A Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo inaugurou, no último domingo, a Universidade Popular, um projeto “ousado” que tem como objetivo promover a educação ao longo da vida, “nas facetas formal e informal”.
A sua atividade será desenvolvida através da realização de cursos, seminários e outras sessões de estudo. Uma “parte importante da oferta formativa” decorrerá do estabelecimento de parcerias com diversas ent idades, nomeadamente, universidades.
Texto Nélia Pedrosa
Ferreira do Alentejo inaugurou recentemente a Universidade Popular, um projeto que visa promover a educação ao longo da vida, “nas facetas formal e informal”, e que surge como “uma reação de superação da moda das chamadas universidades seniores, que, naturalmente, têm o seu valor”, esclarece o presidente da câmara municipal, a entidade promotora.
“Nós entendemos não querer seguir esse caminho e ser mais ousados e mais abrangente, pelo que enveredámos pela criação de uma instituição que fosse dirigida a todas as idades e que não se limite ao concelho e que pudesse proporcionar às pessoas momentos culturais e de formação, ou seja, vamos ter cursos que permitem a valorização das pessoas do ponto de vista profissional e das suas habilitações, mas também cursos para pessoas que apenas têm gosto em conhecer mais determinadas matérias”, diz Luís Pita Ameixa ao “Diário do Alentejo”.
Representando um investimento na ordem dos 200 mil euros, com financiamento da União Europeia de cerca de 85 por cento, a Universidade Popular tem como reitor o ex-ministro da Educação, David Justino.
“Para além de ser uma pessoa ligada ao concelho , – tem as suas origens em Peroguarda –, é um antigo ministro da Educação e professor catedrático prestigiado. Por essas características, entendemos que seria a pessoa indicada para ficar à frente da universidade”, justifica o autarca.
O projeto conta, ainda, com um conselho universitário, “um órgão de consulta, aconselhamento e definição do plano académico de estudos e atividades”, que apresenta uma formação multifacetada, “o que muito contribui para o enriquecimento da oferta cultural e de aprendizagens” que a universidade irá disponibilizar ao longo dos anos.
O conselho é constituído “por 10 pessoas ligadas a Ferreira, especialistas em diversas áreas, alguns também ligados ao ensino superior”, diz Luís Pita Ameixa.
A atividade da universidade será desenvolvida através da realização de cursos, seminários e outras sessões de estudo, nomeadamente, ciclos com aulas, com diferentes temas e periodicidades; oficinas temáticas, de duração variável; cursos de formação com diferentes temas; ciclos de debates e de palestras; e visitas de estudo.
Uma parte “importante da oferta formativa” decorrerá do estabelecimento de parcerias com diversas entidades. Até ao momento, adianta o presidente da autarquia, estão já estabelecidas, ou em negociação, parcerias, nomeadamente, com as universidades Aberta, Lusófona, Nova, de Coimbra e de Évora, assim como com o Instituto Politécnico de Beja e com o Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do Alentejo (Cebal).
Estão também a ser celebrados protocolos com as embaixadas das Filipinas, Hungria e Japão. Aliás, sublinha Luís Pita Ameixa, a cultura nipónica será um tema em destaque nas atividades do primeiro ano da Universidade Popular.
O primeiro curso a arrancar foi, precisamente, um curso de mangá e em que “uma dúzia de jovens adolescentes irá contar a história de Ferreira do Alentejo em banda desenhada japonesa”, diz o autarca, sublinhando que, até ao momento, “há muitas pessoas interessadas em saber qual é a oferta formativa e a inscreverem-se”.
A finalizar, Luís Pita Ameixa salienta que este é um projeto “dinâmico” e que está “aberto” a receber “propostas de formação por parte das pessoas”.
A cerimónia da inauguração da universidade, que está instalada no edifício do Centro Cultural Manuel da Fonseca, contou com a presença do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.
A OFERTA FORMATIVA
A oferta formativa 2022/2023 da Universidade Popular inclui, entre outros, um curso de fotografia ministrado pelo fotojornalista Inácio Ludgero; um workshop de artes plásticas, com Dina Palma Dias; e um curso de teatro e um workshop de risoterapia, a cargo de Luís Oliveira.
Haverá, ainda, cursos de Português (língua de acolhimento para imigrantes), de Ambiente, Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, de Inglês, de Marketing Digital e de Gestão de Redes Sociais, todos da responsabilidade do Instituto do Emprego e Formação Profissional, em articulação com a câmara.
Outras propostas passarão por workshops de cinema e inovação e receituário tradicional, assim como de história e cultura local, com Maria João Pina. José d´Encarnação, “expoente em Portugal dos estudos de epigrafia”, será responsável pelo minicurso “As pedras que falam”. Terão ainda lugar cursos de ciência para crianças, a cargo do Cebal, e de impressão a três dimensões, pelo FabLab Buinho (Carlos Alcobia).