Com seis percursos pedestres e um trajeto clicável que interliga os concelhos de Aljustrel, Almodôvar, Castro Verde, Mértola, Serpa, Grândola e Santiago do Cacém, a “Rede de Percursos na Faixa Piritosa Ibérica em Portugal” assume-se como um projeto de valorização e dinamização do “passado-recente” dos territórios geomineiros.
Texto | Ana Filipa Sousa de SousaFoto | Ricardo Zambujo
Com o intuito de “pôr em valor a Faixa Piritosa Ibérica e o valiosíssimo património geomineiro que a integra” a Esdime – Agência para o Desenvolvimento Local no Alentejo Sudoeste levou a cabo o projeto “Rede de Percursos na Faixa Piritosa Ibérica em Portugal”, uma iniciativa que permitiu “estudar, definir, implementar e comunicar” percursos existentes em seis concelhos.
“A nossa proposta, que também derivou do estudo da Faixa Piritosa Ibérica, acabou por não ser criar novos percursos, mas antes intervir, valorizar e interpretar seis percursos pedestres que já existiam no território, dando-lhe uma camada de interpretação e de valorização ligada ao património geomineiro”, começa por explicar ao “Diário do Alentejo” (“DA”) a chefe de fila da iniciativa, Isabel Benedito.
Pensada inicialmente para ser uma rota “transnacional”, o projeto teve de sofrer alterações face a falta de estruturação de valorização existente em Portugal e uma adaptação de percursos, nomeadamente, no trajeto de canoagem no rio Chança, que banha os concelhos de Serpa e Mértola. “Acabámos por verificar que não havia condições de navegabilidade da água, e, por isso, teve de se deixar cair este percurso de canoagem”, clarifica.
Ainda assim, segundo Isabel Benedito, a juntar aos seis percursos pedestres está também um trajeto clicável “de mais de 320 quilómetros” que interliga os concelhos de Aljustrel, Almodôvar, Castro Verde, Mértola, Serpa, Grândola e Santiago do Cacém e que é considerado “o ex-líbris” da iniciativa “dada a sua extensão e valorização”.
A “Rede de Percursos na Faixa Piritosa Ibérica em Portugal”, para além do grupo de ação local (GAL) da Esdime, envolve ainda os GAL da Associação de Desenvolvimento do Litoral Alentejano (ADL), do Alentejo XXI – Associação de Desenvolvimento Integrado do Meio Rural, da Rota do Guadiana – Associação de Desenvolvimento Integrado e da Associação Terras do Baixo Alentejo.
Para a também coordenadora do GAL da Esdime, outro dos pontos essenciais da rede é a “questão do storytelling”, ou seja, a arte de se contar uma história e transmitir uma mensagem de forma apelativa para captar o interesse dos turistas, através “da memória destas comunidades” e dos ofícios ligados a elas.
Paralelamente, a rede permite ainda que se “descubra” os diferentes concelhos ao nível patrimonial, cultural e “de vivência em comunidade”, assim como a sua restauração e alojamentos. “Por exemplo, em Grândola onde existe o Museu de Ciência Viva e a Galeria Waldemar, em Aljustrel com o Parque Mineiro, em Mértola que tem uma camada de interpretação extremamente interessante ligada ao riquíssimo património arqueológico ou em Castro Verde com a Reserva da Biosfera.
Portanto, temos uma oferta que permite também que as pessoas descubram aquilo que estas comunidades e esses concelhos têm a oferecer”, admite Isabel Benedito.
Embora numa fase embrionária, a coordenadora do GAL reconhece que o projeto “representa um investimento que é estratégico” para o desenvolvimento sustentável da região, sendo um potencial motor de promoção do turismo, de valorização do património e de impulso da economia local.
Para Isabel Benedito, apesar dos grupos de ação local terem sido os impulsionadores da rede, esta está agora nas mãos dos municípios e da Entidade Regional de Turismo, uma vez que são eles que darão continuidade ao projeto e que, consequentemente, beneficiarão com ele. “Neste momento, são esses intervenientes que estão a agarrá-lo”, conclui.