As candidaturas aos órgãos sociais da Associação de Futebol de Beja podem ser formalizadas até ao próximo dia 7 de dezembro, com a assembleia eleitoral marcado para o dia 22 do mesmo mês. O processo eleitoral foi aberto na última assembleia geral, que aprovou as contas e o orçamento.
Texto e Foto Firmino Paixão
O relatório e contas de 2019/2020 e o orçamento para 2020/2021 foram ratificados em assembleia geral, a que compareceram apenas cinco clubes filiados: Clube Desportivo de Beja, Despertar Sporting Clube, Sporting Clube Ferreirense, Grupo Desportivo e Cultural Salvadense e União Serpense Sport Clube. Assim, revelou José Luís Ramalho ao "Diário do Alentejo", os titulares de listas candidatas ao próximo mandato devem fazer a sua apresentação até ao próximo dia 7 de dezembro, ficando a assembleia eleitoral, desde já, marcada para 22 de dezembro entre as 18:30 e as 20:30 horas.
Não se esperava uma assembleia muito participada, mas a vida desta associação, se calhar, justifica maior proximidade dos clubes?
Essa é a maior frustração dos dirigentes, e eu falo por mim, enquanto fui presidente. Fazemos reuniões, procuramos até descentralizá-las mas, mesmo nessas, verificam-se ausências. Isso tira-nos a vontade de trabalhar. Percebemos que as pessoas têm outras atividades, têm a família, mas nós também as temos e fazemos um esforço tremendo para pôr as associações a funcionar. Infelizmente, o associativismo, neste aspeto, vive momentos difíceis. As pessoas entendem, por alguma razão, que o facto de trabalharem gratuitamente não lhes dá obrigações. Então, ou acabamos com o associativismo e tornamo-nos todos profissionais, mas isso é uma utopia, ou é impossível dar continuidade a este movimento que já vem desde o século XIX.
Na análise das contas ficaram dúvidas sem resposta, por não estarem presentes titulares dos respetivos órgãos. Não deveriam estar?
Não estou de acordo e por uma razão simples: os temas, para serem discutidos, devem estar previamente agendados para existir tempo para os tratar. Tínhamos dois pontos muito concretos, que eram a aprovação daqueles dois documentos, indispensáveis para a vida da associação. As situações da arbitragem que foram abordadas nesta reunião devem ser tratadas com o órgão próprio, porque o Conselho de Arbitragem é um órgão muito específico, tem uma autonomia quase absoluta. A direção da associação não pode, não deve, interferir na vida do Conselho de Arbitragem, apenas negoceia com ele o seu orçamento e, a partir daí, deve existir uma sã convivência entre ambos, sem qualquer interferência.
Mas essa autonomia, tão larga, não obsta a que não sejam prestadas contas aos clubes filiados?
Naturalmente que não, mas não devemos discutir assuntos de arbitragem sem que os árbitros, ou os seus representantes, estejam presentes... daí que eu pedisse aos clubes que, se acharem o assunto pertinente, se manifestem e ele será agendado para uma próxima assembleia e aí disporemos do tempo que for necessário para discutir essas questões, seguramente na presença dos dirigentes da arbitragem.
Aprovadas as contas foi aberto o processo para eleição de novos órgãos sociais …
A mesa propôs o dia 7 de dezembro como data limite para entrega das listas. Certamente que, quem pensa candidatar-se, já deve ter definido os responsáveis para os vários órgãos e este prazo é suficiente para tratarem da documentação e entregá-la na sede da Associação de Futebol de Beja (AFBeja). Esperamos que, em face da situação pandémica que estamos a viver, seja possível realizar as eleições na data prevista, 22 de dezembro, mas nós tínhamos que iniciar o processo o mais rapidamente possível, para cumprirmos o que os estatutos nos pedem, que é a realização de eleições nos primeiros ou nos últimos seis meses do ano em que se realizam os jogos olímpicos.
Será desejável que nesse ato eleitoral exista uma ampla participação dos clubes…
Espero que os clubes se interessem mais por este processo. Era desejável que as pessoas vivessem mais a associação. Os clubes não podem apenas vivê-la quando lhe pedem apoio, por isto ou por aquilo. Se existir uma sã convivência e uma participação maior, todos vivendo os problemas, será mais fácil encontrar soluções e trabalharmos com mais gosto. Quem está no associativismo sabe perfeitamente que o objetivo principal é pode ajudar, contribuir para o bem-estar do próximo, e esta mensagem, este pressuposto, parece não estar bem presente. Parece que uns, aparentemente, estão contrariados, outros acham que, não sendo remunerados, não estão para ter aborrecimentos, por isso, acho que as pessoas terão que repensar o associativismo.
A atual direção recandidata-se, mas é expectável que surja uma segunda candidatura. É saudável que surjam alternativas?
Não tenho conhecimento da existência de outras listas, no entanto, a dada altura, foram-me feitas algumas perguntas sobre o processo de apresentação de candidaturas. Eu desejo que as pessoas se mobilizem, porque é uma forma de mostrar que a AFBeja está viva e que existem pessoas interessadas. É bom que venham, é bom que o trabalho não recaia sempre sobre os mesmos. Sempre fui contra a existência de mandatos longos, por isso, o meu mandato foi curto e, desejavelmente, os estatutos deviam ter aquilo que a Federação também tem, que é o máximo de três mandatos. Não é o caso da atual direção, que irá para o seu segundo, se for reeleita. É bom que exista rotatividade e novas ideias, não podem estar sempre as mesmas pessoas porque se desmotivam, cansam-se, vão deixando de ouvir o próximo. Seria bom que viesse sangue novo e ideias novas.
Tem sido o mandatário nacional das candidaturas de Fernando Gomes. É uma âncora da AFBeja junto da FPF. Será candidato a um novo mandato?
Esse papel que me atribui é uma simpatia que agradeço. Naturalmente que a minha relação com o Dr. Fernando Gomes é uma relação de amizade que começou com empatia pessoal, há muitos anos. Não é muito frequente vermo-nos porque ele está cheio de trabalho, e estamos longe mas, quando necessário está sempre presente. O que ele puder fazer pela AFBeja fará, tenho essa certeza, e quanto a mim, naturalmente que me recandidato a manter estas funções... se os sócios assim o entenderem.