Diário do Alentejo

Clube de Natação de Beja caminha para os 24 anos de existência

19 de março 2023 - 10:00
A nadar com valores...
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Confiança no futuro é o sentimento reinante no seio do Clube de Natação de Beja. Sustentabilidade, gestão equilibrada e um profundo reconhecimento por todos aqueles – órgãos sociais, técnicos e atletas – que conseguiram dotar o clube da qualidade que é hoje uma das suas marcas.

 

Texto Firmino Paixão

 

Pedro Maximino, atual presidente do clube, o terceiro em toda a sua existência, tem um discurso muito pragmático. Qualifica de notável o trabalho dos antecessores e reafirma a intenção de o Clube de Natação de Beja (CNB) continuar a servir a cidade e os seus concidadãos, lamentando, contudo, que os equipamentos existentes não permitam uma evolução quantitativa. Contudo, assegura: “O nosso projeto mantém os mesmos valores dos fundadores que são, basicamente, servir a cidade, os nossos meninos, ensiná-los a nadar de uma forma deliberada, saudável e respeitando os valores mais importantes do desporto”.

 

Como está o Clube de Natação de Beja?

O clube sobreviveu particularmente bem às dificuldades com que nos deparámos nos tempos mais recentes. A verdade é que todos juntos, órgãos sociais e técnicos, conseguimos manter a prática quando foi possível e, quando não o pudemos fazer, continuámos dentro das nossas limitações. Os técnicos das escolas não puderam trabalhar, mas as equipas de competição mantiveram-se ativas. A escola de natação sofreu bastante e ainda estamos a recuperar algumas dessas perdas, que demorarão algum tempo a normalizar. A pandemia foi particularmente danosa para todo o movimento associativo.

 

Continuam filiados na Associação de Natação do Algarve, uma entidade fora do vosso território?

Nós pertencíamos à Associação de Natação do Sul e fazíamos parte do movimento que, há muitos anos, pretendia uma alteração na orgânica da associação. Mas essa alteração não se deu e, nessa altura, estava a constituir-se a Associação do Algarve e, para nós, era igual estarmos no Algarve ou estarmos numa associação que estava centralizada em Évora e em que o Baixo Alentejo não estava muito representado. Depois, também os dirigentes do Algarve foram persuasivos e esforçaram-se para que nós pudéssemos ir para lá e hoje achamos que foi uma decisão acertadíssima. Para os nossos praticantes é um estímulo maior, as condições das piscinas são melhores, existe mais competitividade e, em termos financeiros, também as deslocações são menores. Foi uma boa decisão.

 

O quadro de técnicos é de reconhecida qualidade?

Temos um grupo de técnicos fabuloso. Temos pessoas que estão connosco desde a nossa fundação e que vieram da antiga secção do Despertar. Os professores mais velhos são pessoas que aprenderam com o senhor Sesimbra, com o “Tozé” e com o Eduardo, pessoas da nossa cidade que nos transmitiram aquilo que era a natação em Beja. Um grupo que depois conseguimos mesclar com pessoas mais novas e com muita qualidade.

 

O clube tem crescido em número de atletas e nas suas diferentes especialidades?

Estamos a voltar aos números de pré-pandemia. Temos cerca de 350 a 400 praticantes durante o inverno e na época de verão estimamos chegar aos 500. Um número muito interessante. No que toca à competição, aí, os nossos resultados, nos últimos anos, têm vindo a ser mais modestos, mas estamos outra vez a recuperar. Queremos colocar mais gente nos nacionais nos próximos anos e, conseguimos, pela primeira vez, ter competição de masters. Os nossos adultos já competem.

 

Mantêm algumas referências, atletas que sejam embaixadores do clube?

Temos vários. Temos os atletas da geração de 2005. Não os vou enumerar, porque são tantos os que têm feito um trabalho de projeção do clube por todo o País. E temos dois atletas muito particulares. Um que vem de Mértola, todos os dias, para estar connosco, e outro que é um jovem que recuperou de um tumor e que é um nadador de nível nacional. São pessoas fabulosas, que apostam em nós e acreditam no nosso trabalho.

 

O que distingue o Clube de Natação de Beja relativamente ao universo da modalidade nesta região?

Eu diria que não somos melhores, nem piores. O que digo, e falo pelas pessoas que fazem parte do coração do clube, é que temos uma paixão enorme pela natação e vivemos isto intensamente já há muitos anos. Mantemos um bocadinho daquela mística que veio do Despertar e é isso que nos diferencia.

 

Os equipamentos são cada vez mais curtos para o crescimento da atividade do clube…

Sim! Temos uma excelente relação com o executivo municipal e com a vereadora do pelouro, que estão sempre disponíveis para dialogar connosco. Contudo, a piscina coberta é um equipamento completamente ultrapassado. Falta-nos um tanque de aprendizagem e os balneários não estão dimensionados para o tanque. São manifestamente pequenos e mal equipados. Outro problema que temos com as instalações é que elas não são homologadas pela Federação Portuguesa de Natação. A piscina descoberta é excelente, mas, por diversos motivos, não é homologada e não podemos aqui fazer competições de nível regional e nacional, como gostaríamos.

 

Existe alguma meta que tenham traçado e que, por um ou outro motivo, não tenham conseguido concretizar?

A direção tem agora uma meta mais qualitativa. Achamos que, hoje em dia, os pais e a comunidade desportiva estão muito afastados dos clubes. Os clubes têm atividade, mas não existe um sentido de comunidade. O que queremos é aproximar os sócios e os praticantes do clube. Hoje em dia as pessoas deixam os filhos na piscina e, de preferência, fazem transferência bancária e não aparecem lá, não participam. Mas a culpa não é dos pais, é dos clubes, que devem criar momentos de ligação e de proximidade que façam com que o desporto atinja a sua expressão mais forte.

 

E no plano de crescimento ou na vertente competitiva?

O nosso objetivo, em termos de crescimento do número de meninos e de meninas, é impossível de suplantar, porque não temos piscinas para isso. Estamos completamente lotados, temos pessoas em lista de espera, que é uma coisa que odiamos. Precisávamos de um tanque de aprendizagem que nos permitisse dar resposta a essa procura e podermos treinar as competições com maior qualidade.

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