Os maiores embaixadores do hóquei em patins do Futebol Clube Castrense são, atualmente, os miúdos e as miúdas da equipa mista de sub/13, a única do distrito de Beja que disputa o campeonato regional desse escalão, organizado pela Associação de Patinagem de Setúbal.
Texto e Foto Firmino Paixão
“O nosso objetivo é sempre formar os miúdos, não só formá-los para o hóquei, como prepará-los para a vida, de uma forma geral”, garantiu Damian Pedro, antigo jogador da equipa sénior do Castrense e treinador desta jovem equipa que, há dias, defrontou o Hóquei Clube Vasco da Gama, de Sines. O técnico garantiu mesmo: “Temos que combater essas questões dos resultados, do perder e do ganhar, pois a formação deles, enquanto atletas e pessoas, está sempre em primeiro lugar. Privilegiamos isso em detrimento do sentimento de vitória ou de derrota. Valorizamos o processo formativo e o crescimento dentro e fora do ringue”.
Nesta que foi mais uma etapa de formação em competição, um processo normal nestas idades, o Castrense sentiu naturais dificuldades perante o segundo classificado do campeonato regional e o resultado foi-lhe desfavorável (0-7). Damian Pedro assumiu: “Sabíamos que não seria um jogo fácil. Porém, na primeira parte, a equipa esteve mais concentrada e conseguiu contrariar a maior qualidade da equipa adversária.
No segundo período o cansaço dos nossos atletas e das nossas atletas, pois temos uma equipa mista, já não ajudou. Mas, no cômputo geral, estiveram bem”. Pouca eficácia na finalização, sobretudo, no período inicial.
“Na verdade, houve momentos em que decidimos mal e não conseguimos marcar, mas o Vasco da Gama possui um excelente guarda-redes, e isso também não permitiu que o Castrense tivesse eficácia na finalização”, admitiu o treinador, passando, desde logo, a avaliar o percurso da equipa no atual campeonato, onde ocupa o sétimo e penúltimo lugar. “O campeonato é muito difícil. Já na época passada competimos nesta prova organizada pela Associação de Patinagem de Setúbal.
Existem mais equipas, mais jogadores e isso potencia a competitividade. Comparando a nossa prestação do ano passado com aquilo que temos feito neste ano, acho que tivemos uma boa evolução. Mas até atingirmos o escalão de seniores ainda temos muito que evoluir, temos um longo caminho para percorrer.
Por isso temos é que avaliar e corrigir tudo o que fazemos mal para começarmos a fazer melhor. É esse o processo de aprendizagem”.
Mas, insistimos na ideia de que formar sobre vitórias é sempre mais motivador do que fazê-lo sobre derrotas, ainda que, Damian já o referiu, não valorize muito os resultados. “Já conseguimos duas vitórias. Uma em casa, com o Azeitonense, a segunda no ringue do Boliqueime onde fizemos, de facto, um bom jogo de hóquei em patins. Um jogo em que os nossos guarda-redes também fizeram a diferença. Depois, tivemos sorte na finalização mas, acima de tudo, devo dizer que fizemos um grande jogo”.
O Castrense, clube com tradição na modalidade, tem, atualmente, quatro escalões, todos na área da formação. Será o quadro possível para um clube com história no hóquei patinado? “Sim”, anuiu. “Temos a iniciação, bâmbis, benjamins e infantis. Este é realmente o quadro possível. Nos últimos anos, eu e os meus colegas treinadores das restantes equipas temos vindo a trabalhar muito na iniciação, para que, no futuro, possamos ter mais jogadores
É aí que tudo começa, é a partir daí que se constrói o futuro, e nós queremos manter o hóquei em patins em Castro Verde.
No passado tínhamos apenas o António dos Anjos e o Luís Cavaco a treinar todos os escalões, aliás, é só pela dedicação e pela persistência deles que tudo isto ainda se mantém, mas a atividade foi diminuindo e agora estamos a trabalhar para que o hóquei em patins continue a ser grande, quer em Castro Verde, quer no Baixo Alentejo”.
O recrutamento não é fácil, os jovens têm atualmente outros apelos, mas os pais, esses, são fundamentais para que a modalidade ainda esteja viva, garantiu o técnico. “Temos uma equipa de pais fantástica.
Para além dos treinadores, contamos com os pais dos atletas, pessoas que fazem de dirigentes, delegados, enfermeiros, acompanham-nos para todo o lado, ajudam-nos em tudo o que é preciso, um apoio que é fundamental. Sem eles não seria possível. Dificilmente se manteria este processo ativo”.
O facto de competirem nos campeonatos regionais onera as deslocações, é assim com os sub/13 do Futebol Clube Castrense como é com os sub/15 do Clube de Patinagem de Beja, os únicos clubes do distrito com atividade na modalidade. Porém, a competirem com equipas mais fortes os jovens hoquistas alentejanos evoluem com mais qualidade e isso é, sem dúvida, um benefício, concordou Damian Pedro.
“Sim, é com os melhores que se aprende, é a competir com equipas mais fortes que se evolui.
E isso nota-se nas seleções regionais, em que temos tido alguns jogadores que fazem alguma diferença. Não tanto em termos individuais, mas como coletivo. O Castrense tem tido cinco atletas na seleção sub/13, temos esses talentos, são atletas que trabalham para isso.
Sem trabalho nada se consegue e eles, juntando o amor pela modalidade à disponibilidade para trabalharem, conseguem esse sucesso, que é tão importante como vencer um jogo.
A chamada às seleções é sempre um fator de motivação para os jogadores”, fez notar. Seja como for, ficou a garantia de que a modalidade continuará viva nesse “santuário” do hóquei em patins que é o Pavilhão Municipal António dos Anjos, em Castro Verde.