Diário do Alentejo

Estação Biológica de Mértola é projeto “exemplar”

02 de outubro 2022 - 09:00
Futura sede da EBM, orçada em cerca de 4,3 milhões de euros, deverá estar concluída em dezembro de 2023
Foto | Câmara Municipal de MértolaFoto | Câmara Municipal de Mértola

As obras da futura sede da Estação Biológica de Mértola – Centro de Valorização e Transferência de Tecnologia (EBM) arrancaram formalmente no final da semana passada numa cerimónia que contou com a presença da comissária europeia da Política de Coesão e Reformas. Para Elisa Ferreira, este é um projeto “simbólico e exemplar”. A EBM está já a funcionar, desde abril, em instalações provisórias cedidas pela câmara.

 

Texto Nélia Pedrosa

 

A comissária europeia da Política de Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, afirmou no final da semana passada, na cerimónia que assinalou o início das obras da futura sede da Estação Biológica de Mértola – Centro de Valorização e Transferência de Tecnologia (EBM), que este é um projeto “especial” e “cada vez mais precisamos de projetos destes para que a Europa seja uma Europa de todos e não uma Europa de alguns”.

 

Ainda segundo a comissária, citada pela “Lusa”, a estação biológica, que ficará instalada no edifício dos antigos silos da EPAC da vila, é um projeto “simbólico e exemplar”, que pode “estimular e ser o motor para o desenvolvimento” de uma região com potencialidade, mas que “não tem conseguido gerar suficientes oportunidades de emprego e trabalho aos jovens”.

 

A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, também presente na cerimónia, considerou, por sua vez, que o projeto da estação “mostra como estamos a investir bem os fundos de coesão” e disse esperar “que seja inspiração para outros territórios”. A governante disse ainda ser necessário multiplicar exemplos como a EBM em Portugal, assim como “não desistir” e “acreditar sempre que não há territórios condenados”.

 

A Estação Biológica de Mértola, projeto que resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Mértola e o Cibio InBio – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto, é, segundo a autarquia, “uma unidade de valorização e de transferência tecnológica focada nas áreas da biologia ambiental e da biodiversidade, da agroecologia, da gestão de recursos silvestres e da cinegética”.

 

O objetivo é “apoiar e promover a investigação científica e a transferência de tecnologia de suporte a estratégias de transição (agro)ecológica, com enfoque na regeneração dos ecossistemas, particularmente, os situados em contextos de baixa densidade, de clima semiárido e árido mediterrânico, vulneráveis aos fenómenos da desertificação e das alterações climáticas”.

 

Representando um investimento de cerca de 4,3 milhões de euros, com financiamento comunitário no âmbito do programa operacional Portugal 2020, as obras contemplam a requalificação do edifício dos antigos silos da EPAC, estando prevista a criação de laboratórios e espaços de trabalho em coworking, unidade de alojamento, cafetaria/bar e terraço e espaço multiusos com sala de formação e auditório.

 

Está previsto ainda a criação, no mesmo complexo, da Galeria da Biodiversidade de Mértola – Centro de Interpretação da Biodiversidade do Vale do Guadiana e de uma nova área para as reservas do arquivo e do museu municipais, projeto que custará mais cerca de 1,7 milhões de euros.

 

A galeria será “um espaço de interpretação da paisagem e biodiversidade em presença no território que se constitui como valência turística de relevância para a salvaguarda do património natural e para a afirmação de Mértola e do Alentejo como destinos de excelência para o turismo de natureza”, esclarece a câmara.

 

As obras da futura sede da Estação Biológica de Mértola, assim como da Galeria da Biodiversidade, deverão estar concluídas em dezembro de 2023.

 

EBM está já a funcionar em instalações provisórias “Numa estratégia de lançamento e organização de toda a atividade da EBM”, em abril deste ano foi criada a associação sem fins lucrativos Estação Biológica de Mértola, que integra, para além da câmara e do Cibio, a Universidade do Porto e a EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva.

 

Segundo adiantou o presidente da autarquia ao “Diário do Alentejo”, a EBM,  já a funcionar em instalações provisórias cedidas pela câmara, tem vindo a desenvolver, deste então, um conjunto de projetos, em colaboração com várias entidades do setor académico e empresarial, nomeadamente, universidades de Évora, Algarve, Lisboa, Coimbra, Porto, Aveiro e Braga e institutos politécnicos de Beja e de Bragança, universidades de França, Espanha, Áustria e Reino Unido e centros de investigação nacionais e internacionais, EDIA, Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, empresas e associações de caça.

 

Mário Tomé relembra, ainda, que em junho último foi assinado um protocolo de colaboração entre a associação Estação Biológica de Mértola e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, tendo em vista o financiamento de bolsas de investigação para 20 doutoramento nos domínios científicos estratégicos da EBM.

 

“A ideia é atrair massa crítica para este território”, sublinha o autarca, reforçando que a presença da comissária europeia da Política de Coesão e Reformas, da ministra da Coesão Territorial e da secretária de Estado do Desenvolvimento Regional na cerimónia do arranque das obras da futura sede da Estação Biológica “é a evidência clara” de como “identificam o projeto como um bom exemplo da aplicação dos fundos comunitários”.

 

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