Diário do Alentejo

António Calatróia (Penedo Gordo) afasta o favoritismo precoce, mas não esconde a ambição

20 de outubro 2023 - 10:55
Um sonho realizado
Foto| Firmino PaixãoFoto| Firmino Paixão

A Associação Cultural Desportiva de Penedo Gordo tem sido, em muitos círculos, apontada como sendo uma das equipas favoritas a conquistar o título distrital. O treinador António Calatróia não quer que essa pressão condicione o grupo de trabalho, sem esconder que ambiciona um título.

 

Texto Firmino Paixão

 

O treinador sublinhou o grande carinho dos adeptos, dizendo: “São muito aguerridos. Gostam muito de nos apoiar, dão-nos muita alegria e muita força, e o que temos conseguido deve-se, também, um pouco à motivação que eles nos dão”.

 

O Penedo Gordo é uma das equipas com potencial para conquistar o título?O Penedo Gordo tem uma equipa com potencial para atrapalhar a discussão do título. Temos equipas muito melhor apetrechadas do que nós, o Moura, o Castrense, o Mineiro, esses são os clubes mais carismáticos do nosso distrito e serão esses que terão de assumir a candidatura ao título. O Penedo Gordo é uma equipa que corre por fora. Reconheço que somos uma equipa forte, mas estamos ainda muito longe de nos a-firmarmos como candidatos. Vamos fazendo o nosso percur-so jogo a jogo, querendo ganhar sempre, mas estamos muito aquém desse objetivo. As metas que nos propusemos atingir, de há uns tempos para cá, foi que o Penedo Gordo fosse um clube que merecesse o respeito dos adversários, para que eles pudessem falar assim, como, aliás, falam, mas nós vamos fazendo o nosso jogo, contrariando o favoritismo de alguns clubes que andam no nosso campeonato, com um poderio que nós não temos neste momento.

A época desportiva ainda está no início, mas o vosso percurso tem sido de alguma forma positivo?Sim, os jogos têm sido bem disputados, não os conseguimos ganhar todos, como é normal. Repare que jogámos com o Castrense, segundo classificado da época passada, com o Aljustrelense, terceiro do mesmo campeonato, empatámos com o quarto, ganhámos a Taça Cidade de Beja ao campeão em título, portanto, acho que estamos no bom caminho. A equipa está a trabalhar bem. Neste momento temos uma direção forte, que trabalha muito para que não nos falte nada, algo que nem sempre aconte-cia no passado. Temos todas as condições reunidas para fazermos um bom campeonato, sendo ponto assente que não somos candidatos a nada que não seja ganhar os jogos. Nem sempre o temos conseguido, nem sempre o conseguiremos, mas a nossa ambição é essa, vencer todos os jogos. Temos clubes que fizeram investimentos muito elevados, coisa a que nós, nem de perto nem de longe, poderemos chegar.

 

Qualificaram-se para a segunda eliminatória da Taça Distrito de Beja. Que adversário deseja para a próxima ronda?Não escolhemos. Seja qual for o adversário que o sorteio venha a determinar, o que posso dizer é que gostaria de voltar a jogar em casa. Esse é o nosso desejo. Sabemos que as equipas que permanecem na prova são todas equipas fortes, depois, os jogos a eliminar têm sempre características diferentes, portanto, espero e desejo que possamos ter a sorte de voltar a jogar em casa.

 

O campeonato regressa com a receção ao Aljustrelense, em cujo campo já venceram esta época para a Taça de Honra. Mas não há jogos iguais…Vai ser um jogo difícil. Não temos dúvidas disso. O Mineiro venceu já os dois jogos do campeonato, marcando sete golos, portanto, estamos avisados para as dificuldades que vamos encontrar. O Aljustrelense tem um belíssimo treinador, que já foi campeão distrital, portanto, esperamos um jogo difícil, mas tentaremos superar as dificuldades. Não daremos nada a ninguém de mão beijada. Quem vier aqui ganhar terá que ter mérito para isso, porque nós faremos o nosso jogo.

 

O jogo seguinte será em Pias, a sua terra natal. Será um jogo rodeado de algum romantismo, de um sentimento especial, porque é um clube que gostaria de treinar?Pode acontecer um dia. Já esteve perto, mas não se concretizou. Mas iremos lá para ganhar, vencer a equipa da minha ter-ra tem sempre um sabor especial. Nasci lá, tenho lá muitos e bons amigos, é um clube especial para mim. O treinador também é um amigo pessoal, pessoa que muito considero, mas iremos com o objetivo de vencer, porque trabalhamos sempre para isso. Contudo, sabemos que em Pias os jogos são sempre muito difíceis.

 

O plantel do Penedo Gordo tem características especiais. Os jogadores estão aqui por paixão ao clube?Esta equipa joga por paixão ao clube. Joga por amor à camisola que veste. Repare que uma grande parte das obras de beneficiação do nosso campo foi feita com mão de obra dos próprios atletas e dos dirigentes. Temos conseguido criar aqui uma grande mística, uma envolvência especial com a comunidade local, procurando elevar e dignificar o nome do Penedo Gordo, e esse, sim, é efetivamente o nosso grande objetivo: promover o nome do clube, o nome da terra, sempre com o desejo de um dia podermos conquistar um título distrital.

 

Um ou outro jogador tem saído para outros clubes, mas rapidamente regressam ao Penedo Gordo…Sabe porquê? Por temos criado aqui uma grande família. Um espirito de grupo muito elevado e uma grande união entre todos. Temos aqui jogadores que vieram para cá em miúdos, têm cinco ou seis épocas neste clube e têm feito aqui uma boa carreira. Recebemos sempre muito bem os jogadores, acarinhamo-los e tentamos que eles sejam felizes. A direção tem arranjado todas as condições para que eles se sintam aqui bem. O elenco diretivo é forte e está unido. Temos aqui as melhores condições para trabalhar, como, se calhar, não terão algumas equipas de escalões superiores.

 

O Penedo Gordo tinha um campo pelado e balneários obsoletos. Ouviam-se, amiudadamente, os seus apelos para que as entidades olhassem para este clube de outra forma. O que aqui está hoje é um pouco “culpa” sua?Sinto-me um bocadinho responsável por isso. Houve, realmente, um pouco de persistência nossa, mas ninguém faz nada sozinho. Foi um trabalho de todos, porque eu disse sempre que só teríamos estas condições se construíssemos uma equipa competitiva, portanto, houve um trabalho sério de toda a comunidade. Um dos meus sonhos está realizado. Isto deixou de ser o “campo da bola” e passou a ser o Estádio Carolina Almodôvar Fernandes. Falta-me concretizar o outro, que é o título da primeira divisão.

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