Diário do Alentejo

Edição da Confraria do Cante Alentejano, é apresentada no domingo, 22, às 16:30 horas, na Casa do Cante, em Serpa, o CD-livro Cante ao Menino – Janeiras – Reis, do concelho de Serpa, com 18 temas tradicionais, interpretados por uma dezena de grupos corais de Serpa, Pias, Vale de Vargo, Vila Nova de S. Bento, Vila verde de Ficalho e Brinches. Armando Torrão, membro da direção da confraria, é responsável pela coordenação, textos e transcrições musicais, sendo a gravação e masterização da autoria de Hugo Bentes.

Texto Carlos Lopes Pereira

“Há para aí muitas pautas, mas cante alentejano documentado há muito pouco, ou seja, faltam pautas musicais para o cante alentejano. Nós estamos, precisamente, a documentar o cante”, afirma Armando Torrão, membro da direção da Confraria do Cante Alentejano, com sede em Serpa. Principal responsável pela edição do novo CD-livro Cante ao Menino – Janeiras – Reis, do concelho de Serpa, que será lançado no próximo domingo, 22, em Serpa, Armando Torrão conta ao “Diário do Alentejo”: “Nós editámos uma coletânea do concelho de Serpa, depois editámos em 2018 o Cancioneiro: modas populares do concelho de Serpa e agora vamos lançar este CD-livro. Fizemos questão, no Cancioneiro, como ponto de partida, de reeditar em CD as “Modas Populares do Concelho de Serpa”, recolhidas por Michel Giacometti e Fernando LopesGraça, uma gravação de 1982, em cassete, promovida pela Câmara Municipal de Serpa e pela Comissão Municipal e Turismo”.

Agora, no cante da quadra natalícia, “seguimos o mesmo método: são temas que não estavam gravados ainda, com exceção de dois. Fomos aos locais de ensaio, com todo o equipamento, gravámos e fizemos as transcrições para pautas musicais, com a intenção de documentar o cante, fazendo a sua contextualização, publicando as fotografias possíveis”.

No texto introdutório do novo CD-livro, Armando Torrão lembra que a Confraria do Cante Alentejano tem promovido desde 2008 os seus Concertos de Natal, com o objetivo de divulgar os repertórios desta quadra existentes no concelho de Serpa. E explica: “Embora se trate de uma temática que é transversal a todas as regiões do País, neste concelho e em grande parte do Alentejo assume uma prática exclusivamente coral, com grande diversidade de interpretações. Algumas são composições recentes e não estão vinculadas a repertórios locais. Outras são exclusivas de determinadas povoações, possuem estruturas absolutamente modais, indicadoras de que foram adaptações da lírica popular a melodias da liturgia cristã”.

Tendo em algumas localidades estes repertórios caído em desuso, Armando Torrão realça que se deve aos grupos corais “a recuperação desta ancestral riqueza musical”. Pelo que, escreve, “atualmente, em todo o concelho de Serpa, há apresentações devidamente programadas nas igrejas, auditórios ou simplesmente pelas ruas, dando continuidade a tradições com dois séculos de existência”.

O livro que acompanha o CD tem 60 páginas. Abre com uma introdução de Armando Torrão e inclui a transcrição dos artigos “Natal, Ano-Bom e Reis”, de Manuel Dias Nunes, na revista “A Tradição”, de finais do século XIX, e “As Janeiras – memórias e narrativas alentejanas”, de Brito Camacho (1862- 1934), com as letras e as pautas musicais de composições ao Deus Menino e sobre as Janeiras e os Reis. E inclui, ainda, as letras e pautas musicais de 18 temas interpretados por uma dezena de grupos corais do concelho de Serpa e cantadeiras da paróquia de Briches.

Ficam os nomes dos grupos corais participantes: Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa; Grupo Coral Os Camponeses de Pias; Grupo Coral As Ceifeiras de Pias; Rancho Coral e Etnográfico de Vila Nova de S. Bento; Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de S. Bento; Grupo Coral Feminino Madrigal, de Vila Nova de S. Bento; Grupo Coral Feminino As Papoilas do Enxoé, de Vale de Vargo; Grupo Coral Os Camponeses, de Vale de Vargo; Grupo Coral os Arraianos, de Vila Verde de Ficalho; e cantadeiras da paróquia de Brinches.

A edição do CD-livro é da Confraria do Cante Alentejano, a coordenação, recolha de textos e transcrições musicais foram feitas por Armando Torrão e a gravação e masterização são de Hugo Bentes. A Câmara Municipal de Serpa, a União de Freguesias de Serpa – Salvador e S. João Baptista e a Musibéria apoiaram.