O “estado crítico de deterioração física e cultural” da cidade é um dos motivos pelos quais um grupo de cidadãos decidiu lançar o Coletivo Beja Aberta, que promoverá hoje, dia 15, às 18:00 horas, a primeira iniciativa nas instalações da Santa Casa da Misericórdia.
Texto Aníbal Fernandes
Despovoamento do centro histórico, habitação, acessibilidades, cultura são alguns dos temas que o Coletivo Beja Aberta pretende discutir de forma abrangente e para o qual convida os bejenses a participar.
Ana Serrano, porta-voz da comissão promotora, disse ao “Diário do Alentejo” que a ideia “surgiu do facto de um conjunto de pessoas acharem que há muito para fazer” na cidade, face “aos sintomas da doença de que padece” e que a tem feito “decair completamente”.
A reunião agora convocada tem como primeiro objetivo “trazer mais pessoas” para o movimento e preparar debates “com especialistas de diversas áreas para encontrar soluções e esperar que alguém pegue nelas”.
Questionada pelo “Diário do Alentejo” se a iniciativa poderia originar uma candidatura independente à câmara nas próximas eleições autárquicas, Ana Serrano disse que não têm “ambições políticas”, acrescentando que, “em princípio, não”, deixando, assim, em aberto essa possibilidade.
No comunicado que fizeram chegar à comunicação social, a situação da cultura merece especial destaque, sendo considerada “um dos pilares fundamentais de uma urbe que se queira afirmar como capital de uma região”. No entanto, o diagnóstico feito é o de “uma situação confrangedora, onde o que transparece são atividades desinseridas de um plano cultural com objetivos, pensado e gizado em discussão com a população e os agentes culturais que habitam a cidade”.
Os promotores – que, para além de Ana Serrano, inclui Ana Ademar, Constantino Piçarra, Edite Spencer, João Spencer, Neuza Duarte, Pedro Horta e Raúl Almeida – afirmam que “Beja, enquanto capital de distrito, não tem papel relevante no desenvolvimento da região”, e tem perdido “de forma continuada valências como centro administrativo”, vivendo “à margem quer das políticas rodoviárias [quer das] ferroviárias definidas pelo poder central” [e] com isso “isolando-se do País e do mundo”.
Os signatários apontam ainda “os atropelos ambientais que vão correndo no seu termo” e um ensino superior politécnico que “funciona de costas viradas para a cidade”, como fatores impeditivos “do desabrochar de sinergias capazes de potenciarem a sua vida cultural, social e económica”. Os imigrantes e as minorias étnicas e a “insensibilidade social e cultural” a eles associados também revelam “uma cidade doente”, lê-se no comunicado.