Diário do Alentejo

"Viver mais tempo representa uma oportunidade para a sociedade, mas também uma necessidade urgente de mudanças"

13 de maio 2023 - 14:00
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Três Perguntas a Ana Cristina Faria, Coordenadora do mestrado de Gerontologia Social e Comunitária e coordenadora do Observatório das Dinâmicas do Envelhecimento no Alentejo (IPBeja)

 

Texto José Serrano

 

Decorreu, recentemente, na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Beja, o 13.º Seminário Ibérico de Psicogerontologia e o 6.º Seminário Ibérico de Gerontologia Social e Comunitária, subordinados ao tema “Envelhecimento Saudável – Horizonte 2030”. Quais as principais reflexões que este encontro permitiu?

Promover o envelhecimento saudável e melhorar a vida dos mais velhos, das suas famílias e comunidades, implica sinergias de mudanças fundamentais, não apenas nas ações que tomamos, mas na forma como pensamos o envelhecimento. Foi, principalmente, sobre este assunto que refletimos e se apresentaram as investigações. As evidências mostram que existe uma preocupação cada vez maior para: combater o idadismo (discriminação pela idade) e a solidão indesejada; formar profissionais especializados na área da gerontologia; reinventar as estruturas residenciais para pessoas idosas; prestar uma maior atenção à saúde mental e às necessidades e direitos do cuidador informal; investir em estratégias consertadas, políticas da longevidade e trabalho colaborativo, que permitam envelhecer com saúde e bem-estar e contar com prestação de cuidados individualizados de qualidade para todos.

 

Como diria que se perspetiva o envelhecimento, no Alentejo?

Os desafios que se colocam no Alentejo não são muito diferentes dos que se colocam na Europa. Viver mais tempo representa uma oportunidade para a sociedade, mas também uma necessidade urgente de mudanças que permitam que mais pessoas desfrutem de boa saúde, sejam financeiramente seguras, socialmente conectadas, tenham um propósito na vida adulta e floresçam. O que estamos a fazer neste sentido é importante, mas não suficiente. Temos de mudar a forma como pensamos e agimos em relação ao envelhecimento; garantir que comunidades promovam as capacidades das pessoas idosas; entregar serviços de cuidados integrados e de atenção primária à saúde adequados à pessoa idosa e propiciar-lhe o acesso a cuidados de longo prazo. Temos profissionais, autarquias, comunidades e cidadãos dedicados a trabalhar para atingir estas metas, que precisam de maior apoio e políticas que lhes possibilitem trabalhar melhor de forma colaborativa.

 

Como classifica o contributo da formação académica, nomeadamente, a prestada pelo IPBeja, na evolução de um envelhecimento mais condigno?

Hoje sabemos mais sobre o envelhecimento. Há 13 anos que o IPBeja forma profissionais especializados na área do envelhecimento, através do Curso Técnico Superior Profissional em Psicogerontologia e do Curso de Mestrado em Gerontologia Social e Comunitária. Através dos testemunhos dos participantes, e sabemos que estamos a contribuir para promover um envelhecimento com dignidade e respeitar os adultos maiores e os longevos. Mas, se muito trabalho tem sido feito, muito mais há a fazer. É urgente passar à ação porque já sabemos o caminho. É tempo de fazer mais e melhor e sermos mais amigos da idade. 

 

 

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