A 30 de outubro de 1973 foi publicado o decreto-lei n.º 569 que criava a Escola de Enfermagem de Beja (estabelecimento que está na origem da Escola Superior de Saúde que hoje persiste). Do papel até à entrada em funcionamento passaram dois anos, tempo mais do que suficiente para que, pelo meio, acontecesse uma revolução e se levantassem dúvidas quanto à real intenção de levar a termo essa intenção.
Na edição de 12 de novembro de 1974 o assunto veio à baila na “Nota do Dia”: “Vai decorrido muito tempo desde que foi decidido criar uma escola de enfermagem para Beja, melhoramento por cuja concretização o ‘Diário do Alentejo’ há muito tinha vindo a bater-se”. A concretização da proposta justificava-se “pois não só o serviço de enfermagem do moderno estabelecimento hospitalar era mais do que insuficiente (basta dizer que todo um piso do hospital está encerrado por falta de pessoal de enfermagem) como, além disso, as poucas enfermeiras para aqui nomeadas, uma vez feito o estágio ou passado o tempo indispensável para poderem pedir a transferência para as suas terras, ou para aquelas a que porventura se sentem ligadas, abandonam o hospital de Beja com todos os inconvenientes que daí resultam para o seu bom funcionamento”.
A nova escola era, ainda, apresentada como alternativa viável para “um grande número de raparigas e rapazes que todos os anos deixam a escola comercial e o liceu por não disporem de condições para continuarem os estudos, procuram aflitivamente ocupação condigna”. No entanto, apesar de todos estes argumentos e da decisão tomada, “mil e uma vicissitudes fizeram com que a escola de enfermagem ficasse até agora reduzida à expressão escrita no ‘Diário do Governo’”.
Por isso, noticiava-se que “a comissão instaladora do hospital, consciente da premência duma solução para problema de tanto interesse para o distrito de Beja, num último e decisivo esforço, contactou com as autoridades locais, mobilizou as forças vivas da cidade (no caso presente as correntes políticas que representam todas as camadas populares) e a todos fez ver, de forma bem clara, a necessidade de não deixar passar esta última oportunidade e de, numa acção de conjunto, conseguirem das entidades competentes que instalem sem mais demora a escola de enfermagem de Beja, de modo a que ainda este ano possa iniciar a sua actividade”.
Tal não aconteceu de imediato, como já escrevemos em cima. Demoraria mais um ano até que a abertura acontecesse e os primeiros futuros enfermeiros iniciassem o curso. Para o ano irá comemorar-se o cinquentenário do nascimento da escola que está na base da Escola Superior de Saúde de Beja, que integra o Instituto Politécnico de Beja, e que teve várias etapas, a primeira das quais em 23 de dezembro de 1988, quando o decreto-lei n.º 480 a integrou na Rede Nacional do Ensino Superior Politécnico, passando a designar-se Escola Superior de Enfermagem de Beja.
No site da escola explica-se que “em Abril de 1990 iniciou-se a nível nacional o curso superior de Enfermagem, que conferia o grau de bacharel” e, em 1995, teve início o curso de estudos superiores especializados em Enfermagem na Comunidade, seguido do curso de estudos superiores especializados em Enfermagem Médico-Cirúrgica. Quatro anos depois, em 1999, “passou a lecionar o curso de licenciatura em Enfermagem, o ano complementar de formação em Enfermagem e o curso de complemento de formação em Enfermagem, todos eles conducentes ao grau académico de licenciado”.Em janeiro de 2001 “este estabelecimento de ensino foi integrado no Instituto Politécnico de Beja (decreto-lei N.º 99/2001, de 28 de Março).
A 25 de Fevereiro de 2005 a Escola Superior de Enfermagem de Beja foi convertida em Escola Superior de Saúde de Beja (portaria N.º 222/2005 de 24 de Fevereiro)”.
Texto Aníbal Fernandes