A MeteoAlentejo-Associação de Meteorologia, inaugurada em 2011, cobre atualmente, através das suas 51 estações meteorológicas, todos os concelhos da região do Alentejo. Um trabalho em prol das populações locais, que lhes permite aceder a dados meteorológicos, dos seus territórios, em tempo real, para além de viabilizar o estudo das mudanças climáticas que poderão ocorrer, em determinado período de tempo. Uma possibilidade que permite a Luís Mestre dizer que, há 11 anos, o clima no Alentejo era mais favorável, “mais moderado e sem tantos extremos”.
Texto José Serrano
Após 11 anos da implementação da primeira estação meteorológica, ocorrida a 8 de janeiro de 2011, em Serpa, a MeteoAlentejo-Associação de Meteorologia é constituída, atualmente, por 51 estações, implementadas em todos os concelhos de Beja, Évora e Portalegre. Um feito que, de acordo com Luís Mestre, fundador e coordenador do projeto, representa muito trabalho, pertinência e articulação entre os vários parceiros – municípios, associações de bombeiros, empresários e órgãos de comunicação social, entre outros.
Um exemplo do trabalho em parceria, o que permite ter, em 2022, uma rede de estações meteorológicas regionais única no país, ao dispor de todos, pois “só trabalhando em conjunto se pode construir algo que seja benéfico para as populações, em territórios do interior como o nosso”.
Vantagens que se traduzem através da possibilidade de se poder consultar as previsões meteorológicas locais para três dias e da “grande mais-valia” para os cidadãos terem acesso aos dados de temperatura do ar, de humidade, de quantidade de precipitação, de velocidade e direção do vento, atualizados minuto a minuto, “permitindo, assim, saber o tempo exato que faz na sua localidade, sem terem de se guiar por estimativas”. Por outro lado, refere Luís Mestre, o conjunto de dados “que cada uma destas estações regista” permite “fazer um balanço daquela que foi a mudança climática, em determinado período de tempo”.
EVOLUÇÃO CLIMÁTICA NA REGIÃO, DESDE HÁ 11 ANOS
Através da análise dos dados recolhidos pela MeteoAlentejo, ao longo destes 11 anos de existência, Luís Mestre revela que se tem vindo a assistir a uma mudança no padrão meteorológico, nomeadamente no que diz respeito à pluviosidade, registando-se uma diminuição de dias de chuva anuais e “chovendo mais no outono e na primavera do que no inverno, sendo que “quando chove, é muita quantidade em pouco tempo”.
Quanto às temperaturas, e apesar de nos últimos verões se terem alcançado valores extremos de máximas, “o que se verifica é que ocorrem dois ou três dias de muito calor, mas depois a temperatura desce e normaliza, não se verificando ‘dias a fio’ com temperaturas de 40.º”, esclarece o fundador da MeteoaAlentejo, referindo ainda que “também se constata que o verão se tem prolongado, muitas vezes, até aos finais de outubro”.
Uma análise, apoiada em dados científicos, que permite a Luís Mestre dizer que “temos o verão a entrar pelo outono e temos mais chuva nas estações de transição que no inverno”. Há 11 anos, considera, o clima era-nos mais favorável, “mais moderado e sem tantos extremos”.