O conselho intermunicipal (CI) da Cimbal, reunido no passado dia 13, em Beja, no âmbito do processo de consulta pública do Plano Ferroviário Nacional (PFN), manifestou-se a favor da opção da nova ligação entre Lisboa e o Algarve, que prevê passagem por Évora e Beja. Nos contributos divulgados é ainda defendida a reabertura do troço da Linha do Alentejo entre Beja e Ourique, a eletrificação do ramal de Neves-Corvo e recomendado o estudo para a reabertura do ramal de Aljustrel.
Texto Aníbal Fernandes
A Cimbal considera que “a coesão e desenvolvimento” dos territórios do interior, e, em particular, do Baixo Alentejo, estão “dependentes das suas acessibilidades”, mas critica o investimento “muito incipiente” realizado até aqui, o que tem prejudicado “o escoamento de matérias-primas e produtos” produzidos na região.
Assim, acredita que o PFN é uma “excelente oportunidade” para retirar “muito do tráfego pesado” das “já saturadas vias rodoviárias, com evidentes benefícios para o ambiente”.
Acresce que a aposta na ferrovia e numa ligação de velocidade alta entre Lisboa/Beja/Faro permitirá posicionar o aeroporto internacional de Beja como um equipamento complementar aos da capital e do Algarve, aumentando a “atratividade de voos regulares de passageiros”.
“Esta opção permite servir as três capitais de distrito de forma mais frequente, possibilitando um tempo de viagem inferior a duas horas entre Lisboa e Faro, com paragens em Évora e Beja”, lê-se no documento.
No documento aprovado é também defendido “um verdadeiro serviço de Intercidades, beneficiando da renovação da Linha do Alentejo entre Casa Branca, Beja e Ourique, ligando Lisboa a Faro – servindo Vendas Novas, Montemor-o-Novo, Évora (Casa Branca) e Beja –, contribuindo ainda para proporcionar um serviço a que a Linha do Sul já não consegue dar resposta, por evidente saturação e inexistência de canal horário”, e colocando Beja a menos de uma hora de distância da estação de Sete Rios, em Lisboa.
No entanto, é salvaguardado que “esta proposta surge [apenas] devido aos horizontes temporais que serão necessários para fazer face à construção de um novo traçado entre Lisboa e Algarve, com passagem por Évora e Beja”.
Em resumo, os autarcas do Baixo Alentejo pretendem: que a eletrificação do ramal de Neves-Corvo seja concretizada “logo que possível”; o lançamento de um estudo com vista à reabertura do ramal de Aljustrel, “para o escoamento de minério”; a ligação ao aeroporto de Beja, no âmbito da eletrificação e modernização do traçado entre Casa Branca e Beja; a reabertura do traçado Beja-Ourique e a sua total renovação, modernização e eletrificação da linha; e a construção de nova ligação ferroviária com passagem em Beja e Évora, na ligação entre Lisboa e o Algarve.
A Cimbal refere ainda que os objetivos do PFN, anunciado em julho de 2021, visam “identificar as necessidades de acessibilidade, mobilidade, coesão e desenvolvimento às quais o transporte ferroviário pode dar resposta adequada” e “assegurar uma cobertura adequada do território e a ligação dos centros urbanos mais relevantes, bem como as ligações transfronteiriças ibéricas e a integração na rede transeuropeia”
ANTÓNIO BOTA NO PORA 2030
António Bota, presidente da Câmara Municipal de Almodôvar e da Cimbal, foi eleito por maioria como representante da instituição no Comité de Acompanhamento do Programa Regional do Alentejo 2030. Este órgão monitoriza o programa e a concretização dos seus objetivos, podendo fazer recomendações para a melhoria da sua eficácia.