futsal, foi não lhes criar muita confusão. O trabalho passou, principalmente, por lhes dar umas ideias táticas, ensinando-as a defender. Elas têm muita qualidade futebolística e ainda tinham muito presente conceitos importantes que tinham adquirido nos anos anteriores, e isso foi relevante. O resultado foi bom e nós ficámos satisfeitos, porque é sinal de que o nosso trabalho está a ser bem feito. Por outro lado, elas mostraram-se sempre muito interessadas, muito concentradas e isso deu frutos dentro do campo.

 

Supremacia clara sobre Ponta Delgada e Portalegre. Já as partidas com Setúbal e Évora foram mais equilibradas?

A seleção de Ponta Delgada tinha uma guarda-redes que é da seleção nacional sub/15, mas nós mostrámos melhores argumentos físicos e fizemos um jogo que teve sentido único. Surpreendeu-me o jogo com Portalegre, até as próprias atletas portalegrenses confessaram que entraram em campo com o jogo ganho, mas nós fizemos um grande jogo, sem darmos qualquer hipótese às nossas adversárias. Setúbal apresentou uma equipa muito arrumadinha. Todas as miúdas mostraram uma capacidade tática muito superior à nossa, pois são atletas de futsal e estão muito bem treinadas. Nós nunca fomos inferiores, sentimos algumas dificuldades táticas, mas as nossas atletas superaram-se mais uma vez. No jogo com Évora viu-se, claramente, o cansaço das nossas jogadoras. Estivemos a perder quase o jogo inteiro e, a 20 segundos do fim, conseguimos ganhar. Foi lindo.

 

Estes resultados podem promover a AF Beja para o primeiro nível competitivo?

Os responsáveis pelo torneio puseram-nos logo essa questão, ainda em Vila Real. Na minha opinião, isso é muito simples, as equipas do primeiro nível são seleções de distritos onde existem mais clubes a praticar a modalidade, Lisboa, Porto, Braga, Aveiro, por aí. Eu até gostava de subir, já assumi que prefiro ser o último dos melhores do que o primeiro dos piores, mas, deste grupo, só três atletas é que poderão participar no próximo torneio, as outras transitam para sub/18. Teremos que começar um trabalho semelhante ao que iniciámos há três anos. Estamos contentes com o que fizemos, o objetivo era que as miúdas desfrutassem e, principalmente, que este exemplo seja promotor de um maior desenvolvimento do futsal neste distrito.

 

O sucesso desta equipa não reflete a realidade do futsal neste distrito. Sente essa frustração?

Gostava mesmo muito que isto fosse a ferramenta para que, finalmente, o futsal masculino e feminino se desenvolvessem neste distrito. Tenho a certeza de que se fossem criadas equipas de futsal, principalmente, em Beja, haveria, por certo, uma adesão bastante elevada. Depois, temos a dificuldade das instalações. Não existe pavilhão disponível para praticar a modalidade. Em Beja está tudo lotado, não existe espaço para isso. Repare que esta seleção não conseguiu treinar uma vez em Beja. Fê-lo em Cuba, Mértola e no colégio de Beringel. E isso diz muito da falta de recursos físicos para conseguirmos promover a modalidade.

 

Não há pavilhões, mas também não abundam praticantes…

A vila de Cuba tem uma equipa de juniores e são 18 ou 19 atletas a treinar. Os melhores integram já a equipa de seniores. Baronia tem um projeto muito antigo nesta modalidade e, quase sempre, com todos os escalões. Moura tem uma equipa também com atividade. Na cidade de Beja é que não existe nada. Os clubes que, eventualmente, tenham atletas em excesso nas equipas jovens de futebol podiam optar pelo futsal. No futebol, possivelmente, nem sempre jogam. Se houvesse uma equipa se futsal jogariam. Esta pode ser uma das vias para o incremento do futsal.

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