Diário do Alentejo

ASPIG denuncia "graves carências" de efetivos na GNR

02 de dezembro 2019 - 15:35

Texto Carlos Lopes Pereira

 

A Associação do Profissionais da Guarda (APG/GNR) alertou o Governo para “a grave carência de efetivo existente, que tende a agravar-se com o número previsto de passagens à reserva”. Carência essa que, segundo a associação, obriga muitos locais de serviço da GNR “a trabalhar no limite do aceitável e que só poderia ser suprida com o ingresso de mais de 1000 elementos anuais durante a presente legislatura”.

 

Em comunicado da sua direção nacional, a APG/GNR dá conta que, numa reunião com o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, em Lisboa, foi manifestada pelo governante a intenção de iniciar “em breve” uma negociação com a associação. Entre as matérias a discutir está a revisão da Lei de Infraestruturas e Equipamentos do Ministério da Administração Interna 2021/2015, “no sentido de corresponder às necessidades existentes”, bem como a revisão do sistema remuneratório e a atualização dos suplementos na GNR. O pagamento de retroativos referentes a suplementos, a implementação de medidas na área da saúde e da segurança no trabalho e a contabilização integral do tempo de congelamento das carreiras são outras questões incluídas na agenda das negociações.

 

Entretanto, a Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (Aspig/GNR) divulgou na terça-feira, 26, um comunicado informando que os seus dirigentes reuniram-se nesse dia com o ministro da Administração Interna, tendo-lhe apresentado “um conjunto de matérias que preocupam os militares da Guarda”. A Aspig lamenta que o balanço final da reunião, “no que concerne à imediata e concreta resolução dos problemas”, tenha sido “zero”, “nada”, “mãos a abanar”.

 

Em Beja, um dos dirigentes da Aspig, José Alho, confirmou ao “DA” que a “falta de pessoal” é o principal problema da Guarda e revelou números: “O quadro da GNR está incompleto, prevê 27 mil efetivos e tem 22 mil”. Afirma que “já há cinco anos” a sua associação denunciava a carência de pessoal. “Muitos efetivos são retirados das patrulhas e não são substituídos, vão para serviços especiais, de muita utilidade também, é certo, como a Escola Segura, o apoio aos idosos isolados, a fiscalização ambiental ou o combate a incêndios e outras calamidades”, especifica.

 

As carreiras (“da classe dos guardas, porque da classe dos oficiais a história é outra”); a falta de viaturas e o seu envelhecimento (“há viaturas com 500 mil quilómetros”); as más condições das instalações; e a falta de material de distribuição individual (coletes, refletores, algemas) são outros exemplos dos problemas na GNR. José Alho considera que a manifestação do dia 21, em Lisboa, de agentes da PSP e da GNR, pretendeu “alertar” Governo e população para a “preocupante falta de meios humanos e materiais das forças de segurança”.

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