Ontem e hoje, Ourique está a receber o IV Congresso Luso-Espanhol de Pecuária Extensiva e Desenvolvimento Rural. Sob o tema “Caminhos para a sustentabilidade e renovação geracional”, o objetivo do encontro é, segundo a organização, “abordar os aspetos técnico-científicos e de política agrícola associados à pecuária extensiva e destacar os seus benefícios ambientais, territoriais, económicos, sociais e de renovação geracional nas zonas rurais”. Rui Garrido, presidente da ACOS – Agricultores do Sul, entidade organizadora”, considera muito importante debater-se a “pecuária extensiva em conjunto”, por considerar que “existem interesses comuns, muitas semelhanças no modo de produção, nas raças pecuárias, de um lado e de outro da fronteira”.
Realiza-se hoje, dia 15, em Ourique, o segundo e último dia do IV Congresso Luso-Espanhol de Pecuária Extensiva – Caminhos para a Sustentabilidade e Renovação Geracional. Quais os objetivos deste encontro?
Desde o primeiro congresso que entendemos que era muito útil tratarmos do assunto da pecuária extensiva em conjunto, por considerarmos que existem interesses comuns, muitas semelhanças no modo de produção, nas raças pecuárias, de um lado e de outro da fronteira. Os objetivos que deram origem ao primeiro congresso continuam atuais e é por isso que estamos em Ourique a debater a questão do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, no âmbito da pecuária extensiva. Contamos com a presença de eurodeputados e do ministro da Agricultura a encerrar o encontro. Será um grande congresso.
A organização do encontro engloba a ACOS, a União dos Agrupamentos de Defesa Sanitária do Alentejo, as Cooperativas Agroalimentares de Espanha e a Federação dos Agrupamentos de Defesa Sanitária Ganadeira, com o apoio da Câmara de Ourique, da Associação de Criadores de Porco Alentejano e da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, o IV Congresso Luso – Espanhol da Pecuária Extensiva. Qual a importância do trabalho articulado entre entidades portuguesas e espanholas?
A questão da pecuária extensiva foi sempre olhada com menos importância naquilo que são as reformas da Política Agrícola Comum (PAC). Porque este sistema extensivo é muito natural aqui, na Península Ibérica, mas muito pouco utilizado no resto dos países da União Europeia, portanto, pouco conhecido. É oportuno que haja transmissão de conhecimento entre Portugal e Espanha e que os dois países apresentem as suas propostas em conjunto, de forma a terem mais força junto da comunidade, nesta abordagem à pecuária extensiva. É, de todo, vantajoso continuarmos esta parceria.
Que medidas devem ser tomadas pelo Governo português no sentido de se poder valorizar a pecuária extensiva?
As medidas governamentais passam muito pelas ajudas que venham através da PAC, pois o setor não tem sido muito acarinhado. Nós, ACOS, há anos que vimos a alertar, desde que os períodos de seca mais se acentuaram, para a importância da criação de pequenos regadios de apoio à pecuária extensiva. Esta é uma medida fundamental, tendo em conta as alterações climáticas e a probabilidade de ocorrerem cada vez mais anos secos. Veja-se como estão as barragens do Monte da Rocha [Ourique], de Santa Clara [Odemira], de Campilhas [Santiago do Cacém], por aí fora… É importante que nesta questão, porque é necessário investimento público, haja vontade política. É importante que os nossos políticos absorvam esta ideia.
Texto José Serrano