Diário do Alentejo

“A poesia da vida, nos pequenos sinais do quotidiano”

26 de novembro 2022 - 14:00
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Teresa Revez tem 39 anos, natural de Beja e mãe do Manel (oito anos) e do Zé (dois anos). Formou-se em Marketing e, atualmente, trabalha na área da Comunicação e vive em Beja, para onde decidiu regressar, há 11 anos. No passado dia 26 de novembro, apresentou, na antiga Escola Primária n.º1 de Beja, pelas 16:30 horas, o seu mais recente livro "Infinito [isto não é um livro]". Hoje, dia 3, também o apresentará, pelas 17:00 horas, na FNAC do Centro Colombo, em Lisboa.

 

Texto José Serrano

 

Como nos apresenta este objeto, que sendo um livro, assegura não o ser?

É um presente em forma de livro, aberto a infinitas leituras, que decidi oferecer aos meus filhos, no Dia da Criança. Pisca o olho aos adultos, faz muitas perguntas e dá poucas respostas. Deve por isso ser lido ao colo. Para mim, é um álbum de memórias, tecido pelas cumplicidades leitoras de oito anos de histórias e de alguns livros que têm um lugar especial na estante. Sai agora da intimidade da casa, numa edição de autor, gentilmente revista por Cristina Taquelim, que gentilmente acolheu esta aventura de levar ao limite o poder inspirador do #nadateimpede.

 

Podemos então dizer que esta sua obra literária, ilustrada por si, pelo Manel e pelo Zé, surge, naturalmente, da cumplicidade entre mãe e filhos?

Esta cumplicidade é, naturalmente, maior com o Manel, pelo caminho mais longo que temos feito. Ainda assim, fiz questão de incluir referências gráficas do universo do Zé. Não dá para ter um filho que diz “mamã, nada te impede” – uma espécie de mantra ativado, sempre que o Manel enfrenta um desafio ou me convida a tomar outra opção – e não fazer nada com isso. É curioso ver o que acontece quando nos deixamos inspirar e optamos por seguir o caminho inverso do que seria esperado. Talvez seja esta a poesia da vida: encontrar nos pequenos sinais do quotidiano outro sentido. O Manel, ao acompanhar o processo de produção, comentou: “é incrível como, assim, dos nossos papéis, pode sair um livro que parece a sério” – esta construção de cumplicidades não tem preço.

 

Como classifica a importância, para pais e filhos, de preservar tempo para que, quotidianamente e em conjunto, possam desfrutar da infinita magia contida nas páginas de um livro infantil?

Encontrar um tempo de qualidade, para uma atividade que dê prazer aos filhos, mas também aos pais, parece-me fundamental. No meu caso, os livros foram o caminho mais confortável. As leituras de colo, que continuam a marcar a rotina do final dos dias, permitem criar um espaço de plena atenção, onde as palavras constroem pontes para os temas do coração. Este momento de leitura, a par, é um espaço de mimo, de conversas que muitas vezes trazem à memória canções e criam momentos de que desfruto, verdadeiramente.

 

O que mais gostaria que este livro transmitisse, aos seus leitores?

Gostaria que pudesse relembrar-nos que, todos os dias, se mudarmos a perspetiva, um 8 pode ser o infinito e que devemos elogiar o poder das pequeninas coisas ou do que pode acontecer se acreditarmos que nada nos impede.

 

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