A joia da coroa da exposição é, sem dúvida, o exemplar da primeira edição (1669) das cartas adquirida por Leonel Borrela. No entanto, o acervo do Museu Regional de Beja disponibiliza ao público 80 edições de todo o mundo, desde o século XVII ao século XX. E alguns bem curiosos.
Se ao tempo da primeira edição a autoria, e a ligação à cidade de Beja, ainda era desconhecida, em 1810, o abade Boissonade, numa edição por ele produzida, fez a primeira referência a Mariana Alcoforado e a Beja. Depois disso, não mais Beja e Mariana deixaram de andar juntas, e as suas cartas de influenciar várias gerações de poetas, pintores, dramaturgos, filósofos, cineastas.
Reiner Maria Rilke dizia que este amor “era grande demais para um só ser”; Eugénio de Andrade e Pedro Tamen fizeram as suas próprias traduções (todas do original francês); Júlio Dantas dramatizou a história; e até Humberto Delgado, em 1964, oito anos depois de ter tido a intenção de demitir Salazar, editou uma versão das Cartas Portuguesas.
No espaço dedicado a Leonel Borrela, artista, historiador, investigador e, acima de tudo, um apaixonado pela obra de Mariana Alcoforado, para além do espólio pessoal que tem a ver com a autora, é possível revisitar um pouco da sua vida através de uma coleção de fotografias cedidas pela família.
Importante, e a ser em breve editado em livro, é a coleção de crónicas publicadas no “Diário do Alentejo” sob o título de “Iconografia Pacense”: uma memória única da cidade feita por esse bejense de coração.