A conversa passa agora para o largo da terra e quem pega no assunto é Martinho Lavado, mais conhecido por “Duque”, nado e criado em Póvoa de São Miguel. “Aqui há muita gente já com uma certa idade que não se desloca às mesas de voto e depois existem outras pessoas que estão muito saturadas da política. Que estão desiludidas e descrentes. Acho que perderam a confiança nos políticos”, sentencia. Mas acrescenta: “Para as Europeias a maioria não vota, para o governo é mais complicado e para a câmara e para a junta é quando o povo vota mais. Porque é para o concelho, porque se está mais por dentro das questões e das situações, porque se conhecem as pessoas e há uma maior vontade de ir votar”.
E rapidamente José Alvares, outro habitante da terra, diz: “Eu voto sempre, mas cada vez mais aqui as pessoas votam menos e não sei por que motivo não o fazem. Mas ninguém as pode obrigar a votar. Isto é mesmo assim. Se entenderem não votar, não votam. Eu acho, no entanto, que era importante que o fizessem. Alguns votam para a câmara, mas depois para o governo já não vão”.
“As pessoas distinguem bem os atos eleitorais, embora a taxa de abstenção seja sempre elevada. As eleições autárquicas são, sem dúvida, as mais participadas. Depois, é preciso frisar que as campanhas eleitorais, para a Assembleia da República, para o Parlamento Europeu e para Presidência da República, muitas vezes, passam à margem destas pequenas terras. E até para as eleições autárquicas é difícil, aqui, fazer-se uma ação de rua com peso, porque, de facto, em Póvoa de São Miguel, as pessoas não aderem muito. As pessoas são partidárias, como são do Benfica, do Sporting ou do Porto. Mas depois não se envolvem muito”, prossegue o autarca.
E a prová-lo estão três homens, que preferem não ser identificados, que afirmam que não votam. “Vamos votar porquê? São só mentiras”. E outro diz: “Eu não percebo nada de política e não quero”. E o terceiro remata: “Os políticos são todos iguais. Aquele mente muito e o outro ainda mente mais. Toda a gente devia ser obrigada a cumprir a jura. Fartam-se de fazer promessas, mas eu é que não vou nessa. Não voto em nenhuma das eleições. Opto por ficar calado”.
Nas últimas eleições legislativas, em Póvoa de São Miguel, o PS foi a força política vencedora, com 43,61 por cento, seguindo-se o PSD coligado com o CDS, com 37,07 por cento. A terceira força política mais votada foi o PCP coligado com o PEV, com 8,10 por cento.
No próximo dia 6 de outubro está tudo em aberto. As taxas e as contas, essas, só se farão no final. E a história que se seguirá será o resultado daquilo que o povo entender.