Com o intuito de incentivar a participação cívica dos mais novos, reforçando o sentimento de pertença e de inovação social, a associação Estar lançou o concurso “Jovens a Transformar Beja”. O projeto, que se espera que “perdure no tempo”, destina-se a jovens entre os 16 e os 30 anos e está a aceitar candidaturas até ao final do mês.
Texto | Ana Filipa Sousa de Sousa
“Há muito para fazer nesta região e é isso que queremos que os jovens percebam, que nós podemos ser os parceiros ativos para transformar a cidade e para fazer desta uma cidade mais apetecível [no que diz respeito] à vontade de cá ficar”. É desta forma que Madalena Palma, diretora-geral da associação Estar, explica ao “Diário do Alentejo” o que incentivou a entidade a criar o projeto “Jovens a Transformar Beja”.
Destinado a pessoas entre os 16 e os 30 anos, o concurso nasceu do propósito de aplicar o valor anual que a Câmara Municipal de Beja atribui à Estar, enquanto instituição de solidariedade social do concelho, e incentivar a “camada jovem” a ter “ideias”.
“Pensámos inicialmente em fazer um contacto com o Instituto Politécnico de Beja e com as restantes escolas de forma a financiar uma licenciatura ou um curso profissional, mas depois percebemos que a logística era muito complicada e iria perder-se no tempo, porque seria sempre [um propósito] a três anos”, avança.Assim, como a intenção da associação sediada em Beja era de “efetivar uma ação já” optou-se por criar um mecanismo que permitisse “implementar projetos com ideias vindas dos jovens”, tendo a Estar como “mentora” da dinamização na comunidade.
O concurso, que admite a participação individual ou de grupos compostos até cinco elementos, deverá abranger “pelo menos uma” das áreas temáticas, ou seja, sustentabilidade ambiental e clima; cultura e identidade local; inovação social e inclusão; tecnologia e digitalização comunitária; agricultura, economia circular e ruralidade; juventude e bem-estar.
Apesar de o prazo inicial para a entrega das propostas estar agendado para o final do mês, Madalena Palma admite que, pela “muita vontade” e “contactos” que têm recebido, existe a possibilidade de “estender o prazo por mais um mês”
“Depois vamos convidar várias instituições para fazer parte do júri para avaliar os projetos e aplicá-los até ao final do ano para que se dinamize, haja cidadania ativa, projetos de inovação e que se faça algo mais por esta comunidade”, assegura.
Os projetos serão avaliados consoante a sua relevância e impacto social na comunidade local, a sua inovação e originalidade, a sua viabilidade técnica e financeira, assim como a sustentabilidade e o seu envolvimento com a comunidade.
O intuito da iniciativa, conforme explica a diretora-geral, passa por promover o espírito empreendedor, através do pensamento crítico, e incentivar os jovens a acreditarem nas suas ideias e a implementá-las na região.
“Nós percebemos, pelas visitas que temos das escolas e dos próprios estágios, que existem realmente muitas ideias e que os jovens as querem aplicar no território, mas que os miúdos têm medo. Por isso, é preciso alguém que lhes diga que é possível e que têm que seguir em frente e nós [associação Estar] estamos cá para ajudar”, realça.
O “Jovens a Transformar Beja” prevê a entrega de mil euros a cinco microprojetos vencedores, sendo a sua implementação realizada entre os meses de agosto e dezembro deste ano. As propostas vencedoras serão ainda conhecidas publicamente no evento “Jovens a Transformar Beja”, em data a anunciar.
Madalena Palma espera, ainda, que esta iniciativa “perdure no tempo” e que regresse nos próximos anos, mantendo a sua postura ativa na sociedade.
“Queremos, acima de tudo, que os jovens percebam que nós também estamos com eles, porque somos uma associação não só de emergência social, mas que está na cidade e que quer fazer muito por ela. Queremos motivar os jovens e fazê-los ver que o futuro está neles e que é aqui que podem dar as suas ideias e fazer implementar os seus projetos e não acabar um curso profissional e ir estudar para fora ou acabar a licenciatura e ir trabalhar para fora”, assume.