Diário do Alentejo

"Quer os pais, quer os professores, devem estar presentes na vida dos jovens, de modo a que estes percebam que têm sempre a quem pedir ajuda, quando necessitam"

21 de setembro 2023 - 12:00
Foto | D.R.Foto | D.R.

Três perguntas Sónia Barradas, Presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Moura

 

Texto |José Serrano

 

O auditório da Escola Profissional de Moura recebeu, recentemente, o 9.º Encontro de Educação da CPCJ de Moura, subordinado ao tema “Saúde mental e comportamentos antissociais – da prevenção à ação”. Quais as reflexões proporcionadas por este encontro?O debate destas problemáticas num momento de encontro entre profissionais que trabalham com crianças e jovens perspetiva a partilha de conhecimento, mas, também, o apontar de estratégias de intervenção que contribuirão para a diminuição de problemáticas sinalizadas. A família e a escola têm um papel fundamental na formação e devem estar atentos a sinais que são transmitidos pelas atitudes e pelos comportamentos que constituem chamadas de atenção. Quando a família e a escola, por si só, não são capazes de ajudar as crianças e os jovens a vencer os seus problemas, devem solicitar ajuda junto de técnicos e especialistas e realizar um trabalho conjunto, com vista à superação desses problemas.

Como descreve a evolução das problemáticas, ligadas à saúde mental e aos comportamentos antissociais, nas crianças e jovens da região?A saúde mental é uma temática que está na ordem do dia, pelo aumento de situações problemáticas sinalizadas em crianças e jovens e pelas dificuldades que os profissionais enfrentam, ao tentar apresentar soluções para os problemas diagnosticados, dada a sua complexidade. O período pandémico propiciou o afastamento do relacionamento entre pares, fundamental na infância e na adolescência. Passado o período de isolamento, muitos jovens não conseguiram retomar as suas rotinas, manifestando recusa em ir à escola. De igual forma verificou-se um aumento de comunicações de perigo por parte das forças de segurança e dos estabelecimentos de ensino sobre comportamentos antissociais e de indisciplina, em espaço escolar e fora dele. Esta realidade constitui um importante tema de debate, uma vez que coloca em evidência conceitos de respeito pelo outro e pelas regras estabelecidas, essenciais ao saber estar e ao viver em sociedade, enquanto cidadão consciente dos seus direitos e limites.

No âmbito da prevenção destas mesmas problemáticas, quais as práticas que a nível familiar e escolar são essenciais?Quer os pais, quer os professores, devem estar presentes na vida dos jovens, de modo a que estes percebam que têm sempre a quem pedir ajuda, quando necessitam. Os adultos deverão estar vigilantes e atuar sempre que evidenciam alterações no comportamento da criança ou do jovem e recorrer a profissionais de saúde e técnicos de especialidade quando percebam que, por si só, não conseguem resolver os problemas. Por outro lado, a escola poderá proporcionar aos jovens atividades que contribuam para a sua realização pessoal, integração escolar, valorização enquanto pessoa – para a formação de autoconceito positivo e aumento da autoestima. A participação em atividades do interesse do jovem, onde este sinta que é reconhecido pelo seu mérito, poderá contribuir para a superação de obstáculos e dificuldades. 

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