Diário do Alentejo

“Um sentimento comum do valor da nossa história contribui para a preservação do património”

07 de janeiro 2024 - 08:00
Marta Páscoa lança livro sobre historiador do século XVIII
Foto | D.R.Foto | D.R.

Marta Páscoa, natural de Beja

 

É mestre em História e pós-graduada em Ciências Documentais. Desenvolveu trabalhos de investigação histórica e transcrição paleográfica para diversos municípios. Como arquivista, colaborou com a Torre do Tombo, Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, Arquivo Histórico Ultramarino e Faculdade de Letras de Lisboa. É a arquivista do Museu – Biblioteca da Casa de Bragança, exercendo a sua atividade no Paço Ducal de Vila Viçosa. 

 

A Escrita da História de Beja é o mais recente livro da historiadora bejense Marta Páscoa, cujo personagem principal é o frei Francisco de Oliveira.

 

Como nos apresenta este seu livro?

Este livro é a adaptação da minha dissertação de mestrado, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que tem como título original “Fr. Francisco de Oliveira – a escrita da História Regional e Local no século XVIII”.

 

O personagem central deste livro é Fr. Francisco de Oliveira que, no século XVIII, pretendia publicar a história de Beja, a sua cidade. Que retrato faz deste personagem?

É um personagem muito interessante, cuja personalidade se percebe através do grande número de cartas que recebeu e escreveu. A História é o que mais o apaixona e tinha a ambição de ser reconhecido como a pessoa do seu tempo que mais sabia sobre a história do Alentejo.

 

Que Beja, de há 300 anos, é retratada por este autor?

O autor acaba por não retratar a cidade de há quase 300 anos, porque isso, para ele, era o presente. O que ele faz é estudar os livros mais antigos de todos os arquivos que consegue consultar, para recolher o maior número possível de informações relativas a Beja e à sua história.

 

Depois de, em 2022, ter publicado As Lettres Portugaises na Biblioteca de D. Manuel II, cuja autoria é atribuída por alguns a Mariana Alcoforado, freira do Convento da Conceição, em Beja, lança agora mais uma obra sobre a cidade. Quais as características desta urbe que historicamente a apaixonam?

Em primeiro lugar, Beja é a minha terra e isso faz toda a diferença. Depois, a proximidade que tenho, há vários anos, com a documentação dos arquivos, faz-me perceber a grande quantidade de informações sobre a história da cidade que o cidadão comum não tem. Dar essas informações às pessoas que aqui moram parece-me da maior importância, porque um sentimento comum do valor da nossa história contribui decisivamente para a preservação do nosso património e para o seu uso consciente.

 

Acredita que a reanimação académica da memória de Beja poderá vir a revelar-se importante na identidade da cidade e, ao mesmo tempo, no seu futuro desenvolvimento?

Acredito que sim. Acredito que quanto mais informações reunirmos sobre a história da cidade mais será possível pensar num plano global de preservação do património, seja ele arqueológico, religioso ou, até, da construção de há 50 ou 60 anos, que deveria ser preservada e não desvirtuada.

 

Texto | José Serrano

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