Diário do Alentejo

Saúde mental: equipa da Ulsba tem dos “melhores resultados” do País

17 de outubro 2025 - 20:00
Região tem ao serviço duas equipas para adultos, uma delas dedicada à psiquiatria geriátrica, e uma terceira para crianças e jovens
Ilustração| Susa Monteiro/ArquivoIlustração| Susa Monteiro/Arquivo

No âmbito do Dia Internacional da Saúde Mental, assinalado no passado dia 10, uma das equipas comunitárias de saúde mental para adultos da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba) foi uma das cinco avaliadas, a nível nacional, pela Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental. Segundo Ana Matos Pires, diretora do departamento de Saúde Mental da Ulsba, a sua equipa obteve “dos melhores resultados individualmente”, sendo, por isso, o balanço “positivo” em termos de “resposta clínica, integração e qualidade de cuidados e aumento da acessibilidade aos mesmos”.

 

Texto | Ana Filipa Sousa de Sousa

 

Uma das equipas comunitárias de saúde mental para adultos (ECFM-PA) da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba), criada no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), foi uma das cinco, a nível nacional, avaliadas no estudo económico da Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental, obtendo “dos melhores resultados individualmente”.Segundo a diretora do departamento de Saúde Mental da Ulsba, Ana Matos Pires, em declarações ao “Diário do Alentejo”, esta avaliação reconhece o “balanço positivo”, em termos “de resposta clínica, integração e qualidade de cuidados e aumento da acessibilidade aos mesmos” desenvolvido no Baixo Alentejo.“A nossa prática e resultados estão em linha com o que é defendido internacionalmente em termos de organização de serviços, nomeadamente, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pela atual reforma da saúde mental em curso no País e com os dados apresentados no Dia Mundial da Saúde Mental, em Lisboa, na presença da ministra da Saúde”, frisou.Na Ulsba, o ambulatório do serviço de Psiquiatria e da Unidade Funcional de Psiquiatria e da Adolescência (UPIA) está “setorizado” e organizado em três equipas – duas destinadas à população adulta (ECFM-PA), sendo uma delas um “braço” especializado em geriatria, e uma dirigida a crianças e jovens.Segundo a também coordenadora regional da saúde mental do Alentejo, estas equipas multidisciplinares têm como intuito “assegurar, em registo contínuo, todas as funções necessárias num nível de atendimento especializado e diferenciados”, nomeadamente, no que diz respeito a avaliações de necessidades, diagnósticos, consultas, intervenções terapêuticas, visitas domiciliárias e intervenções de reabilitação, sendo o seu papel preponderante na “recuperação global da pessoa com doença mental”.“O objetivo deste tipo de organização das respostas ambulatórias é essencialmente promover uma melhor e mais adequada resposta a diferentes níveis, em particular na promoção da saúde mental, prevenção da doença, diagnóstico mais célere, intervenção terapêutica mais precoce e adequada a cada caso, quer em termos farmacológicos quer não farmacológicos”, refere Ana Matos Pires.Conforme explica, estas equipas são constituídas por médicos com a especialidade de psiquiatria e/ou psiquiatria da infância e adolescência, enfermeiros especialistas em saúde mental e psiquiatria, psicólogos clínicos, terapeutas ocupacionais e assistentes técnicos. Tendo em conta o estudo, que está em revisão para publicação, a nível nacional, em 2022, registou-se uma redução de 28,4 por cento do número de internamentos, de 26 por cento nos dias de internamento e de 28,4 por cento nos reinternamentos de doentes. Paralelamente, os dados obtidos permitem também perceber que em termos económicos o retorno estimado “foi de 12,90 euros por cada euro investido em 2022” e “14,50 euros em 2023”, ou seja, estas cinco equipas avaliadas pouparam ao Estado “2,3 milhões de euros” por ano.Este valor, segundo o documento, é “suficiente para financiar entre 11 a 13 novas equipas”. Ao nível do impacto ambiental, a intervenção das equipas comunitárias possibilitou poupar entre 25 a 34 toneladas de resíduos hospitalares por ano, o que se traduz em seis a oito quilos de resíduos por cama diariamente. O estudo prévio foi apresentado no passado dia 10, a propósito do Dia Internacional da Saúde Mental, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, com a presença do coordenador nacional das políticas de saúde mental, Miguel Xavier, e da ministra da Saúde, Ana Paula Martins.

 

Baixo Alentejo tem “carência significativa” de pedopsiquiatrasSegundo Ana Matos Pires, comparativamente com “um passado recente”, a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba) apresenta um aumento “significativo” no número de profissionais na área da saúde mental, porém, há “uma carência significativa de pedopsiquiatras”. Neste âmbito, conforme clarifica a diretora do Departamento de Saúde Mental da Ulsba, existe apenas “uma pedopsiquiatra para toda a área de abrangência”, o que é “uma preocupação”. “Em resumo, diria que a carência de profissionais melhorou, mas não está, ainda, completamente ultrapassada, sobretudo, em termos médicos e de serviço social”.

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