Uma equipa com maior consistência, mantendo intocáveis os pressupostos do equilíbrio financeiro do clube. O Castrense procura sustentabilidade para, quando a oportunidade surgir, assumir um lugar no Campeonato de Portugal, mas focado na formação e modalidades.
Texto Firmino Paixão
"O Castrense irá manter-se no mesmo registo da época anterior”, assegurou Humberto Simão, presidente do clube de Castro Verde, revelando: “Estamos a trabalhar com algumas dificuldades, é certo, mas estamos a trabalhar no sentido de podermos ter uma equipa competitiva, pois defendemos que o Castrense tem de ter sempre equipas competitivas”. O clube está no mercado à procura de substituto para Ruben Vaz, o técnico que, nas duas últimas épocas, ganhou quatro troféus.
O que poderemos esperar do Castrense na próxima temporada?
Queremos, pelo menos, igualar o que fizemos na última época desportiva, que correu muito bem. É esse o caminho que esta direção está a procurar seguir, sempre com o máximo equilíbrio financeiro. É esse o nosso compromisso, não descurar a área desportiva, mas focados no equilíbrio financeiro do clube.
Quando fala em manter o registo, quer dizer que o Castrense voltará a lutar pela conquista de títulos e troféus?
Sim, pretendemos andar sempre no bloco das primeiras seis equipas da fase de subida e o mais acima possível. Vamos trabalhar para que isso seja uma realidade, vamos ver como vai correr. Se igualarmos aquilo que fizemos neste ano já será excelente.
Os reforços vêm no sentido de dar mais consistência à equipa mas mantendo o tal equilíbrio financeiro?
Claro. Até ao momento já assegurámos dois reforços, estamos a trabalhar no sentido de conseguirmos mais duas contratações. São processos complicados, porque, como referi, a parte financeira está sempre presente na órbita das prioridades desta direção. Temos de ser muito rigorosos nesse aspeto.
Um dos principais reforços será o regresso do capitão Jorginho, após a grave, e prolongada, lesão da época passada?
Esperamos que sim, para o Castrense e para mim, pessoalmente, enquanto presidente do clube. Consideramos que o afastamento prolongado do Jorginho foi uma baixa a nível desportivo e ao nível da gestão do clube, porque é, igualmente, funcionário do Castrense e tem feito um bom trabalho. Portanto, esperamos que, efetivamente, a próxima época marque o regresso do Jorginho, completamente recuperado e na máxima força.
O João Paulo, com todo o capital de experiência que possui, será outra das pedras a manter no plantel?
Sim, já fechámos também com o João Paulo. É um atleta muito importante, com uma presença muito forte no balneário, muito forte também dentro e fora de campo. Todos os atletas são importantes, não gosto muito de individualizar, mas falar do Castrense sem nos referirmos ao João Paulo e ao Jorginho, os dois capitães, não seria justo. Mas já fechámos com a maioria dos jogadores da época anterior. Haverá uma ou outra saída, principalmente, de atletas que regressam ao Penedo Gordo, são processos naturais no futebol, mas a porta ficará sempre aberta para o dia em que pensem em regressar.
As duas últimas épocas foram quase perfeitas: conquistaram duas taças distrito e duas supertaças. Faltou um título?
Foram duas épocas muito boas. Neste ano muita gente não acreditava que o Castrense viesse a fazer aquilo que fez. O certo é que ficámos ali presos, naquele jogo em Aljustrel, pelo prolongamento do jogo entre o Moura e o Despertar. Estávamos ansiosos por saber o resultado final, porque nessa altura éramos campeões, mas o Despertar marcou no limite do tempo extra. Contudo, não posso deixar de felicitar a equipa técnica e todos os nossos jogadores. Mas os nossos sócios e simpatizantes também estão de parabéns, pelo apoio e carinho que dedicam à equipa, e temos até notado uma maior proximidade de todos, não só ao nível da equipa sénior, como no futebol de formação e nas modalidades. É isso que me faz andar aqui nesta carolice, eu e a minha direção, a quem deixo igualmente uma palavra de agradecimento, porque temos trabalhado muito para chegarmos até aqui.
O clube foi convidado para participar no Campeonato de Portugal mas declinou o convite…
Sim, não estávamos preparados para isso. Quando eu insisto na parte financeira do clube, tem muito a ver com isso. Recebemos esse convite da Associação [de Futebol de Beja], mas não tínhamos condições para o assumir. Ao longo do campeonato, nas nossas reuniões do executivo, fomos sempre analisando essa possibilidade, mas reconheço que não seria possível. Não podemos dar passos mais largos do que a nossa perna. O clube quer criar condições para, um dia, abraçar esse projeto. Mas vamos com calma.
E se tivessem sido campeões, como quase aconteceu? O Castrense terminou em igualdade de pontos com o campeão, venceu a Taça e a Supertaça, nem se põe a questão do mérito…
Nessa altura, teríamos de ponderar essa decisão. As diferentes hipóteses estiveram sempre em cima da mesa da direção e foram cuidadosamente analisadas. Confesso que, se isso tivesse acontecido, teríamos, eventualmente, que convocar uma assembleia-geral para ouvirmos os sócios, porque o clube é dos nossos associados e eles teriam de se pronunciar, contudo, acho que teríamos de fazer mais um sacrifício e abraçar o projeto da subida ao Campeonato de Portugal. O Castrense assumi-lo-á logo que tenha criado condições para que isso aconteça.
O futebol é fértil em emoções. Num minuto é-se campeão, no minuto seguinte já não…
Sim, aquele jogo em Aljustrel, que fechou a época, foi um jogo de muitas emoções, estivemos a poucos minutos de ser campeões. Claro que nunca nos comprometemos com isso, o nosso compromisso estava feito, mas, ainda assim, não foi fácil para nós, enquanto clube, e, acima de tudo, para os nossos atletas. Eles queriam muito ser campeões. Sei qual era o sentimento deles. É um jogo que ficará na história deste clube.
Vão manter o foco na formação e nas modalidades?
Claro. Acredito que vamos fazer um belíssimo trabalho nessa área. As outras modalidades, que têm feito um excelente trabalho, manter-se-ão sob o nosso foco e com o apoio constante da direção, ainda que comecemos a ser poucos para tanta atividade, apesar de já termos o apoio de muitos pais de atletas. Afinal, já somos um clube com 70 anos de história.