O treinador do Sport Clube Odemirense, Fernando Candeias, assume como prioritário o objetivo de colocar o clube na final da Taça Distrito de Beja. Para isso ainda terá de vencer a meia-final que vem disputar ao terreno do Penedo Gordo, um jogo que o técnico considera bem difícil.
Texto Firmino Paixão
"Treinar o Odemirense no ano do centenário, até por esse facto, faz-me sentir ainda uma maior vontade e maior responsabilidade para qualificar o clube para a final da Taça Distrito de Beja”, garantiu Fernando Candeias. Reconhece, contudo: “Obviamente que isso não dependerá só de mim, não dependerá só dos nossos jogadores, os adversários também lá querem estar, mas eu, desde o início da época, que tracei esta meta de levar o Odemirense a essa final, como forma de comemorar o centenário do clube”.
Como avalia esta caminhada do Odemirense nesta época desportiva em que o clube vive também esse momento especial?
Tem sido uma época muito difícil. Temos pago a fatura da não participação na altura da covid-19, da paragem que existiu e da nossa passagem pela segunda divisão. Historicamente, todas as equipas que sobem, da segunda para a primeira divisão, têm sempre muitas dificuldades nessa adaptação e nós não fugimos à regra. A nossa ambição era fazer melhor mas, dado este contexto e o facto de o plantel ser praticamente novo, quero dizer, com muitos jogadores novos na equipa, tem tornado a época difícil e desgastante. Conseguimos ir resolvendo as coisas, não com a celeridade que queríamos e, neste momento, queremos terminar bem, porque temos uma equipa com muita qualidade. Reconhecemos ter ficado aquém daquilo que é a nossa valia em termos de coletivo, mas, como referi, houve bastantes pressupostos que motivaram esse facto.
Ficaram por sarar algumas “feridas” motivadas por aquela temporada sem competir e pela descida de divisão?
Ficou uma situação difícil, principalmente, para os jogadores, porque estiveram muito tempo parados. Depois, também aqueles jovens que iam subir para o escalão de juniores, e nós tínhamos bastantes, acabaram por transitar diretamente dos juvenis para os seniores. Faltou uma etapa ao seu percurso de formação normal, claro que isso foi transversal a todos os clubes, mas nós tivemos também a particularidade de termos que disputar o campeonato da segunda divisão. Sabemos o que se passou, contudo, já ultrapassámos isso e regressámos, tanto nós como o Milfontes, ao lugar onde devemos estar, pelo mérito que mostrámos dentro do campo, e o mais importante é que nós, Odemirense, iniciemos um processo crescente, fazendo, todos os anos, mais e melhor do que no anterior. Esta reentrada no escalão principal tem sido difícil, queremos sempre fazer melhor, embora neste ano, em termos de campeonato, só nos reste cumprir o calendário.
O Odemirense tem um historial que, nos atuais moldes competitivos, pertenceria ao lote de clubes que recorrentemente lutam pelo título?
Claro, mas isso é algo que tem de se conquistar dentro do campo. Não será pelo Sport Clube Odemirense ter 100 anos de história, e por ser um clube com grande relevância no distrito de Beja, que nos dará, por si só, a possibilidade de estarmos entre os primeiros seis classificados. Isso tem de ser conquistado com trabalho, porque todos os clubes querem lá ficar. Neste momento temos grandes clubes neste patamar, as infraestruturas no distrito de Beja são cada vez melhores, os clubes estão cada vez mais organizados, cada vez existem melhores jogadores, melhores treinadores e isso torna as coisas difíceis. Esta é uma evolução que ninguém pode parar, por isso, se queremos entrar no lote dos seis primeiros, temos de melhorar para conquistarmos isso dentro das quatro linhas.
Já se referiu à qualidade do plantel, também à sua juventude, mas também tem algumas referências como Rosalino, Perika ou Rui Sousa…
Temos a sorte de podermos contar com esses atletas que são realmente referências na nossa equipa e no futebol regional, mas temos também juventude e, sobretudo, muita qualidade. Mas é bom termos essas referências porque são um exemplo para os mais jovens. O que continua a ser muito difícil é o facto de a equipa ser muito nova. Em muitos jogos pagamos caro esse facto, porque a equipa precisa de agarrar uma dinâmica, não só de treino, mas em termos de grupo, e uma dinâmica de vitórias, e isso não se conquista de um dia para o outro. Leva tempo. No presente ano melhorámos em muitos aspetos importantes mas, olhando para a qualidade individual, achamos ter ficado aquém. Agora, o que conta é a qualidade coletiva e, nesse aspeto, de há mês e meio para cá, temos estado bem, mas passámos por períodos difíceis por falta desse conhecimento mútuo e da coesão do grupo. Faltou-nos isso para podermos fazer melhor, mas os jogadores têm trabalhado sempre com uma grande vontade e estamos bastante focados, neste momento, na meia-final da Taça Distrito de Beja, pois, neste ano de centenário, temos a hipótese de disputar uma final, embora antes tenhamos um jogo tremendamente difícil. Qualquer adversário seria difícil, temos noção das dificuldades em chegar à final, mas este é o nosso foco.
Faltam três jornadas para terminar o campeonato. Poderão reconquistar a liderança da série?
Se pudermos ficar em primeiro, não ficaremos em segundo e por aí adiante. Mas, como disse, o nosso principal foco será a final da Taça e vamos apelar a toda a nossa energia, primeiro na meia-final, com o Penedo Gordo, porque só vencendo a meia-final podemos concretizar a outra meta. Poupámos alguns jogadores no jogo em Milfontes, tinham pequenas mazelas que não os incapacitavam de jogar, mas podiam fazer perigar a sua participação na meia-final. Não arriscámos, estamos a trabalhar para esse jogo, obviamente que gostaríamos de ficar no primeiro lugar deste grupo no campeonato, mas não é a nossa prioridade. A final da Taça Distrito de Beja, sim, essa é a nossa maior ambição neste ano em que o Sport Clube Odemirense está a comemorar os 100 anos de existência.