Assumindo-se como uma “celebração da identidade cultural do concelho”, o Festival Islâmico de Mértola regressa na quinta-feira, dia 22, à “Vila Museu”, para ser “um espaço de diálogo intercultural e de promoção de valores como a paz, a tolerância e a diversidade”. No ano em que assinala o seu 25.º aniversário, o certame espera “voltar a encher as ruas com alegria e espírito de partilha”, enquanto valoriza o seu “património islâmico” e reforça “os laços” com culturas próximas.
Texto | Ana Filipa Sousa de Sousa
Os aromas a chás e especiarias dos típicos mercados islâmicos, que remontam ao tempo em que o rio Guadiana era um dos caminhos principais para se chegar ao Baixo Alentejo vindo de outras bandas, e a mescla de sonoridades estão prestes a regressar às ruas de Mértola através do seu festival islâmico.
O mote, segundo explica Mário Tomé, presidente da Câmara Municipal de Mértola, ao “Diário do Alentejo”, é celebrar a “identidade cultural do concelho, profundamente enraizada em cinco séculos de presença islâmica no território”, e preservar os valores “da paz, da tolerância, do humanismo e da cidadania como pilares de uma sociedade aberta e plural”.
“O Festival Islâmico de Mértola é, sem dúvida, um dos maiores símbolos da afirmação cultural do nosso concelho. Representa a valorização da nossa história, da nossa identidade e do património que herdámos de séculos de convivência entre culturas”, realça o autarca.
De 22 a 25 deste mês, a câmara municipal local, e cerca de 30 parceiros, entre eles a Comunidade Islâmica em Espanha e Portugal, o Conselho Municipal de Chefchaon e o Consulado Geral de Portugal em Sevilha, transformarão a vila num autêntico “riad”, com espetáculos musicais, exposições, oficinas de artes e ofícios, conferências, atividades infantis e “experiências gastronómicas únicas”.
“A programação da 13.ª edição do Festival Islâmico de Mértola reflete, mais uma vez, a riqueza e a diversidade da nossa proposta cultural”, admite Mário Tomé.
Desta forma, ao nível musical, a autarquia destaca a “forte presença de artistas internacionais de referência” oriundos de Marrocos, Síria, Tunísia, Turquia, França e Espanha, que “trazem a Mértola sonoridades do mundo islâmico, cruzadas com fusões contemporâneas que tornam o festival ainda mais vibrante”.
A estas juntam-se Celina da Piedade e Rodrigo Leão (dia 22, às 22:30 horas), Nomad (dia 22, às 00:00 horas), O Mau Olhado (dia 23, às 18:30 horas), Carminho (dia 23, às 22:30 horas), O Gajo (dia 24, às 18:00 horas), José Rego (dia 24, às 20:30 horas), Buba Espinho (dia 24, às 21:30 horas) e Pedro Mestre (dia 25, às 17:00 horas).
Segundo Mário Tomé, a 13.ª edição do Festival Islâmico de Mértola adquire um significado especial por ser aquela que assinala os 25 anos do mesmo enquanto “plataforma de diálogo intercultural, valorização patrimonial e dinamização económica do território”. Assim, e apesar de cumprir o quarto de século em 2026, por se realizar de dois em dois anos, o festival assinala a efeméride em 2025. Por este motivo, as expectativas “são naturalmente elevadas”.
“Este é, sem dúvida, o nosso maior evento cultural e turístico e, ao longo dos anos, tem demonstrado uma capacidade notável de atrair visitantes, de promover o concelho e de envolver a comunidade. Esperamos voltar a encher as ruas de Mértola com alegria, diversidade e espírito de partilha, valorizando o nosso património islâmico e reforçando os laços com culturas que nos são próximas”, assegura.
Para o autarca, há ainda o desejo que “esta edição consolide o festival enquanto referência nacional e internacional”, uma vez que o certame segue a “construção de uma oferta turística cultural muslim-friendly”, ou seja, uma experiência turística projetada para ser acolhedora e conveniente para turistas muçulmanos, respeitando as suas práticas culturais e religiosas. “Acima de tudo, desejamos que seja uma grande festa, sentida por todos os que nos visitam e por quem aqui vive durante todo o ano”, salienta Mário Tomé.
O certame é inaugurado oficialmente na quinta-feira, dia 22, às 19:00 horas, no largo Vasco da Gama. No domingo, dia 25, encerra as suas portas, também às 19:00 horas, com um concerto “que será um verdadeiro hino à identidade e ao património vivo de Mértola”.