Diário do Alentejo

Alfredo Mestre (Serpense): "Veremos se é possível a subida"

23 de julho 2020 - 18:00

O projeto desportivo mais jovem no distrito de Beja, o União Serpense Sport Clube, completou um ano no passado dia 5 de julho. Com uma época bem conseguida no segundo escalão da Associação de Futebol de Beja, o clube prepara-se, no meio das atuais incertezas, para enfrentar um maior desafio.

 

Texto Firmino Paixão

 

O presidente do clube, Alfredo Mestre, revelou ao “Diário do Alentejo” que está “muito feliz por este percurso”, confessando ter aprendido com alguns erros cometidos. Mas diz-se orgulhoso por “ter fundado um clube que me permite levar o nome da minha cidade mais além”. Depois de ter trazido o Borussia Dortmund, seu clube de coração, à região, o dirigente vai envidar esforços para que o RB Leipzig (a disputar a liga alemã) também viaje para o Alentejo

 

O União Serpense foi convidado para disputar o próximo campeonato distrital da 1ª Divisão?

Sim, quando o campeonato foi suspenso, devido à pandemia, estávamos lutando por esse objetivo que era subir ao escalão principal e, como ocupávamos o primeiro lugar da série, fomos convidados pela Associação de Futebol de Beja (AFB) para participarmos no próximo campeonato da 1ª Divisão.

 

Teria sido melhor festejar essa subida dentro de campo e com um hipotético título de campeão da 2ª Divisão?

Claro, as vitórias conseguem-se dentro das quatro linhas, mas não foi possível. No entanto, acredito que, um dia mais tarde, conseguiremos festejar um título perante os nossos adeptos.

A suspensão da atividade impediu o clube de promover e valorizar os seus atletas, que é outro dos desígnios deste projeto do União Serpense?

Nessa vertente até nos prejudicou, mas nós tivemos uma forma de trabalhar ao longo da época, que foi o facto de realizarmos jogos com equipas de outros níveis, como por exemplo o Sporting, o Fafe, o Lourosa, o Dortmund, e isso foi uma excelente forma para mostrarmos os nossos jogadores.

 

E quais as metas para a próxima temporada, agora com um novo desafio que é o escalão maior do futebol distrital?

O nosso desafio, para este ano, será um momento de aprendizagem. Queremos mandar vir jogadores com idades entre os 18 e os 22 anos, como na época passada. Vêm conhecer uma nova realidade. Teremos também jogadores portugueses que foram mal avaliados ou, outros que não tiveram espaço nos seus clubes. Uma grande parte desses jogadores vem conhecer o futebol português e terá que se adaptar à nossa realidade.

 

Existem ainda muitas incertezas quanto ao início da nova época, apesar de estar já em curso o processo de inscrições?

Face a essas incertezas, ainda não apresentámos nenhum jogador, nem temos ainda nada certo, a 100 por cento, mesmo com treinadores. Estamos num impasse em que não sabemos o que havemos de fazer.

 

Serão candidatos à vitória? Ou existem outros candidatos?

Não! Não vou enveredar por esse caminho. Somos uma equipa jovem, uma equipa diferente, vamos ter que aprender a competir nesta divisão, que tem um futebol muito aguerrido. Gostaria que fosse mais profissional, mas a vida dos jogadores não o permite. Dentro das quatro linhas, são muito aguerridos e nós vamos ter que nos adaptar a esse modelo. Começaremos com o objetivo de não descida e, lá mais para o meio do campeonato, veremos se é possível a eventual subida. Mas existem equipas fortes e treinadores experientes e com bastante valor, lembro-me, por exemplo, do técnico que esta época estará no Aldenovense, o Hugo Relíquias, um bom treinador, que muito aprecio e que seguramente tornará o seu novo clube num forte candidato.

 

O Campeonato de Portugal está no vosso horizonte?

Sim, esse é o nosso foco, mas para ser sincero e claro, porque não gosto de estar com rodeios, o objetivo do nosso projeto é chegarmos à 3ª Divisão Nacional, mas temos tempo para isso. Vamos ter que trabalhar bastante e aprender a andar no distrital, para ganharmos uma base e um conhecimento mais profundo desta realidade.

 

O plantel vai manter-se? E a estrutura técnica?

Do lote jogadores que nós tínhamos, virão só quatro ou cinco. Outros foram colocados em vários clubes, outros acabaram por desistir, porque tiveram uma má experiência aqui na nossa cidade. Foram bem recebidos pelo povo de Serpa, mas houve alguns desentendimentos com grupos de jovens, porque as noites o permitiram, o álcool acabou por potenciar essas rivalidades e então não querem regressar ao nosso País. Estamos a organizar-nos, ainda não temos decisões, está tudo ainda em cima da mesa, mas trabalharemos com outra equipa técnica.

 

E a formação, está nos vossos horizontes?

Também está em cima da mesa, para implementarmos já na próxima época. Este ano, o que se passou com a pandemia de covid-19 atrasou muito esse incremento, mas é uma prioridade que temos para a próxima época.

 

A convivência com o vizinho FC Serpa é boa? E com a comunidade local?

Pessoalmente, direi que podia ser muito melhor. Não é ruim, não temos nada contra o Serpa, dou-me bem com algumas pessoas do clube, mas podíamos ter uma relação melhor. A população de Serpa acarinhou-nos muito. Tenho que agradecer a este povo e às entidades maiores de Serpa, que gostaram muito do projeto, estão a acompanhá-lo, sendo certo que é normal existir alguma desconfiança quanto ao futuro.

 

Na época passada, trouxe o Dortmund ao Baixo Alentejo. Tem alguma surpresa preparada para este ano?

Foi um orgulho muito grande. Vivi 15 anos na Alemanha, sou muito agarrado ao Borussia Dortmund, tenho lá bons conhecimentos e sempre sonhei trazer aqui a equipa do meu coração, apesar de ser benfiquista. Trabalhei sempre no Borussia, como segurança, e fiquei muito feliz por ter trazido o meu clube à nossa região. Foi um sonho tornado realidade. Nos próximos tempos quero lá ir para fazermos dois treinos com equipas da IV Liga e farei tudo para, um dia, trazer o Leipzig a Serpa, ou a Beja.

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