A distrital de Beja do Bloco de Esquerda (BE) exige ao Governo “uma solução para regular o funcionamento” das urgências do hospital de Serpa, que passaram a encerrar durante a madrugada, desde segunda-feira (03/01).
O BE exige, “de imediato”, essa solução “no quadro do Serviço Nacional de Saúde” ao Ministério da Saúde, à Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo e à Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA).
Segundo a distrital de Beja “bloquista”, o fecho das urgências do Hospital de São Paulo, durante a madrugada, das 00:00 às 08:00, “é o mais recente episódio de encerramentos intermitentes deste serviço”.
“Não se trata de uma situação isolada e pontual, nem a mesma está confinada ao serviço de Urgência”, e foi tomada “em prejuízo direto das populações dos concelhos de Serpa e Mértola e sobrecarregando a Urgência do Hospital de Beja, em plena pandemia”, critica.
Este hospital alentejano, gerido pela Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS), “tem vindo a reduzir o número de camas” na unidade de reabilitação, “uma tendência preocupante que pode estender-se à unidade de cuidados paliativos, a única resposta de internamento nesta tipologia no Baixo Alentejo”, argumenta o BE.
As urgências do Hospital de São Paulo passaram a fechar, no dia 03 de janeiro, entre as 00:00 e as 08:00, por dificuldades em garantir médicos para assegurar as escalas, devido à pandemia de covid-19, refere o provedor da SCMS, António Sargento. Acrescentando não ser possível prever por quanto estas irão permanecer fechada, mas frisa que a SCMS e o conselho de administração do hospital “farão todos os esforços para inverter o mais rápido possível a situação” e reabrir o serviço naquele período.
A SCMS, a administração do hospital e o Estado português, “que é parceiro”, através do Ministério da Saúde e da ULSBA, tentaram “encontrar uma solução para a escala médica” da madrugada, mas não conseguiram “porque não há médicos”, afirma o provedor.
Contudo, a distrital do Bloco de Esquerda considera que “a falta de médicos e outros profissionais de saúde é um facto que se deve também às condições salariais e de trabalho, inferiores às praticadas no setor público da saúde”.
O BE argumenta ainda que a entrega do Hospital de São Paulo à Misericórdia, em 01 de janeiro de 2015, “foi uma decisão desastrosa do governo da ‘troika’ e há muito devia ter sido revertida”, devendo esta unidade regressar ao Serviço Nacional de Saúde.
Recorde-se que o encerramento das urgências no período da madrugada tem sido alvo de críticas, nos últimos dias, por parte da Câmara e Assembleia Municipal de Serpa, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e do Partido Comunista Português (PCP).