Diário do Alentejo

Ruben Vaz não assume a candidatura do Castrense ao título de campeão

09 de outubro 2022 - 09:30
Corrigir os erros do passado
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Com os olhos postos na conquista Taça Distrito de Beja, mas sem assumir a candidatura ao título. É esta a mensagem deixada pelo treinador do FC Castrense, o jovem Rúben Vaz, 30 anos, que, na última época, conseguiu levantar dois troféus, após ter ocupado o lugar deixado vago por “Calú”.

 

Texto Firmino Paixão

 

Confiante numa boa época, é essa a convicção de Ruben Vaz. “Pelo ambiente que se vive no clube e pela forma como os nossos jogadores se entregam e dignificam o nosso emblema, só podemos estar confiantes que as coisas podem sair bem”.

 

Sobre os dois pilares da equipa, Jorginho e João Paulo, reconheceu que “são dois ativos muito importantes” no plantel. “Como este ano apostámos num grupo muito mais jovem faz todo o sentido ter essas referências. São exemplos, dentro e fora de campo, e passam muito da sua experiência aos mais novos”.

 

No último terço da época passada, quando ficou a liderar o Castrense, conquistou a Taça Distrito e a Supertaça. Este ano quer vencer o campeonato?

Não! A conquista do campeonato não é o nosso principal objetivo. Não foi isso que pedimos aos jogadores. Claro que os atletas que venceram esses dois troféus continuam cá, adquiriram mais experiência competitiva e até nós, equipa técnica temos mais competência para esses jogos decisivos, o que é sempre bom. Claramente que, nos jogos mais importantes do campeonato, também nós já estaremos mais preparados, mas o campeonato é longo, perdemos 10 jogadores, recebemos 12 novos, um plantel demora tempo a preparar e a colocar os ‘pontos nos ii’. Por isso, iremos jogo a jogo. Não nos vamos candidatar. Vamos focar-nos no trabalho semanal, preparando sempre bem o jogo seguinte, no sentido de conquistarmos os três pontos.

 

O palmarés do Castrense faz deste clube um candidato natural em todas as competições?

Nós sabemos isso e assumimos a Taça Distrito de Beja como principal objetivo, mas também temos que aprender com os erros do passado. Houve alguns. Na época passada, éramos, claramente, um candidato ao título. Cá dentro, no interior do clube, passava a mensagem que era o título que interessava. Fez-se um investimento grande e acabámos por não conseguir. Porquê? Na minha opinião, nos últimos anos, não tem sido fácil um clube passar de um 4.º, ou 5.º lugar, logo para um 1.º. Há equipas que, às vezes, o conseguem fazer. É algo espetacular, mas não é fácil. Tem que se tentar o 2.º lugar, ficar perto do 1.º com uma diferença mínima e, depois, manter os jogadores e as bases. Aí sim, podemos começar uma época a dizer que somos candidatos ao título. Mas isso requer muito trabalho, uma base bem consolidada e nós somos da opinião de que não se pode prometer muito em tão pouco tempo.

 

Venceram o Sporting de Cuba e no domingo visitarão o Despertar. O calendário foi, de alguma forma, benévolo neste início de campeonato?

Talvez, mas os calendários valem o que valem. Temos que jogar com todos. Mas todas as equipas perderam jogadores, receberam reforços e nós temos que as observar bem porque, às vezes, acontecem surpresas. O Sporting de Cuba foi uma equipa que nos criou dificuldades. É uma terra com muito bairrismo e tem um plantel com muita entrega, muita atitude. O Despertar reforçou-se muito bem esta época, tem jogadores com muitos minutos em campeonatos distritais e alguns também no Campeonato de Portugal. Vamos preparar esse jogo da melhor forma, porque o Despertar é sempre uma equipa difícil, acredito até que, este ano, ande mais nos lugares cimeiros.

 

O que espera do campeonato, com um Mineiro que é candidato tradicional e um Moura a reorganizar-se? Quem são os seus principais opositores?

O Moura iniciou bem o campeonato e eu acredito que vá andar lá por cima, mesmo que esteja a atravessar um processo de reorganização do seu plantel. O Mineiro Aljustrelense, que julgo ter sido a única equipa que se declarou candidata ao título, até por isso, fará tudo para andar pelos lugares cimeiros da tabela. Acredito muito que o Despertar também o consiga e depois o Piense, que também arrancou muito bem. O Milfontes e o Odemirense são equipas, habitualmente, competitivas, principalmente em casa. Acredito que façam um bom campeonato, porque são muito experientes na 1.ª divisão distrital. Voltaram este ano, após aquele episódio do covid-19, e acredito que andarão sempre no primeiro lote de seis classificados.

 

Já revelou que tem ambições na Taça. O primeiro foco é chegar à final?

Vamos procurar que isso aconteça. Trata-se de uma prova a eliminar, sabemos a importância desses jogos, a margem de erro é mínima, portanto, avaliaremos jogo-a-jogo. A Taça Distrito de Beja é uma prova que nos abre as portas da Taça de Portugal, uma competição que é sempre muito importante para os clubes da primeira divisão distrital.

 

Como avalia o plantel que tem à sua disposição?

Nestes curtos meses de trabalho, tem sido um plantel fantástico. Temos um grupo jovem, mas muito trabalhador, muito forte a treinar e sempre muito comprometido. Estamos satisfeitos. Na verdade, logo a seguir ao jogo da Supertaça, nós começámos a criar este plantel. Foram escolhas da equipa técnica em conjunto com o presidente. Tivemos duas a três semanas de muito trabalho, mas não me posso queixar, porque os jogadores, que nós indicámos ao presidente e à direção do clube, estão cá, vieram para junto de nós. Acreditamos que temos um grupo equilibrado.

 

Na última época, o técnico trazia uma carrinha com alguns jogadores que, por isto ou por aquilo, seriam titulares, algo que fechava um pouco a porta à prata da casa…

Na verdade, a maior perda que tivemos, nesse período, foi a do José Mestre, um jogador que estava há muito tempo connosco e que foi difícil de substituir. Mas é verdade, a saída dos jogadores que vinham do Algarve abriu, de facto, as portas a outros jogadores de Castro Verde, por exemplo, o “Dani”, que fazia pouquíssimos minutos de jogo e que está a jogar mais assiduamente. Nós damos oportunidade a mais jogadores que têm feito a sua formação no clube.

 

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