Diário do Alentejo

“A criação de mecanismos que permitam uma avaliação e intervenção mais rápida, centradas nas necessidades individuais, é crucial para a promoção da saúde mental”

09 de novembro 2024 - 08:00
Três Perguntas a Susana Pestana, coordenadora do Programa para a Promoção da Saúde Mental no Ensino Superior do Instituto Politécnico de Beja

A propósito da disponibilização, a toda a comunidade académica, de consultas de psiquiatria disponibilizadas pelo Instituto Politécnico de Beja (IPBeja), no âmbito do Programa para a Promoção da Saúde Mental no Ensino Superior, o “Diário do Alentejo” conversou com a coordenadora do programa, Susana Pestana, sobre a importância desta valência para o IPBeja, as atividades para a promoção da saúde mental, assim como os grandes desafios que as comunidades académicas, em geral, e a comunidade do instituto, em particular, enfrentam.

 

No âmbito do Programa Para a Promoção da Saúde Mental no Ensino Superior, o Instituto Politécnico de Beja (IPBeja) disponibiliza a toda a comunidade académica consultas de psiquiatria. Qual a importância desta valência para o IPBeja?

A prestação de cuidados especializados em psiquiatria assume especial relevância, na medida em que permitirá fornecer apoio psicoterapêutico a quem procurar esta resposta diferenciadora. A criação de mecanismos que permitam uma avaliação e intervenção mais rápidas, centradas nas necessidades individuais, é crucial para a promoção da saúde mental.

 

Para além das consultas de psiquiatria, abrange este projeto atividades para a promoção da saúde mental?

Os diversos níveis de intervenção [do projeto] vão desde a promoção da saúde e da literacia em saúde mental às reações de ajustamento e adaptação e à intervenção psicoterapêutica. Pretende-se, através da criação dos serviços de Saúde Mental e Bem-Estar do IPBeja, ampliar e consolidar os mecanismos de apoio psicológico aos estudantes através da extensão do trabalho já desenvolvido pelo Gabinete de Apoio Psicopedagógico em estreita colaboração com o Healthy Campus, grupo de trabalho que intervém ao nível do domínio da saúde mental e social. Serão desenvolvidas intervenções psicoterapêuticas a nível individual e de grupo, bem como atividades enquadradas na promoção de competências socioemocionais e workshops sobre a gestão de stresse e capacidade de resiliência, métodos de estudo, gestão de tempo e prioridades.

 

Quais os grandes desafios que as comunidades académicas, em geral, e a comunidade do IPBeja, em particular, enfrentam no âmbito da saúde mental?

A transição para o ensino superior é um período que pode ser vivenciado com alguma instabilidade, já que as novas exigências poderão ser reveladoras de pobre capacidade de ajustamento e adaptação. Estas exigências podem ser enquadradas nos domínios académico, social, pessoal e vocacional, sendo que são diversos os estudos que revelam que há uma percentagem significativa [de alunos] que vivencia dificuldades de adaptação, pondo em causa a sua filosofia de compromisso e permanência no percurso académico. Por outro lado, tem havido uma massificação crescente de estudantes com características bastante heterogéneas entre si, como a classe social, a idade, a motivação, as expectativas ou um historial de diferentes percursos académicos, que poderão influenciar o seu ajustamento aos cursos, planos curriculares ou, até mesmo, aos diversos métodos de ensino. Um dos nossos maiores desafios é reconhecer que para uma adequada transição e eficaz integração no contexto académico é importante que os estudantes conheçam, antecipem e reflitam sobre um conjunto de novos desafios nesta etapa da sua vida e que conheçam o contexto, as estratégias e as diversas estruturas de suporte.

 

Texto José Serrano

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