O Pavilhão de Desportos do Complexo Desportivo Dr. Justino Santos, em Odemira, acolheu a realização de um encontro de seleções regionais de andebol, sub-14 femininas. O evento foi promovido pela Associação de Andebol do Algarve/Alentejo, com o apoio da Associação de Promoção e Desenvolvimento de Desporto-Cautchú e da Câmara de Odemira.
Texto Firmino Paixão
"O primeiro objetivo destes encontros é, fundamentalmente, promover a evolução das atletas”, assegurou João Estrela, presidente da Associação de Andebol do Algarve, entidade que tutela, também, os clubes da região sul-alentejana, justificando que, “sem estas ações, nunca se conseguiria atingir determinados patamares”.
Ainda assim, anuiu à ideia: “Se é nisso que estamos empenhados e a trabalhar no terreno, é lógico que queiramos mostrar o fruto do nosso trabalho mas, a nossa maior preocupação, o maior foco, é no crescimento das atletas”.
Ao misto de andebolistas do Algarve e Alentejo juntaram-se as seleções de Santarém e de Setúbal, presumivelmente, com maior potencial do que as sulistas, no entanto, afirmou João Estrela: “Parecia que podia ser assim. Mas não foi. O que se verificou é que o trabalho que tem sido desenvolvido ao longo dos anos, aqui no Sul, nomeadamente, no Algarve e no distrito de Beja, começa a dar alguns frutos e já temos um número razoável de atletas com muita qualidade”.
O dirigente lembrou: “Neste ano estruturámos toda a orgânica e criámos três zonas de treinos zonais: uma na área de Beja, que apanha os clubes de Serpa, Cuba, Beja, Aljustrel; outro polo no sotavento algarvio; e um terceiro no barlavento. Fazemos treinos zonais, mensalmente, e depois fazemos concentrações de um dia com aqueles que achamos estarem em melhores condições naquele momento, não quer dizer que sejam sempre os mesmos, é uma avaliação ao momento. Os grupos não são fechados, estão sempre abertos a outras e outros atletas, porque, nestas idades, os miúdos e as miúdas evoluem de uma forma inesperada”.
O líder associativo acrescentou ainda que estes encontros são organizados pelas associações regionais, não têm calendário fixo pela Federação de Andebol de Portugal, entidade que apenas proporciona datas disponíveis. “Este, em Odemira, foi em linha com essa programação e contando com o precioso apoio da Associação Cautchú e do município de Odemira”.
João Estrela anunciou: “No dia 4 de março teremos as seleções masculinas em Serpa, as mesmas três seleções. Depois voltaremos a Odemira, com um torneio de quatro seleções femininas e quatro masculinas, onde contaremos com seleções de Algarve/Alentejo, Santarém, Leiria e Lisboa, e teremos a Festa do Andebol, entre 15 e 18 de junho, em Lagoa, onde contamos ter a presença de 24 seleções nacionais, em ambos os géneros”.
O dirigente garantiu que este é um trabalho ao qual querem dar continuidade. “A federação também está apostada nisso, para que o nível que o andebol atingiu a nível internacional não venha a diminuir e se mantenha dentro desse padrão ou, se possível, evolua mais”.
Sobre o acentuado défice de praticantes femininas nas diferentes modalidades, João Estrela comentou que não é muito fácil motivar as raparigas para esta modalidade. “Mas, nesta época, já atingimos alguns números entusiasmantes. O distrito de Beja já chegou à centena de atletas federadas e o Algarve ultrapassou as 300. São números que nos encorajam a continuar este trabalho ao nível do feminino, pois será aqui onde existe muita margem para crescermos”.
Estrela deixou ainda a nota de que “a federação que possui mais recursos financeiros, que é a do futebol, está a investir fortemente nesse crescimento. Se calhar, nós temos de viver no andebol com um quinquagésimo do dinheiro que o futebol possui, ainda assim, tentamos fazer o melhor possível mas, neste momento, todas as federações estão a fazer uma aposta muito forte na promoção das suas modalidades no feminino. E acho bem, porque se apregoamos em alto e bom som a igualdade de género, temos de apostar, efetivamente, nisso”.
Outra das atividades que a associação tem em mãos é o desenvolvimento do andebol adaptado, sublinhou o líder associativo: “O andebol adaptado faz parte do nosso projeto, temos até uma equipa de andebol em cadeira de rodas, no Algarve. Temos cinco núcleos a funcionar: Tavira (Fundação Irene Rolo/Vela Tavira), Olhão (Acaso/AC Olhão), a Casa do Povo de Messines, Odemira (APCO/Cautchú) e Beja (Cercibeja). Conseguimos uma empresa (EC-Travel) que nos apoia e patrocina a aquisição de umas medalhas, porque são as pequenas coisas, neste caso, que ganham uma grandeza maior, e fazemos um torneio com cinco etapas realizadas em Tavira, Odemira, Olhão, Messines e Beja”.
“Vamos fazer o que ainda não foi feito”, um lema da associação algarvia que, como se vê, tem muito trabalho já concretizado. Ainda assim, João Estrela garante que o lema tem de ser esse.
“Temos como objetivo, dentro deste ciclo olímpico, que acaba em 2024, termos oito clubes federados no distrito de Beja e 12 no Algarve. Neste momento, faltam-nos dois em Beja, mas em Vidigueira já existe trabalho e, em Castro Verde, temos necessidade de um técnico para enquadrar esse trabalho. Serão dois polos a juntar aos seis que já existem e o objetivo ficará cumprido. Se quiséssemos ficariam por aí, mas apoiando sempre os que já existem, para criarem sustentabilidade”.
Uma notável progressão no distrito de Beja, capaz de, um destes dias, reerguer a associação que já por aqui existiu. Essa possibilidade assustará o líder da associação algarvia?
“Não me assusta mesmo nada. O objetivo é desenvolver a modalidade e trazer mais miúdos para a prática do andebol. Não estou assustado e, se calhar, será um passo importante, algo que nunca deixou de ser equacionado, quer pela Associação de Andebol do Algarve, quer pela própria federação, que venham a ser de novo delegadas competências na Associação de Andebol de Beja”, concluiu.
Resultados Encontro de Seleções Regionais Sub/14 Femininas:
- Algarve/Beja-Setúbal, 37-31;
- Setúbal-Santarém, 34-25;
- Algarve/Beja-Santarém, 41-11;