Diário do Alentejo

Aurora Rodrigues: 25 de Abril, ainda a esperança

30 de abril 2020 - 16:00

Magistrada jubilada do Ministério Público, Aurora Rodrigues publicou na edição em papel do "Diário do Alentejo" um artigo de opinião sobre o 25 de Abril, no qual nos dá a conhecer memórias do tempo em que esteve presa e foi submetida a tortura pela PIDE.

 

"Privada de todos os contactos físicos, as visitas que tive, quando estava no reduto norte do Forte eram feitas com um vidro a separar-nos a toda a largura e altura do cubículo onde as visitas decorriam, com dois pides a assistir. No reduto sul, onde ficavam as celas de tortura, tocavam-me os pides quando me batiam, me empurravam e me asfixiavam. As memórias que trago aqui acompanham-me, ficaram mais vivas agora e dão sentido ao presente e marcam bem a diferença que, apesar de todas as incompletudes, há entre ditadura e democracia que o 25 de Abril de 1974 separa". 

 

Nascida em 20 de janeiro de 1952, em Vale da Azinheira, Minas de São Domingos, filha de um anarco-sindicalista, Aurora Rodrigues passou a juventude em Castro Verde, matriculou-se na Faculdade de Direito de Lisboa, em 1969/70, com 17 anos. Abordada pelo PCP, preferiu colaborar com o MRPP, pois considerava este movimento mais abertamente contra a guerra colonial, mas só aderiu formalmente depois de ver de perto o também estudante Ribeiro dos Santos ser assassinado pela PIDE. Foi presa a 3 de maio de 1973, nas traseiras da Faculdade de Letras, após um meeting de estudantes, e levada para Caxias, onde iria ser, do princípio ao fim, mantida em regime de rigoroso isolamento.

 

A PIDE submeteu-a a longos períodos de tortura do sono, acompanhada de espancamentos bastante violentos, para além de toda a espécie de vexames e ameaças, que faziam parte da técnica da PIDE/DGS para coagir os presos a "colaborar". Foi libertada ao fim de três meses, sem acusação, sem ir a julgamento, sem lhe ser permitido contacto com um advogado. É magistrada jubilada do Ministério Público.

 

O texto integral já pode ser lido na edição digital do Diário do Alentejo.

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