Diário do Alentejo

Caçadores contra proibição da caça à rola-comum

12 de agosto 2021 - 09:50

Portugal decidiu proibir transitoriamente a caça à rola-comum. Uma decisão contestada pelo tempo em que foi tomada, a apenas duas semanas do início da época, e com investimentos já feitos por caçadores e associações.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

Tal como aconteceu noutros países da União Europeia que fazem parte da rota migratória ocidental da rola-comum, o Instituto de Conservação, Natureza e Florestas (ICNF) resolveu proibir na época venatória de 2021/22 a caça à rola-comum. A medida, há muito exigida pelas associações ambientalistas, enquadra-se na diretiva 2009/147/CE e pretende combater o “decréscimo significativo” desta espécie cinegética, observado nos últimos anos.

 

Segundo um comunicado do ICNF, o nosso País, “em articulação com as organizações do setor da caça e ambientalistas” tem vindo a implementar “medidas restritivas” da atividade, “quer reduzindo os limites diários de abate, quer reduzindo drasticamente o número de dias de caça”. No entanto, estudos recentes desenvolvidos a nível europeu levaram a que fosse adotado um plano de ação internacional até 2028 e que passa pela proibição da caça à rola-comum no espaço da União Europeia.

 

O ICNF diz que “mesmo sem caça há uma probabilidade significativa de se manter o declínio da espécie, declínio esse que aumenta em qualquer cenário que envolva a pressão adicional originada pela caça”.

 

‘TIMING’ CRITICADO

 

José Lopes Bernardino, em declarações ao “Diário do Alentejo”, manifestou toda a sua “indignação” com esta medida. O presidente da Confederação Nacional dos Caçadores Portugueses (FNCP) considera que esta decisão “é uma falta de respeito e de lealdade para com os parceiros do setor da caça e para com todos os caçadores portugueses e entidades gestoras de zonas de caça”.

 

Em comunicado, a CNCP critica o ICNF por tomar a decisão “unilateralmente” e a escassas duas semanas da abertura da caça à rola, “quando [o assunto] anda a ser discutido ao nível da Comissão Europeia há mais de um ano”.

 

José Lopes Bernardino diz ainda que a proposta de calendário surgiu por proposta do ICNF, tendo sido aceite pelos caçadores, e previa a caça da rola-comum nos dias 15 e 22 de agosto e nos dias 5 e 12 de setembro de 2021, durante o período da manhã, até às 13 horas.

 

O comunicado refere que “foram feitos investimentos avultadíssimos em medidas de gestão específicas para a rola-comum” e criadas “enormes expectativas, feitos planos de caça, marcadas e vendidas caçadas, reservados hotéis e programadas viagens”, considerando que “os prejuízos que esta decisão unilateral e inesperada vêm trazer para as entidades gestoras de zonas de caça e para os caçadores é algo pelo qual o Estado português tem que se responsabilizar.

 

“ROMBO NA ECONOMIA LOCAL”

 

O presidente da Câmara de Mértola – Capital da Caça - e da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (Cimbal), Jorge Rosa, considera que a proibição de caça à rola-comum “é mais um rombo na economia local e na economia social da caça” uma vez que os caçadores já tinham agendado as suas caçadas, adquirido comedouros, marcado alojamento e refeições e assumido compromissos com as zonas de caça que também já investido verbas significativas na preparação da época venatória. O autarca exige ainda compensações para as zonas de caça lesadas.

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