Diário do Alentejo

Júlio Azevedo, presidente do Vasco da Gama, faz uma projeção do futuro

21 de maio 2023 - 09:30
"A mola real é o dinheiro"
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O presidente do Clube de Futebol Vasco da Gama, o empresário e antigo jogador Júlio Azevedo, mantém a sua disponibilidade para  continuar como timoneiro daquela nau e avançou, também, com a disponibilidade do treinador Ricardo Vargas para dar seguimento a este projecto de manutenção do clube da Vila dos Gamas no Campeonato de Portugal.

 

Texto Firmino Paixão

 

Ao Vasco da Gama e ao Futebol Clube de Serpa juntar-se-á, na próxima época desportiva, um terceiro clube do distrito a competir no Campeonato de Portugal. Será muito favorável em termos de custos com as deslocações, mas, avisou Júlio Azevedo: “Terá um fator negativo que será o aumento da dificuldade no recrutamento de atletas da ‘prata da casa’, uma vez que a concorrência será muita e o filão não é abundante”.

 

O líder do clube de Vidigueira sublinhou que o sucesso da época passada se deveu ao forte empenho de todos os que estavam comprometidos com o clube, inclusive os adeptos, e alerta para a necessidades de as entidades locais reforçarem o seu apoio ao clube, no sentido de lhe dar maior sustentabilidade financeira que permita fazer uma época mais tranquila do que a anterior, em que a manutenção foi conseguida, apenas, no último jogo nos Açores.

 

Foi uma época difícil, mas bem-sucedida?

Sim, claro, até porque nunca assumimos outro objetivo que não fosse o de premiar a equipa que tinha conseguido o título distrital e a subida de divisão e conseguimos, efectivamente, acrescentar a manutenção, pela primeira vez, num campeonato nacional. Foi uma novidade que conseguimos, em simultâneo com aquilo que pretendíamos que era, de facto, premiar os atletas, os técnicos e os dirigentes que ao longo do tempo trabalharam para que isso fosse uma realidade. Não tínhamos objetivos ambiciosos no princípio, nem existia compromisso com os jogadores, mas, claro, o grupo era forte, o balneário estava unido e o resultado não poderia ser diferente. Tínhamos um grupo muito unido, que trabalhou muito, o sucesso estava sempre ancorado àquilo que era o pensamento deles. Com tanta força de vontade, com o trabalho de uma equipa diretiva que também se empenhou muto, as coisas resultaram e conseguimos a permanência naquele último jogo, mas foi uma época de muito sofrimento.

 

Sempre com a ameaça da despromoção, mas acreditando que seria possível a manutenção?

Esse objetivo esteve sempre subjacente ao pensamento da equipa, caso contrário não existiria ambição. Se não existir ambição não se conseguem resultados. Quem trabalha, quem é ambicioso, até pode não conseguir mas, pelo menos, tentou, e o melhor prémio desse esforço, dessa dedicação e ambição foi a manutenção do clube no Campeonato de Portugal. O bom início de campeonato fez com que a equipa acreditasse. Concluímos a primeira volta sempre acima da linha de água, acho que só baixámos uma jornada e esse estímulo criou a rotina de ganhar, mas o sucesso resultou, essencialmente, da ambição do plantel e da equipa técnica. O nosso papel foi dar-lhes as condições para que pudessem desenvolver aquilo que melhor sabem fazer que é jogar futebol.

 

Seguramente também com o importante apoio da massa associativa…

Foi determinante, esse apoio foi mesmo fundamental. Conseguimos ativar 80 novos sócios e recuperar alguns que estavam um pouco afastados do clube. Tudo isso fez com que nós fossemos acreditando, porque sentimos que a terra estava connosco e os sócios também nos acarinhavam. O que virá, daqui para a frente, não sabemos, dependerá muito dos nossos patrocinadores, da nossa autarquia, da vontade dos jogadores em permanecerem connosco. Há um conjunto muito diversificado de fatores que fará depender o que será o futuro do clube.

 

E quais são as novidades para a próxima época?

O compromisso que assumimos foi até final desta época. Teremos, no final deste mês, uma reunião de confraternização e convívio, durante as Festas de Nossa Senhora das Relíquias, aliás, a exemplo dos últimos anos, somos nós a comissão de festas, e aproveitaremos esse momento para juntar o grupo e fazermos os contactos com o mister e com os jogadores, pelo menos, com aqueles que, costumo dizer, são a locomotiva. Sei que todos têm vontade de ficar, mas sabemos que alguns estão comprometidos com empresários e outros terão a ambição de melhorar o seu futuro, até porque temos um plantel bastante jovem, que dá vitalidade ao grupo e ao clube. Não podemos impedi-los de seguirem o caminho que entenderam ser melhor para eles, portanto, tudo dependerá do suporte que tivermos à nossa retaguarda, para nos garantir a logística e as condições financeiras que nos permitam dar continuidade a este projeto. Conseguindo conjugar tudo isso, não serei eu nem a minha equipa diretiva que deixaremos de estar disponíveis. O mister, também sabemos que está, e, entre os jogadores, ainda ninguém nos disse que não, portanto, falta apenas garantir “aquilo com que se compram os melões”.

 

O clube está estável e os apoios hão de surgir porque o Vasco da Gama é um bom “embaixador” do concelho?

Não tem sido fácil. Acabámos a época com o “credo na boca”, com duas viagens aos Açores, uma segunda inesperada, quando tínhamos previsto só um custo. Mas se as entidades não nos apoiarem não será fácil mantermos este percurso. O Campeonato de Portugal tem muitas exigências em termos de deslocações e de logística. Não sei se este ano virão para esta série as equipas da Madeira. Se o Lusitano não subir, mas eu espero que consiga, teremos seis equipas alentejanas nesta série. Espero que, entre as equipas do distrital, alguma assuma a promoção, porque andam por aí conversas que este ou aquele clube não quer assumir.

 

Terão de reforçar a equipa para evitarem sobressaltos…

Quando aceitamos qualquer desafio, o nosso pensamento é sempre para fazermos melhor. O empenho está cá, a vontade também, o resto dependerá da forma como nos sentirmos apoiados. O clube tem uma boa estrutura, tem força, tem pessoas interessadas e, acima de tudo, muita gente envolvida e muito comprometida com o Vasco da Gama. A mola real é o dinheiro, mas estamos confiantes e motivados.

Comentários