Diário do Alentejo

“Alinhados e em cooperação conseguiremos muito mais”

19 de novembro 2022 - 09:00
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Luís Luz tem 54 anos e é natural de Torres Novas. Veio estudar para o Alentejo (Universidade de Évora), em 1987, e por aqui ficou, desde então.

 

Texto José Serrano

 

Quais os principais objetivos da Ashoka, entidade referenciada como umas das mais influentes ONG de empreendedorismo social?

A Ashoka tem como objetivo apoiar empreendedores sociais, ou seja, apoiar pessoas que se dedicam a desenvolver projetos que tenham um impacto social significativo, constituindo-se, dessa forma, como agentes de mudança na sociedade. Mas esta resposta é redutora, pelo que sugiro uma a www.ashoka.org/pt-pt/sobre-ashoka.

 

Poderá esta sua inclusão na Ashoka vir a influenciar os alunos do IPBeja e as forças vivas da região na criação de uma nova energia, capaz de dar resposta às problemáticas sociais e ambientais aqui existentes?

Para que isso aconteça é fundamental criar equipas/parcerias com pessoas e instituições, com preocupações e trabalho realizado na área da inovação social, para que consigamos motivar jovens e menos jovens a olharem de outra forma para os desafios e potencialidades desta região. Alinhados e em cooperação conseguiremos muito mais.

 

Como classificaria o território face, exatamente, aos problemas sociais e ambientais que apresenta?

Trata-se de um território com grandes potencialidades, mas também com enormes constrangimentos. O principal desafio social é o despovoamento, o abandono por parte dos mais novos da região. Em termos ambientais temos o risco de desertificação física, agravada pelas alterações climáticas, com ligação direta ao despovoamento. As novas oportunidades agrícolas trouxe à região pessoas, de outras culturas, que necessitam de se sentir integradas e valorizadas. Este é mais um desafio social que a região tem em mãos.

 

Quais os principais obstáculos à resolução desses problemas?

Temos de diminuir a taxa de abandono, motivando os mais novos a ficarem na região. Para tal temos de lhes mostrar as potencialidades que este território apresenta, e isso, paradoxalmente, pode-se conseguir com vivências fora da região, com o contacto com outras culturas e outras sociedades, onde irão conhecer novas realidades e tendências. Quanto à integração dos novos habitantes, que chegam à região, é necessária uma abordagem conjunta e coordenada de várias áreas, do poder local, das IPSS, de estruturas sociais do estado, de associações e de ONG, que permitam ver este problema como multidimensional.

 

O que pode cada um de nós fazer em prol da comunidade?

Essencialmente, estar disponível para entender os contextos onde cada um de nós se encontra e de onde cada um de nós veio. É sempre interessante fazermos o exercício de pensar quem seríamos se tivéssemos sido educados num outro contexto cultural, social ou económico. Se conseguirmos fazer este exercício estaremos mais disponíveis para percebermos as nossas atitudes e as dos outros e começar a mudar o que se passa à nossa volta. 

 

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