Com capacidade para 63 utentes e prevendo a criação de 45 postos de trabalho, o novo Lar de São Miguel do Pinheiro, no concelho de Mértola, permitirá “melhorar significativamente as condições de vida dos seniores” e promover “o emprego e a coesão social no território”.
Texto Nélia Pedrosa
Inaugurado oficialmente no último sábado, 31 de maio, o novo Lar de São Miguel do Pinheiro, na União de Freguesias de São Miguel do Pinheiro, São Pedro de Sólis e São Sebastião dos Carros, no concelho de Mértola, deverá entrar em funcionamento “dentro de um mês, mês e meio”, adianta ao “Diário do Alentejo” o presidente da Câmara Municipal de Mértola, a entidade promotora da estrutura residencial para pessoas idosas. De acordo com Mário Tomé, “nos próximos dias” será assinado o “acordo de gestão” com a Fragmento Solidário, instituição particular de solidariedade social com sede em São Miguel do Pinheiro. Representando um investimento superior a 6,8 milhões de euros, cofinanciado em cerca de 2,7 milhões pelo Alentejo 2020, Portugal 2020 e União Europeia, e o restante (mais de 4,1 milhões) a ser suportado pela autarquia – “por enquanto através de orçamento próprio” –, o lar tem capacidade para 63 utentes (integrando 39 quartos, cantina, áreas de terapias, espaços sociais, gabinete médico e sala snoezelen) e irá permitir criar 45 postos de trabalho diretos. Assim, “para além de melhorar significativamente as condições de vida dos seniores”, promoverá “o emprego e a coesão social no território”.
“Se fizermos uma avaliação à realidade do concelho, [verificamos que] a economia social é importante. São 63 camas e 45 postos de trabalho. Numa localidade que tem 60 a 70 habitantes com idades superiores a 60 anos, de repente, entrar na equação 40 postos de trabalho, obviamente que altera significativamente aquela zona do concelho, aquela localidade em particular, e, portanto, é um verdadeiro input para o desenvolvimento económico do sítio. Utilizando uma expressão muitas vezes de forma propositada, ‘nunca mais aquela zona será a mesma’”, refere o autarca, frisando que, de forma indireta, o impacto também será “significativo”. “Existe um pequeno café, é natural que venha a evoluir para restaurante, existe uma padaria grande, mas que tem um serviço de revenda ao público pequeno, [é possível que possa vir a crescer]… São 40 pessoas a conviver diariamente numa localidade… certamente que vão chegar famílias com filhos que vão para a escola, a escola cresce… no fundo, é a sociedade a crescer com o impacto de uma resposta desta dimensão, de um projeto que [irá] verdadeiramente redimensionar o local, que irá revolucionar aquela zona do concelho”.
Ainda de acordo com Mário Tomé, encontra-se em curso o processo de formação da futura equipa técnica, com destaque para a prestação de cuidados personalizados, apoio a pessoas com demência ou deficiência e na promoção do envelhecimento ativo e saudável, sendo que já demonstrou interesse “muita gente do concelho, mas também de fora, com alguns casos identificados de famílias que tendo ligações a esta zona do concelho estão a organizar a sua vida para regressar, porque sabem que vão ter ali emprego”.
Questionado quando à eventual dificuldade em atrair profissionais de saúde, nomeadamente, médicos e enfermeiros, o autarca assegura que “isso é o menor dos problemas”. E acrescenta: “Se tivermos problemas em recrutar temos de ter a capacidade de ir à procura. Se tivermos dificuldades em recrutar é porque criámos projetos que precisam de pessoas. O grave é quando não temos projetos. Aí é que o desenvolvimento não tem a mínima possibilidade de acontecer”.
Sublinhando que este é um projeto há muito aguardado, o presidente da câmara recorda que “as primeiras ideias, muito informais”, de edificar um lar naquela zona, surgiram no início dos anos 2000, depois, mais tarde, “com cinco presidentes de junta na altura – ainda não existia união de freguesias – passou a falar-se no lar das cinco freguesias. Inicialmente até era para ser a Misericórdia de Mértola a dona da obra, mas, por questões financeiras, acabou por desistir. O processo foi depois lançado em 2016 ou 2017, mas a obra acabou por parar em função de dificuldades de operacionalização por parte do empreiteiro. Em 2021, já com este executivo liderado por mim, fizemos a revisão do projeto e o lançamento da obra”.
O autarca salienta, ainda, que o lar, com uma área de cerca de 2000 metros quadrados, é, sem dúvida, “o equipamento mais diferenciado da região e um dos mais diferenciados do País – o que foi reconhecido por imensas pessoas da Segurança Social, e até da esfera nacional, que estiveram presentes [na inauguração], que fizeram referência ao projeto e ao espaço físico como sendo um projeto de excelência”. E conclui: “O que é inovador, sobretudo, é a qualidade dos quartos, dos espaços físicos. Os equipamentos absolutamente atualizados, de ponta, do melhor que se tem no País. [Para dar] uma resposta excelente aos utentes, toda a dignidade [que merecem]”.