Diário do Alentejo

José Luís Prazeres regressa ao Aljustrelense com "desafio enorme"

29 de novembro 2020 - 11:10

Uma só vitória em seis jogos, e o penúltimo lugar na tabela da Série H do Campeonato de Portugal. Uma produção em nada condicente com a ambição e com os pergaminhos do Sport Clube Mineiro Aljustrelense.

 

Texto Firmino Paixão

 

Inverter esse estado de coisas é o desafio, o enorme desafio, aceite por José Luís Prazeres, confessando que o fez “por tudo o que o clube significa” para si. “Ajudou-me na pior fase da minha vida e as pessoas sabem do que falo”. O técnico, de 45 anos, diz que foi neste clube que aprendeu “a saber sofrer, a ser mais respeitador, a fazer-me respeitar e a trabalhar para conseguir aquilo que pretendia”. Tudo isto diz, fruto “da humildade e da união que existe naquela magnífica terra mineira”.

 

Foi o regresso a um balneário que tão bem conhecia e a um clube muito apetecível?

O Mineiro Aljustrelense é um grande clube. Estava muito satisfeito com as condições que me foram sempre oferecidas pelo Despertar Sporting Clube e com toda a estrutura que me foi colocada à disposição, mas regressar ao balneário do Mineiro traz-me recordações fantásticas. Sem dúvida que, a par do Moura, é o maior clube, na atualidade, no futebol do distrito de Beja, naturalmente, com todo o respeito por todos os outros. Não podia dizer que não. Este balneário dá-me muitas e boas lembranças, nós crescemos com as más, mas este, felizmente, deu-me boas.

 

Chegar ao patamar nacional era algo que o José Luís, muito legitimamente, perseguia?

Sempre disse que o meu desejo era chegar ao Real Madrid ou ao Barcelona. Uns dirão que é utópico, outros que será impossível, se calhar uma ínfima percentagem dos meus amigos dirão que sim, só para me agradarem e uma só pessoa nesse universo admitirá que isso pode acontecer. Obviamente que este era um nível que eu almejava. Não é, como se costuma dizer hoje em dia, a minha cadeira de sonho, mas treinar um dia o Mineiro Aljustrelense era um dos meus objetivos, para tentar pagar esta dívida de gratidão que tenho para com o clube.

 

E sentiu-se agora mais capacitado para assumir essa responsabilidade?

Quis começar por baixo, comecei no Inatel, num clube a quem agradeço para o resto da vida, que é o Salvadense. Fui crescendo aos poucos, vencendo etapas, e entendi que este era o momento em que devia arriscar, sobretudo numa casa que tem pessoas fantásticas, que estão a fazer tudo para me ajudarem.

 

A meta proposta é manter o clube no Campeonato de Portugal?

Sim, nesta fase pedir mais do que isso também não é fácil. Sabemos que o Mineiro, em seis jogos para o campeonato, tem uma só vitória. Se as coisas estivessem boas, e quero deixar uma palavra de apreço e um grande abraço ao José Amador, o técnico anterior, não tinha existido alteração no comando técnico. Sou ambicioso e, na primeira reunião com a direção do Mineiro, falei em subidas de divisão. Acharão uma utopia, mas eu acho que é possível o Mineiro estruturar-se para isso. Contudo, nesta fase, a manutenção é claramente o principal objetivo, acreditando que, com a capacidade que o clube possui, com a força humana que está à sua volta e o 12º segundo jogador, que muita falta está a fazer, num futuro próximo, o clube deve sonhar com outras paragens.

 

Orientou o primeiro jogo no Pinhal Novo, com uma derrota num jogo que podia ter tido outra história…

Assumimos o lugar na quinta-feira e orientámos a equipa no domingo. Teria sido fácil para mim dizer que não porque, com todo o respeito pelo Amador, não estava ali o meu trabalho. Queixamo-nos muito que 15 dias ou três semanas é curto, mas com duas unidades de treino não estava ali o meu trabalho. Pela experiência que tenho, sabia que muito dificilmente ganharia aquele jogo, sabia que se notaria alguma mudança de mentalidade, mas vim satisfeito com a atitude e entrega dos atletas. Quero uma equipa virada para a frente, sempre na procura dos três pontos, com uma mentalidade de vencedores, sempre na procura da vitória.

 

O próximo jogo será no início de dezembro. O que vai fazer de diferente até lá?

Essa paragem foi outra das coisas que me levou a aceitar o desafio. Temos tempo, eu e o Luís Carrega, para trabalharmos naquilo que entendermos que será o melhor modelo de jogo. Estamos muito satisfeitos com a atitude de todos. O retorno tem sido positivo, vemos os jogadores incansáveis na perceção dos novos métodos, e das novas ideias.

 

Notam-se algumas fragilidades defensivas, a equipa tem a pior defesa da Série H…

São questões difíceis de comentar, porque interferem um pouco com o trabalho que foi feito anteriormente. E eu não queria ir por aí. Prefiro falar do futuro. O clube tem uma equipa técnica nova, ideias diferentes, já conseguimos um novo reforço, portanto, vamos mudar um pouco o ‘chip’ do grupo e virar a equipa mais para a frente, pressionar mais em cima, com o objetivo de chegar rápido ao golo. Se o conseguirmos, estaremos mais próximo de ganhar pontos.

 

O próximo jogo será com o Amora, um dos líderes da série…

Nesta casa, aprendi que, venha quem vier, aqui quem manda é o Mineiro. Será mais um jogo tremendamente difícil, mas nunca deixaremos diminuir a nossa vontade de vencer, a nossa ambição e determinação. Um pouco à imagem daquilo que é o povo de Aljustrel, [queremos construir] uma equipa que saiba sofrer e lute corajosamente contra as adversidades.

 

Está confiante que vai ser bem-sucedido?

Estava tranquilo onde trabalhava. Deram-me tudo. Mas sempre me ensinaram que, se não formos nós a acreditar na nossa força, ninguém acredita. Estou muito confiante e por três motivos: porque conheço o clube e sei o que nos vai proporcionar; porque encontrei um grupo com imensa vontade de conquista e pela confiança que tenho em mim e no meu adjunto Luís Carrega.

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