Diário do Alentejo

“Viajar muito é a maior inspiração que se pode ter” 

28 de janeiro 2024 - 08:00
Victor Frieza veste, em Miami, algumas das “estrelas” internacionais

Victor Frieza, 39 anos, natural de Beja

 

Amante de desporto, diz ter sempre ousado, acreditando que cada queda “possibilita o impulso necessário para chegar à vitória”. Em 2006, ingressou na Marinha, onde esteve quatro anos. Em 2013, abriu, em Lisboa, a sua primeira loja de roupa. Durante a pandemia, “um período negativo para a moda”, decidiu criar um plano de negócios nos Estados Unidos da América, onde vive hoje, em Miami, o “sonho americano”. Assume-se como um empreendedor, determinado a levar para o mundo a mensagem de que “é impossível vencer quem nunca desiste”.

 

Victor Frieza, diretor criativo e CEO da marca Victor Mudhe, divide o seu tempo entre Lisboa e Miami, nos Estados Unidos da América, onde trabalha como designer de moda, stylist e relações públicas. Alguns dos seus clientes são músicos, atores e jogadores de basquete da NBA – National Basketball Association. 

Como descreve a experiência de viver e trabalhar em Miami?

Em Miami sinto-me livre e em casa. O meu trabalho é, diariamente, elogiado e as portas estão a abrir-se. Tudo leva tempo, já passaram 11 anos desde que criei a minha marca, mas não tenho pressa, pois amo o processo e tudo o que faço relacionado com a Victor Mudhe.

 

Quais as figuras públicas que foram, até agora, mais desafiantes de vestir?

Será sempre desafiante vestir pessoas que muito admiramos. Eu sempre tive uma ligação muito forte a futebolistas e a artistas nacionais e internacionais que vestem a minha marca. Sendo um pouco injusto para com todos os outros, posso nomear Ronaldinho Gaúcho [futebolista brasileiro] e Maluma [cantor colombiano]. 

 

Considera que o bom gosto é fundamental para o sucesso de um stylist ou a atração por uma marca passa por outros inputs?

Antes de vestir alguém é importante, entre muitas outras coisas, analisar a forma de estar e a atitude do cliente. Não é por uma roupa me ficar bem que eu a vou colocar, da mesma forma, numa outra pessoa. O bom gosto é fundamental, mas um bom stylist, para além de ter de te vestir bem, tem de colocar a tua energia e a tua confiança num nível alto.  No ateliê da minha marca eu posso identificar o que o cliente pretende e crio, para ele, algo único.

 

Uma das séries mais populares nos anos 80 foi “Miami Vice”, cujo protagonista, Sonny, interpretado por Don Johnson, vestia, invariavelmente, um icónico blazer branco. Mantém-se essa peça atual, em Miami?

Eu costumo dizer que na moda está, praticamente, tudo inventado, e que as tendências regressam sempre, passados uns anos. Por isso, o blazer branco que, atualmente, não é trend em Miami, poderá um dia voltar a estar na moda. O sonho de qualquer marca é criar peças intemporais, que são sempre vendidas.

 

Quais as peças de vestuário que considera deverem figurar, atualmente, num guarda-roupa masculino?T-shirts básicas, pretas, brancas. Ténis Air Force 1, brancos. Camisa preta. Blazer preto. Jeans pretos, azuis. Estas peças representam a base que, na minha opinião, nunca deve faltar num guarda-roupa masculino. Depois, tudo varia conforme o trabalho que exerces, se tens muitos eventos sociais, etc..

 

Exercem as suas raízes influência na forma como desenha as suas peças?Sim, claro. Muitas vezes, quando estou em Portugal, vou para o Alentejo, fugir do stresse diário, para me inspirar. Utilizo muito a cor verde nas minhas coleções – penso que deve ser por me lembrar dos campos alentejanos. Mas a minha maior inspiração são as culturas e raças dos povos por onde passei, das quais sempre trago um pouco comigo. Penso que viajar muito é a maior inspiração que se pode ter. 

 

Texto | José Serrano

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