Diário do Alentejo

“Os Amigos do Guadiana” já se habituaram ao galardão de “Clube do ano”

18 de fevereiro 2023 - 10:00
Um clube com prestígio
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Clube de Pesca Desportiva de Mértola “Os Amigos do Guadiana” foi distinguido pela Federação Portuguesa de Pesca Desportiva como “Clube do ano”. Foi o quarto ano consecutivo e sexto nos últimos sete anos que o clube recebeu o galardão, premiando o mérito e a dedicação.

 

Texto Firmino Paixão

 

A distinção como “Clube do ano” resulta da conjugação de vários fatores, acentuou o presidente do clube, Carlos Fernando Pereira, enumerando que entre eles estão “o número de atletas inscritos, o género dos filiados, o número de jovens na formação, a presença em competições regionais e nacionais e os resultados que todos obtêm nos diferentes campeonatos”.

 

É essa conjugação, garantiu, “que nos tem permitido sermos considerados ‘Clube do ano’, porque temos nove jovens e duas senhoras, num total de quase meia centena de atletas federados”. O modo e a forma como “Os Amigos do Guadiana” são recorrentes neste sucesso é o que revela o presidente Carlos Pereira.

 

Têm conseguido fidelizar todos esses atletas, época após época?

Claro que vamos conseguindo, mas repare que, só em inscrições de atletas, o clube gasta, por época, cerca de quatro mil euros e o facto de sermos “Clube do ano” dá-nos, apenas, um benefício de 168 euros, ou seja, não pagamos a revalidação do clube, nem a inscrição de duas senhoras, nem dos jovens até ao escalão de sub/23. Mas a nossa preocupação é filiar os atletas e tentar que eles vão a todas as provas. Nem sempre o conseguimos, alguns inscrevem-se mas, depois, por esta ou aquela razão, não vão aos campeonatos ou faltam a provas. Este ano não federei cinco atletas exatamente por não terem concluído os campeonatos, mas entraram mais três novos e vamos tentando levar o clube para a frente.

 

Como fez notar, ser “Clube do ano” não será financeiramente compensador, mas sempre prestigia e promove o clube?

Na verdade, prestigia o clube e promove o aparecimento de melhores apoios. O município de Mértola também nos concede um apoio importante para a atividade. Mas neste ano surgiu um novo clube de futebol no concelho, que é semiprofissional, valoriza e vende atletas, não sei como é que o município também apoia esse clube, atribuindo-lhe verbas que acabam por ser retiradas do apoio que se destinaria a clubes eminentemente amadores. Mas, pronto, temos de respeitar os critérios da câmara municipal, mas sei, por exemplo, que esse clube recebeu mais dinheiro do que o São Domingos e do que os outros clubes que têm atividade no Inatel. São critérios, não podemos queixar-nos, porque recebemos um apoio relevante mas, se calhar, somos o clube que apresenta melhores resultados desportivos.

 

“Os Amigos do Guadiana” desde há muito tempo que investem na área da formação e com resultados brilhantes…

É pena que mais clubes não o façam. O CAP de Viana do Alentejo e o Clube Mourense também trabalham bem nessa área, mas, hoje em dia, os jovens estão mais virados para o futebol. Em Mértola, os jovens que conseguimos atrair para a modalidade, normalmente, são filhos, ou netos, de outros atletas. É muito difícil. Se dissermos ao pai de um jovem que tem de comprar um panier por 300 euros, uma cana por 1000 euros e outros acessórios de pesca, dirá logo: “alto e para o baile”. Os clubes, muitas vezes, emprestam material, eu empresto, os pais emprestam aos filhos e vamos por aí, como outros clubes fazem. A pesca desportiva, em geral, peca por ter poucos atletas jovens, e os seniores são pessoas já numa faixa etária entre os 40 e os 60 anos. Se não entrar gente nova que promova o rejuvenescimento da modalidade a curto prazo, provavelmente, a pesca desportiva em Portugal terá os dias contados.

 

Terem o rio Guadiana a “banhar-vos os pés” tem ajudado, de alguma maneira, à manutenção do clube?

Claramente. Em Mértola, para além do rio Guadiana, temos um dos sítios mais extraordinários para a pesca desportiva, que é a barragem do Chança. Apesar de ser espanhola, é um plano de água muito técnico, bem povoado, dá para capturar barbos, carpas, bogas, será dos poucos sítios, tirando, se calhar, Penacova, onde se conseguem apanhar bogas. São dois locais extraordinários, as pessoas de Serpa, de Moura, de Beja, provavelmente, pescarão mais no Chança do que propriamente os pescadores de Mértola. Sabe que “santos da casa não fazem milagres”.

 

A vossa época foi desportivamente positiva?

Tem sido melhor noutros anos, mas não podemos dizer que foi ruim. Ao nível individual não foi tão boa como desejávamos, ao nível de clubes vencemos a Taça da Associação com três jovens atletas, um nem pescava aos achigãs, foi fazer número, mesmo assim conseguimos vencer esse troféu. Tivemos alguns pódios, tivemos um título nacional em kayak, com uma presença na seleção, tivemos outro atleta também na seleção nacional de feeder, mas temos outro problema que resulta do facto de a Federação Portuguesa de Pesca Desportiva não ter dinheiro suficiente para os atletas representarem as seleções do País. Os atletas, para irem lá fora, têm de pagar do próprio bolso. É triste, mas é verdadeiro. Os atletas da pesca desportiva têm de pagar para representar o seu país, enquanto para os outros desportos existe dinheiro a rodos.

 

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