Diário do Alentejo

MUPA, o Festival que leva música aos quatro cantos da cidade de Beja

22 de junho 2022 - 12:00
A 3.ª edição do festival começa hoje na Pracinha e termina domingo.
Foto | Associação Cultural TrugiaFoto | Associação Cultural Trugia

Este ano, o MUPA espera ser palco de “uma mistura de gentes de fora e da cidade, de diferentes gerações, unidas pela música em torno de locais emblemáticos” da cidade de Beja.

 

 

Texto Ana Filipa Sousa de Sousa

 

Com início hoje e durante os próximos quatro dias, o Festival Música na Planície (MUPA 2022) atrairá a diversos recantos da cidade de Beja, “que normalmente não são utilizados para concertos”, um vasto leque de artistas nacionais e internacionais que prometem refrescar a relação que os bejenses têm com a música. O primeiro objetivo centra-se em “levar as pessoas da cidade a lugares que lhes são queridos, ou até mesmo lugares esquecidos, e rechear estes lugares de música”, dando-lhes vida e movimento.

 

Vítor Domingos, diretor do festival e programador cultural da Associação Cultural Trugia, coletividade responsável pelo evento, explica ao “Diário do Alentejo” que o MUPA, criado em 2019, pretende encher de música “espaços da cidade com vasta memória coletiva”. Este ano, a Pracinha, o Parque da Cidade, a Santa Casa da Misericórdia, a Oficina Os Infantes, a Casa da Lusofonia, a Igreja da Misericórdia, o Campo de Jogos do Bairro da Conceição, a Capela de Nossa Senhora da Piedade, o Clube Bejense Amadores da Pesca Desportiva e a Associação Humanitária Dadores de Sangue foram os locais escolhidos para acolher além dos concertos musicais diversas atividades complementares, como exposições, documentários, workshops e colóquios.

 

Até domingo, nomes como  Aya, Riccardo La Foresta, De Schuurman, Sofia Mestre, Diaki, Tiago Viegas, João Manuel Vieira, Rian Treanor, Ghoya ou Africa Negra serão os responsáveis por unir famílias, grupos de amigos e “diversas comunidades que existem na nossa cidade” em torno de um gosto comum, a música. Os espetadores poderão contar ainda com artistas “já conhecidos da terra”, como o Grupo Coral Alentejano Papa Borregos de Alvito, João Pedro Fonseca e o Coro do Carmo de Beja, Dj Stá e João Melgueira.

 

Deste a 1.ª edição que a irreverência marcada pelos diferentes estilos musicais é a aposta do MUPA, que vê nessa particularidade uma chave de sucesso para atrair diversos tipos de público.

 

“A maior parte do cartaz consiste em apostas na música moderna, porém eu e o meu colega Pedro Gomes trazemos também alguns artistas que marcaram gerações, e isso permite que o público do MUPA seja diverso. É normal, [por exemplo], ver-se um cenário em que temos famílias a assistir a concertos à tarde, e ravers a dançar à noite”, comenta Vítor Domingos.

 

Nesta edição, os olhos estão postos no último dia do festival, 26 de junho, que “será um dia completamente gratuito” e que apela à vinda da comunidade até à Associação Humanitária Dadores de Sangue, ao Clube Bejense Amadores da Pesca Desportiva e à Oficina dos Infantes.

 

O CAMINHO DA CULTURA EM BEJA

Ao contrário do que seria expectável para uma cidade no Baixo Alentejo, onde a percentagem de eventos culturais e diversidade cultural é baixa e débil, o produtor de 28 anos, confessa que a região é propícia à criatividade, à mudança e a eventos inovadores, como o Festival MUPA.

 

“Já faço coisas por Beja há 12 anos, e tenho também outras produções noutras localidades do país, incluindo em alguns dos polos principais da cultura a nível nacional. Porém sinto que o Alentejo é o sítio onde consigo encontrar mais oportunidades para fazer o que quero. As coisas aqui estão por fazer, enquanto na maior parte dos outros sítios as coisas já estão feitas e o teu projeto é só mais um. Sinto que um projeto bem concebido aqui consegue ter muito impacto, e na minha opinião é muito mais satisfatório conseguir ter este impacto em miúdos e pessoal da cidade que por falta de oportunidade não tem muito contacto com a oferta cultural corrente. Por isso é esta a nossa conclusão, por muito que o défice de cultura seja grande, é muito gratificante fazer coisas por cá. E não vejo como parar”, conclui.

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