Diário do Alentejo

Rui Marques treina os Sub/19 e coordena a formação do SC Ferreirense

12 de agosto 2022 - 09:30
O foco na manutenção ...
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Rui Marques, jovem treinador, 30 anos, natural de Castro Verde é o Coordenador do Futebol de Formação do Sporting Clube Ferreirense, Mas foi, igualmente, sob a sua orientação que o clube conquistou, na época passada, o título de campeão distrital de Sub/19 da Associação de Futebol de Beja. 

 

Texto Firmino Paixão

 

Sporting Clube Ferreirense conquistou, por esse motivo, um lugar no Campeonato Nacional Sub/19 (Juniores A) que terá início no final deste mês, prova que iniciará no seu terreno, frente ao Lusitano de Évora. É o regresso a um patamar de que o Ferreirense estava há muito arredado, confirmou o treinador. “Temos que pensar que nenhum destes miúdos, que vão disputar o nacional, era nascido na última vez que o Ferreirense competiu a este nível, no escalão de juniores, na altura com um formato diferente do que é hoje”, assegurou o jovem técnico, que iniciou a sua carreira com um estágio no Vitória de Setúbal e passou pelo Despertar Sporting Clube até se fixar Ferreira do Alentejo.

 

Quais são, por tanto, as expectativas?

A primeira grande meta é mantermo-nos no nacional. Mas temos a noção de que nos espera um desafio enorme. Estamos conscientes da qualidade dos adversários que vamos defrontar e das dificuldades que os clubes do distrito de Beja, habitualmente, enfrentam nesta divisão, de que é exemplo o último clube que esteve a competir a este nível e que sofreu uma elevada média de golos por jogo. Estamos avisados para isso, tentaremos equilibrar os jogos, equilibrar os pratos da balança, sem facilitarmos o sucesso dos nossos adversários e disputando todas as partidas com o objetivo de vencer. Para isso, teremos que explorar, ao máximo, os pontos fracos dos nossos opositores.

 

 

Confia no grupo de trabalho que tem dentro do balneário? São miúdos da região?

Confio muito, mesmo, senão não estaria aqui. Confio muito neles e acho que eles também confiam em mim. E isso é fundamental. mais, com qualidades técnicas e táticas. No final deste percurso, uns continuarão no futebol, outros terão que seguir por outra via, mas bem formados em termos de cidadania.

 

 

Um grupo que tem vindo a crescer e que, na época passada, conquistou um título...

Foi um momento muito bonito para todos nós, porque conseguimos fazê-lo com miúdos que vinham desde os infantis. Sabemos que alguns miúdos ficam para trás, por vicissitudes da própria vida, mas tentamos sempre manter unido este grupo que trouxemos dos infantis, acrescentando-lhe outros jogadores com qualidade, um processo que se concluiu com o título distrital de juniores, muito importante para o clube, mas também importante para estes jovens, para mim e para aquilo que é o meu trabalho. Nunca o sentindo como uma obsessão, andávamos à procura de atingirmos um campeonato nacional.

 

 

Quando se disputa uma prova nacional é sempre mais fácil recrutar talentos…

Acho que sim, mas também quero pensar que os jogadores querem vir para o Sporting Clube Ferreirense por aquilo que tem sido o nosso trabalho e o nosso percurso nas outras épocas. Um trabalho que tem sido importante e nos permitiu estar agora no nacional. Para mim, só faria sentido competirmos no nacional, mantendo os mesmos jogadores. Conseguimo-lo, mantivemos todo o grupo da época passada, ninguém foi embora, temos os mesmos e depois acrescentámos qualidade, porque sentimos que o podíamos fazer acrescentando jogadores de segundo ano, com mais porte físico. Conseguimos trazê-los para junto de nós mas acredito que não foi apenas para virem disputar uma prova nacional, mas também pelo que o clube tem conseguido.

 

 

O clube confiou-lhe a responsabilidade de coordenar toda a formação. Qual a missão e a responsabilidade que assume com esse papel?

A missão, em primeiro lugar, é assegurar que todos os treinadores estejam bem nesta casa e tenham as melhores condições para trabalhar. Temos cerca de 200 atletas, pelo segundo ano consecutivo teremos todos os escalões, e o essencial é que todos possamos remar para o mesmo lado. Tentaremos que todos os miúdos se valorizem, que todas as equipas cresçam e que estes jovens aprendam mais e saiam daqui mais ricos enquanto atletas e como pessoas, porque quando as luzinhas deste estádio acendem, a população tem que sentir que estamos aqui a formar pessoas e não apenas jogadores. As luzes não acendem só para enfeitar, estão acesas porque aqui também se trabalha, porque o que está aqui é uma escola e acredito que, com a estrutura técnica que possuímos, teremos sucesso.

 

 

Sendo uma escola, como diz, está presente a ideia de que formador e treinador são duas coisas diferentes…

Quem trabalha na formação tem que ter as duas capacidades, treinar o jovem enquanto atleta e formá-lo enquanto ser humano e cidadão preparado para a vida fora do futebol, o que nem sempre é fácil, porque nem todos serão profissionais de futebol. É preciso uma estrelinha muito cintilante para lá chegar. São essas realidades, essas vivências para as quais temos que os despertar, ao mesmo tempo que lhes mantemos o sonho desportivo com realismo, mas capacitando-os, cada vez mais, com qualidades técnicas e táticas. No final deste percurso, uns continuarão no futebol, outros terão que seguir por outra via, mas bem formados em termos de cidadania.

 

 

Todas as equipas seguem o mesmo padrão de jogo?

Temos presente que cada treinador não pode ter a sua quinta. Não pode trabalhar apenas em função das suas ideias. Temos que olhar para aquilo que será também o futebol sénior e desenvolver uma matriz de jogo para que todas as equipas tenham um modelo comum, sem querermos, naturalmente, castrar ninguém, no sentido de não colocar as suas ideias em campo. Essas ideias podem ser colocadas, sabendo que os atletas terão que passar por diversos momentos de aprendizagem durante os quais haverá possibilidade de ir aperfeiçoando um determinado modelo, sem querermos que uma equipa de infantis tenha já o rigor tático que uma de juniores ou seniores. Seria injusto, e eu até acredito muito na diversidade. Temos jogadores da terra, mas também de Beja, de Castro Verde, de Almodôvar, de Beringel, Aljustrel, Figueira de Cavaleiros.

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