Suspensa desde 2022, a obra dos passadiços do Pulo do Lobo aguarda pela realização de uma “perícia colegial” para ser retomada. A Câmara de Serpa garante que “foram desenvolvidos todos os passos necessários para o relançar da obra”.
Iniciadas em 2019, as obras dos passadiços do Pulo do Lobo pararam em 2022 devido a alegadas divergências contratuais entre a Câmara de Serpa e a empresa construtora. Em declarações ao “Diário do Alentejo” (“DA”) em outubro passado, o presidente da autarquia, considerou que o retomar das obras, por uma nova empresa, estaria para breve, “após a realização do procedimento nos termos do Código da Contratação Pública”, e que, sem “adiantar uma data concreta para a conclusão dos passadiços”, avançava a convicção da sua conclusão “durante o primeiro semestre” de 2025, contudo, as previsões acabaram por não se concretizar.
Ao “DA”, João Efigénio Palma garante que da parte da Câmara de Serpa “foram desenvolvidos todos os passos necessários para o relançar da obra, nomeadamente, o procedimento de contratação pública para a realização da intervenção, mas o reinício da mesma encontra-se pendente de uma diligência judicial [relacionada com o processo de alegadas divergências contratuais entre a autarquia e a empresa construtora] ainda não realizada e que se encontra fora do nosso controlo”. Ou seja, reforça, “existe empresa para fazer a obra, contratada em obediência aos princípios da contratação pública, existe verba disponível em orçamento, mas enquanto o tribunal não determinar a realização de uma perícia colegial e esta não for realizada não é possível, legalmente, reiniciar a intervenção”. O autarca sublinha, também, que “estando o reinício da obra dependente da realização de diligência judicial e estando a decorrer o período de férias judiciais, até final de agosto, apesar da nossa vontade em executar os passadiços, considero extremamente improvável que isso seja possível”.
Frisando que continuam “plenamente” convictos de que os passadiços serão um dos elementos estratégicos na promoção turística do concelho, o presidente faz notar “que no local está instalado um contador, que no período de 15 de junho de 2024 a 15 de abril de 2025 registou mais de 30 000 contagens”. E acrescenta: “Se considerarmos que a contagem pode ser efetuada em duplicado (conta as passagens nos dois sentidos), e ainda alguma margem de erro, temos, certamente, uma afluência a rondar uma média de 1000 pessoas/mês, o que atesta a importância e atração do local. Aproveito para referir que já em 1919, numa sessão do Senado, em 29 de outubro, o senador Afonso Lemos realçava a importância do Pulo do Lobo enquanto local de importância turística que, e cito, ‘…todos os portugueses deviam conhecer…’”.
E uma vez que não será candidato a um novo mandato à frente dos destinos da câmara, João Efigénio Palma acredita “que dada a importância que o local tem para a promoção turística do concelho, a sua integração no parque Natural do Vale do Guadiana, no Geoparque, que os municípios de Serpa, Moura, Barrancos e Mértola, conjuntamente com a Deputacion de Huelva têm vindo a trabalhar para criar, enquanto geossítio, e ainda a integração num território recentemente classificado como Sipam, são razões mais do que suficientes para que, o próximo elenco autárquico continue a apostar na sua implementação”.
Recorde-se que Ana Moisão, vereadora independente da Câmara de Serpa, exigiu, recentemente, ao executivo camarário, “o reconhecimento formal do fracasso da empreitada dos passadiços do Pulo do Lobo”, através de “um pedido de desculpas público, assinado pelo presidente da Assembleia Municipal e da Câmara de Serpa, assumindo os erros cometidos”, considerando, ainda, que “a má condução da empreitada, o seu abandono e as estruturas deixadas em degradação podem configurar violação do artigo 66.º da Constituição da República Portuguesa e da Lei de Bases do Ambiente (Lei n.º 19/2014, de 14 de abril)”.
“DA”