Diário do Alentejo

Metade dos trabalhadores da Misericórdia de Serpa ainda não recebeu subsídio de férias

09 de dezembro 2022 - 11:00
Mesa Administrativa, que hoje é eleita, acredita que situação possa estar resolvida “dentro de dias”
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Os trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Serpa reuniram- se em plenário, na passada segunda-feira, para discutirem medidas a adotar perante o reiterado atraso no pagamento dos ordenados e do subsídio de férias. Hoje, sexta-feira, dia da eleição da Mesa Administrativa da instituição, voltam a sair à rua para sensibilizar a população para a sua causa.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

Desde fevereiro que os ordenados dos trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS) estão a ser recebidos, na maioria dos meses, vários dias depois do que seria expectável. Segundo informação recolhida pelo “Diário do Alentejo”, “em algumas situações” o subsídio de férias também ainda não foi pago.

 

Anabela Gomes, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) disse que, na sequência do plenário que teve lugar na passada segunda-feira, na Igreja do Convento de São Paulo, “os trabalhadores resolveram sair à rua” e promover “várias acções” para divulgar a sua situação laboral.

 

A mesma sindicalista, revelou que as reuniões com a Mesa Administrativa da SCMS, não trouxeram qualquer evolução, e que os responsáveis pela instituição se limitaram a “empurrar para as autoridades de saúde” a responsabilidade pelos atrasos nos pagamentos.

 

Edgar Santos, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, revelou que os trabalhadores das várias valências (enfermeiros, técnicos e auxiliares) vão, de novo, sair à rua hoje por “temerem que a situação se agrave” e por não haver garantias da direcção da instituição quanto ao pagamento atempado do subsídio de Natal.

 

Isabel Estevens, vice-provedora da Mesa Administrativa da SCMS, e candidata a provedora nas eleições que hoje se realizam, explicou que esta situação se deve “a constrangimentos financeiros dos últimos anos, principalmente 2020 e 2021”, em que a situação pandémica “levou a um aumento das despesas e a um recuo nas receitas”, nomeadamente, com a realização de menos consultas, urgências e na prestação de cuidados continuados e paliativos.

 

“Esta situação agravou-se em 2022”, admite a vice-provedora, recordando que a SCMS “recebe das instituições o referente a 12 meses, mas tem compromissos com os funcionários 14 vezes por ano”.

 

Devido a “situações não previstas foi impossível pagar o subsídio de férias” em junho, como habitualmente, a todos os trabalhadores e foi anunciado um plano de pagamento faseado nos meses de junho, julho, agosto e setembro”. No entanto, “em agosto não conseguimos concretizar os pagamentos, o que levou ao descontentamento legítimo” dos funcionários.

 

Neste momento, cerca de 50 por cento dos funcionários ainda não receberam o subsídio em falta, mas Isabel Estevens acredita que “brevemente, dentro de dias”, a situação possa estar regularizada.

 

ATRASOS CONSTANTES

Recorde-se que em março, António Sargento, responsável pela entidade gestora do Hospital de São Paulo, disse ao “Diário do Alentejo” que o atraso no pagamento dos salários se tinha ficado a dever a uma série de falhas nos pagamentos devidos à instituição por parte da Segurança Social, Administração Regional de Saúde do Alentejo (ARSA) e Unidade Local de Saúde do Alentejo (Ulsba) e que resultaram de “coincidências” no calendário que atrasaram as transferências bancárias.

 

Por seu lado, os trabalhadores mostravam-se preocupados com os problemas de liquidez manifestados e temiam que a situação se repetisse, defendendo o regresso do Hospital de Serpa à esfera pública.

 

Dois meses depois, em maio, a situação repetiu-se, com o provedor a justificar a falha com mais “um atraso por parte da ARSA” na transferência das verbas previstas no protocolo tripartido assinado em 2014 e que terá resultado do facto “de o dinheiro de Lisboa não ter chegado a horas ao Alentejo”.

 

Contactadas pelo nosso jornal, quer a Ulsba, quer a ARSA, asseguraram que os compromissos estavam em dia: “A responsabilidade da gestão do Hospital de São Paulo em Serpa é da competência da Santa Casa da Misericórdia de Serpa”, e a Ulsba “cumpre com o pagamento, dentro dos prazos, dos diversos serviços realizados, tais como consultas médicas, atendimentos de urgência e meios complementares de diagnóstico, não tendo pagamentos em atraso”; também a ARSA garantiu que tinha “os pagamentos, que lhe são devidos à Santa Casa da Misericórdia de Serpa em dia”.

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