Um dia depois de o Despertar Sporting Clube ter comemorado o 103.º aniversário da sua fundação, a celebração e a solidariedade aconteceram sobre rodas e por esses campos, secos campos, desta planície alentejana.
Texto Firmino Paixão
O Raide BTT Cidade de Beja, evento que o Despertar Sporting Clube promove através da sua secção dedicada à modalidade, não tem sido exceção quanto ao abrandamento do número de presenças registadas em passado mais recente. Ainda assim reuniu mais de 200 bicicletas, com os atletas focados nos desafios para vencer as dificuldades inerentes a dois percursos extensos e à onda de calor que abrasava a região, mas, imbuídos no espírito de solidariedade para com a causa que o evento abraçou, a Taça de Maratonas de BTT da Cercibeja.
Razões suficientes para que a organização tivesse considerado a missão bem cumprida, como avançou Cláudio Silva, dirigente do clube e responsável pela secção: “O balanço foi positivo. Não tivemos quedas, nem aleijões de qualquer atleta, que é a parte mais relevante. O percurso foi aquilo que nós trabalhámos para proporcionarmos às pessoas um percurso lento, com pequenas zonas de single track, com um pouquinho mais de dificuldade, o que marca diferença para aqueles que são realmente os campeões. Preparamos sempre estas iniciativas a pensar naquelas pessoas que são atletas esporádicos, que, muitas vezes, são esquecidos, mas que nós gostamos de trazer a Beja, porque aqui também se divertem e, não enfrentando a dificuldade de outras provas, conseguem um bom desempenho”.
Quanto à participação, Cláudio Silva lembrou que no ano passado tiveram “um pouco mais de 300 participações” e que neste ano tiveram “203 atletas à partida”, uma diferença de quase 100 atletas, “o que se explica pelo facto de cada vez existirem mais organizações”.
“Havia muitos clubes que não organizavam provas, não só nesta região, mas também em outras partes do País, mas agora começaram a marcar provas”, diz, lembrando, igualmente, que “neste ano concentrámos mais as provas da taça para benefício dos atletas, porque é mais fácil o atleta preparar-se e manter a forma num período de tempo mais curto, por exemplo, em três meses”.
Por outro lado, adianta, “nos meses de maio e junho tínhamos sete provas da taça, a inscrição e almoço ficam em mais de 20 euros, depois, as deslocações, estamos a falar de oito provas em dois meses e a vida não está muito fácil e, queiramos ou não, isso também tem uma influência preponderante nas organizações”.
A decisão de incluir a prova no programa da Taça de Maratonas de BTT da Cercibeja é óbvia, garantiu Cláudio Silva: “Uma competição destas só faz sentido, e esta é uma ideia comum a todos os elementos da organização, se tiver acoplado sempre uma vertente social. E nós encontrámos na Cercibeja esse parceiro nos últimos anos. Já o tínhamos feito com o Centro de Paralisia Cerebral de Beja, mudámos, por várias razões, não foi por nada específico, ninguém se incompatibilizou, houve apenas uma mudança, e a Cercibeja é nossa parceira há dois anos e continuará a ser enquanto eles assim o entenderem”.
Nessa medida, assegurou: “Se gostamos de andar de bicicleta, gostamos de organizar uma prova desta dimensão e se, para além disso, pudermos ajudar alguém, é gratificante. E como os atletas viram hoje, mais uma vez, os utentes da Cercibeja ajudam-nos muito. Quando lidamos com eles nestes eventos, vemos a alegria que sentem pelo facto de serem membros ativos nesta sociedade. Fizemos um abastecimento ao quilómetro 22 e foram eles que entregaram as águas e os suplementos alimentares, foi uma festa enorme para todos eles. E o BTT também tem de ser uma festa”.
Por outro lado, mais uma vez a prova quase coincidiu com o dia do aniversário do clube: “O clube tem 103 anos de história, comemora o seu aniversário a 24 de junho, e a data desta prova não foi escolhida à toa, é sempre feita no âmbito das comemorações do Despertar e continuará a ser. Este ano foi muito bom para o clube, nas várias modalidades e nos diferentes escalões, da formação aos seniores. Tem sido, talvez, o melhor ano para nós, secção de BTT, e quando digo isto não estou comparando com anos anteriores, apenas em termos competitivos e em termos de número de atletas a participar assiduamente em provas. Não quero que esta minha observação seja mal interpretada por quem quer que seja. O que quero dizer é que, nestes últimos dois anos, tivemos um bom crescimento em termos de atletas”.
Quando se olha para esta prova veem-se percursos criteriosamente escolhidos, a concentração num espaço aprazível e, depois, o convívio na sala de visitas da cidade, a praça da República.
“Na realidade, escolhemos este lugar com intenção. Primeiro, porque a praça da República é um espaço muito digno e emblemático da nossa cidade, um espaço de que todos os bejenses, seguramente, gostarão muito e que quisemos mostrar às pessoas. Depois, temos aqui um restaurante de referência, em que nada é deixado ao acaso e que é também um dos nossos patrocinadores”.
No São João de 2024, mais um aniversário, nova celebração, eventualmente, com novidades: “Já analisámos algumas propostas sobre o que poderemos apresentar de novo às pessoas que nos visitam, para que o raide se mantenha dentro daquilo que gostamos de fazer que é levar o nome da cidade mais longe. O ano de 2024 pode trazer alguma diferença no que estamos habituados, uma das opções será passar o Beja Bike Race para esta data, num sábado à noite, e estamos a considerar a hipótese de mudar o raide para uma data que não seja tão quente, mas teremos sempre uma prova emblemática associada ao aniversário do clube”, concluiu Cláudio Silva.
CLASSIFICAÇÕES ABSOLUTAS
Meia-Maratona 45 Quilómetros Masculinos:
- 1.º Miguel Nunes (Núcleo SCP Castro Verde), 1h23’57;
- 2.º Fábio Rosado (Despertar Sporting Clube), 1h23’58;
- 3.º Casimiro Caneiras (BTT Figueirense), 1h23’59;
Maratona 65 Quilómetros Masculinos:
- 1.º João Garcia (Cumeadense), 1h58’15;
- 2.º Rodrigo Grilo (CCA Paio Pires), 2h00’27;
- 3.º Rui Pires (Team Pinha & Pinhões), 2h00’28;
Maratona E-Bike Masculinos:
- 1.º José Maia (Galacio Bike Team), 1h46’49;
- 2.º Henrique Caló (Team Pinha & Pinhões),1h51’38;
- 3.º Hugo Jorge (Quarteira Bike Team), 2h10’06;
Meia-Maratona 45 Quilómetros Femininos:
- 1.ª Marta Várzea (UC Alentejo), 1h48’28;
- 2.ª Teresa Brissos (GPP Lagos),1h53’12;
- 3.ª Sónia Carvalho (Team Escala Visual),1h56’49;
Maratona 65 Quilómetros Femininos:
- 1.ª Bráulia Gamito (individual), 2h50’41;