O Despertar Sporting Clube, de Beja, assume o seu projeto de seniores com qualidade e de olhos postos no futuro. Um clube com notoriedade na área da formação, quer preparar voos mais ambiciosos e prestigiantes.
Texto Firmino Paixão
“Estamos a trabalhar na criação de uma base sólida para, no momento certo, o Despertar Sporting Clube representar a cidade e o concelho de Beja nos campeonatos nacionais, o patamar onde este clube deve competir”. São afirmações do treinador bejense Hugo Felício, 45 anos, líder da equipa de seniores do clube, confiante que possui um plantel capaz de enfrentar os desafios e as exigências da época desportiva, “dificultando a tarefa dos nossos adversários e fazendo um campeonato de acordo com os pergaminhos do clube”.
O Despertar está pronto para enfrentar o campeonato que se iniciará no próximo domingo?
Temo-nos vindo a preparar. Não tivemos uma pré-época fácil, com vários jogadores que são estudantes aqui em Beja e que ainda não regressaram para o ano letivo. Temos tido também alguns atletas em férias, uma parte do nosso plantel é composta por juniores que ainda não iniciaram o seu campeonato, portanto, tem sido difícil reunir o grupo na sua totalidade mas, dentro do possível, temos vindo a trabalhar bem e pensamos estar preparados tão bem quanto possível para darmos início ao campeonato.
Passaram por várias etapas de preparação, momentos em que se pode errar para poder corrigir e melhorar rotinas de jogo…
Tentámos realizar um jogo no final de cada semana. No primeiro jogo tínhamos quatro treinos… esse foi o quinto momento de preparação, frente a uma equipa já com três semanas de trabalho, mas cumprimos o que era expectável. Na segunda semana já nos apresentámos bastante melhor, embora continuássemos bastante limitados, aliás, como ainda estamos. Mas, no último jogo, já contámos com uma parte significativa do nosso plantel e, com três semanas de treino, já nos apresentámos francamente melhor.
Os seniores são o terminal dos jogadores aqui formados que, em vez de saírem para outros emblemas, podem permanecer no seu clube de sempre?
O problema do Despertar tem sido esse. É um clube de formação, um clube que tem provas dadas em todos os escalões, mas necessita afirmar-se nos nacionais. Com os iniciados, sim, já existe realmente alguma estabilidade, mas necessita de colocar os juvenis no nacional, manter os juniores e, ao mesmo tempo, apetrechar melhor o clube e dar melhores condições aos seus atletas. Queremos crescer de uma forma sustentada, para que seja um orgulho jogar no Despertar em seniores e que não aconteça o que se tem visto nos últimos anos, que é estarmos a formar para os outros clubes do distrito aproveitarem o nosso trabalho. Então, a ideia é esta, é criar melhores condições, cimentar o lugar na I Divisão, depois crescer de forma sustentada e, a curto prazo, formarmos uma equipa para competir num campeonato que seja o adequado e mais justo para o historial do clube.
Começam a prova em Pias, recebem o Serpense e vão à Vidigueira. Um início nada fácil.
Este campeonato vai ser bastante difícil. Será um dos mais complicados dos últimos anos. Este novo modelo que, no final da primeira fase, dividirá seis clubes para cima e seis para baixo, será bastante complicado. Sabemos que existem equipas com outro poderio, clubes que fizeram uma aposta diferente em termos desportivos e com outros argumentos que nós não temos. O Despertar é um clube de formação e a nossa opção passa por aí. O importante, acima de tudo, é a aposta na formação, área onde temos dado provas em todos os escalões. A nível dos seniores tentaremos também cimentar uma posição na I Divisão, algo que é importante para consolidar algumas estruturas que têm vindo a ser conseguidas ao longo dos tempos, dar melhores condições aos atletas e, aos poucos, colocar os seniores do Despertar no patamar que merecem.
Sendo assim, o Despertar não é candidato à vitória no próximo campeonato?
O nosso principal objetivo será terminarmos a primeira fase entre os primeiros seis. Se conseguirmos, ficaremos mais tranquilos. A nossa aposta vai por aí. Para já, temos que ser competitivos e temos qualidade para isso. Temos um plantel jovem, baseado nos juniores, portanto, possuímos muita juventude, mas também temos qualidade e atletas que já têm muitos jogos em provas nacionais. Tentaremos ser competitivos em todos os momentos de jogo.
Há reforços ou a prevalece apenas a ‘cantera’ despertariana?
Temos um plantel com uma grande percentagem da nossa formação. Tivemos que dar alguns “retoques” para colmatar algumas saídas que aconteceram e que não conseguimos evitar… jogadores que eram claramente mais-valias e que não conseguimos manter, porque surgiram clubes que fazem uma aposta diferente da nossa, passaram por cá e levaram-nos dois ou três jogadores que eram influentes. Tivemos que recorrer lá fora, basicamente com alguns jogadores que vieram estudar para Beja, contando que sejam mais-valias e que se adaptem rapidamente ao que nós pretendemos.
Já assumiu que o campeonato será mais competitivo dos últimos anos…
Acho que sim, estou de acordo com este modelo competitivo. O que pode aqui criar alguma confusão será o facto de nunca terem existido tantos candidatos à subida de divisão. Não me recordo de um campeonato assim. Estamos a falar em clubes que normalmente estão nos nacionais e todos eles estão a apostar na subida, quando subirá apenas um clube. Não sei se será correto apostarem todos no mesmo ano, mas esse é um problema deles. A nossa aposta, repito, é claramente na formação. Criar as melhores condições, tornar o clube cada vez mais apetecível e com futuro num campeonato diferente deste que, atualmente, disputa.
O regresso no público aos estádios é uma boa notícia?
O público é o 12.º jogador. Tentamos que seja uma mais-valia para nós, A grande proximidade e o compromisso que existe entre a nossa formação e a equipa sénior, faz com que eu tenha a certeza de trazermos mais gente ao estádio, porque os pais, e os restantes familiares, gostam de ver os seus atletas. O importante é conseguir que os sócios sintam o maior orgulho pelo seu clube, fazermos com que todos gostem ainda mais do Despertar e que os nossos atletas também tenham orgulho em vestir esta camisola.