O plano de desocupação do “edifício da Refer”, em Beja, deverá começar a ser executado a partir da primeira semana de fevereiro e passará pela criação de um abrigo temporário de higiene e pernoita. Situação das casas de repouso José António Marques e Henry Dunant, no centro histórico da cidade, com alegado encerramento previsto, está a ser avaliada pela Cruz Vermelha Portuguesa, cujo presidente diz ser “especulativo” dizer que vão “encerrar as duas estruturas residenciais para pessoas idosas”.
A questão do “edifício da Refer”, que se encontra em total estado de abandono e que tem vindo a ser ocupado por pessoas em situação de sem-abrigo e toxicodependentes, foi uma das questões abordadas na reunião do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo de Beja (Npisa), que decorreu na passada terça-feira, dia 23.
Recorde-se que, em novembro passado, Paulo Arsénio, presidente da Câmara de Beja, adiantava que a autarquia se disponibilizou para realizar uma “limpeza geral ao edifício” e, em conjunto com outras entidades – Segurança Social e Polícia de Segurança Pública –, “encontrar solução para o alojamento das 30 a 35 pessoas [portuguesas e estrangeiras] que permanecem no espaço”, nomeadamente, recorrendo à rede nacional de apoio a sem-abrigo.
Momentos antes da suprarreferida reunião, em declarações ao “DA”, Marisa Saturnino, vereadora do município com o pelouro da Divisão do Desenvolvimento e Inovação Social, disse ter recebido a informação, por parte da Segurança Social, de que as vagas dos centros de alojamento de emergência social (CAES), a nível nacional, se encontram esgotadas, não havendo, assim, possibilidade de integração, “dessas pessoas”, nestes centros. Porém, recordando os dois compromissos assumidos pela câmara – o de fazer uma limpeza profunda no edifício, procedendo depois ao seu entaipamento, e o de intervir no acolhimento dessas pessoas em centros de alojamento de emergência social –, a vereadora declarou que já estava “a ser trabalhado pela proteção civil municipal, em conjunto com a Divisão de Desenvolvimento e Inovação Social da Câmara”, um plano de contingência, associado à desocupação daquele edifício. Plano de contingência que passará, revelou a vereadora na reunião de câmara de quarta-feira, dia 24, pela “criação de um centro de abrigo noturno” – contentores para higiene e pernoita –, que irá começar a ser montado até “ao final da semana”. As estruturas, de carácter temporário, “irão funcionar até final de fevereiro ou, no limite, até 15 de março, dependendo das condições climatéricas”, referiu Marisa Saturnino, acrescentando que, “provavelmente, na semana de 5 de fevereiro daremos início a esse processo de desocupação [do “edifício da Refer”] e, paralelamente, de ocupação” do centro de abrigo. Segundo o que o “DA” apurou, este localizar-se-á nas instalações do estádio Flávio dos Santos, em Beja. *
Lares da Cruz Vermelha No que respeita ao alegado encerramento das duas estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI), localizadas no centro histórico de Beja, “tendo em conta o atual estado dos edifícios onde funcionam as respostas”, a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), numa nota de esclarecimento enviada, no dia 16, ao “Diário do Alentejo” (“DA”), informou estar “ativamente, e em coordenação com as restantes entidades competentes, a procurar a melhor solução para toda a comunidade abrangida pelas ERPI”, deixando a garantia de que “nenhuma resposta será encerrada até ser encontrada a melhor solução para todos”. Oito dias depois, a 24, António Saraiva, presidente da CVP, em declarações à “Lusa”, voltou a frisar que a situação está a ser avaliada pela instituição e que só depois se “decidirá o futuro destas respostas sociais” – casas de repouso José António Marques e Henry Dunant. O dirigente acrescentou que, por isso, “é especulativo dizer, como tem circulado, que vamos encerrar as duas estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI) de Beja, pois não há nenhuma decisão nesse sentido”, e que a tomada de posição sobre o futuro dos lares “será tão rápida” quanto possível.
Marisa Saturnino, referindo que, embora a Câmara de Beja esteja “a par da situação e sempre pronta a colaborar no que estiver ao seu alcance”, esclarece que o município, não fazendo parte da comissão que foi criada com o objetivo de resolução desta questão, não tem mais informação adicional “relativamente a esta matéria”. JS com “Lusa”
* Por lapso, na edição impressa do “Diário do Alentejo” desta semana a localização indicada não é a correta.