Diário do Alentejo

“Gostaríamos que este nosso novo espaço fosse uma âncora de práticas culturais diversas (...) incluímos as mais próximas do património imaterial local”

02 de agosto 2025 - 08:00
Três Perguntas a Cristina Taquelim, membro da Cooperativa Cultural Chão Nosso

A propósito da recente abertura de um espaço em Beringel da Cooperativa Chão Nosso, o “Diário do Alentejo” conversou com Cristina Taquelim, membro da associação, sobre as valências a que se propõe este equipamento, a importância da articulação criativa enquanto espaço de confraternização artística entre jovens artistas e representantes da cultura popular, bem com a necessidade de recuperar, para fins culturais, edifícios antigos ou devolutos.

 

Texto José Serrano

 

Criada em 2019, a Chão Nosso abriu, na antiga “cadeia” da vila, um novo espaço, em Beringel. Quais as valências a que se propõe este equipamento?

Ancorar uma utopia. Ser semente. Religar comunidades… e seguiríamos por aí porque são muitos os sonhos dos que pisam este chão, gente que vem da área da leitura, das artes performativas, da música, do património, os que se vão juntando da comunidade. O Espaço Chão Nosso oferece, por agora, uma pequena galeria, onde está patente uma exposição da Catarina Bico, um “conversatório”, uma sala de estar, uma oficina de pequena dimensão. A rua e a possibilidade de aceder aos espaços públicos que a vila dispõe serão, também, um recurso importante na programação que se for desenhando num crescente diálogo com as comunidades da vila.

 

Será este um espaço que permitirá a confraternização artística de jovens artistas e de representantes da cultura popular local? Qual a importância dessa articulação criativa?

Gostaríamos que este nosso novo espaço fosse uma âncora de práticas culturais diversas, entre as quais, sem dúvida, incluímos as mais próximas do património imaterial local. Para a Chão Nosso, a tradição oral, os saberes e a memória são matéria-prima privilegiada para entender o passado e construir o futuro. O trabalho desenvolvido por parte significativa dos artistas da cooperativa nutre-se das expressões do imaterial. Ele parte da tradição e do saber ancestral como recurso, iluminando-se e trazendo-a para o mundo contemporâneo, onde ganha nova função e significado. Queremos ser ponte entre diferentes gerações, entre seres humanos, diversos, cultural e socialmente. Fazer, na nossa medida, deste pedaço de chão “um lugar mais humano” para morar.

 

Considera que a recuperação, para fins culturais, de edifícios antigos ou devolutos, a exemplo deste espaço, deveria ser um “desígnio” mais presente no programa político dos decisores locais?

Sim e o caso da parceria entre a Chão Nosso e a Junta de Freguesia de Beringel é um bom exemplo na afirmação desse desígnio, provando ser possível encontrar novos modelos para servir culturalmente os territórios.

 

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