Diário do Alentejo

40 anos da Ovibeja em fotografias

27 de abril 2024 - 12:00
Exposição de António Carrapato na 40.ª edição da Ovibeja

No âmbito das comemorações das 40 edições de Ovibeja, o Parque de Feiras e Exposições Manuel de Castro e Brito presenteia o público com uma exposição, da autoria de António Carrapato, intitulada “40 Anos 40 Imagens”. Uma mostra que pretende assinalar o percurso do evento, através de uma memória fotográfica “abrangente, de ‘todos os cantos’ da feira”.

 

Texto José Serrano Fotos António Carrapato

 

“40 Anos 40 Imagens” é o título da exposição fotográfica, da autoria de António Carrapato, que exibe, ao longo dos seis dias da Ovibeja 2024, de terça-feira, dia 30, a 5 de maio, na avenida principal do Parque de Feiras e Exposições Manuel de Castro e Brito, 40 fotografias representativas do percurso da Ovibeja. O autor reconhece a dificuldade de escolher quatro dezenas de imagens, entre os “muitos milhares de fotografias” do seu acervo, tiradas na Ovibeja, ao longo de 27 anos, como fotógrafo oficial do evento. “Para facilitar a escolha, fui colocando imagens em grupos representativos – os animais, o desporto, o espetáculo, as várias atividades lúdicas, as visitas dos políticos. E depois fui afunilando, selecionando as que me pareceram mais representativas. O que pretendi foi uma escolha abrangente, de ‘todos os cantos’ da feira, foi esse o meu critério”.

Ainda que presente, ano após ano, no evento, o fotógrafo, de 57 anos, natural de Reguengos de Monsaraz, refere o desafio, a motivação sempre renovada, de captar imagens, insólitas, durante os dias de Ovibeja. “É um espaço riquíssimo, privilegiado, para um caçador de imagens, pela transversalidade etária e das classes sociais ali presentes, que se constituem como um retrato abrangente da sociedade portuguesa, o que te proporciona um conjunto de possibilidades fotográficas riquíssimo”.

Nas suas imagens, António Carrapato procura incutir-lhes a invulgaridade com que o momento se lhe apresenta, aliado a uma ironia que lhe surge, nas suas imagens, naturalmente. “Não sei explicar porque clico naquele preciso momento, mas pressinto que vem dos ensinamentos que tive, nos meus primórdios, enquanto fotojornalista do ‘Público’, em que me incentivavam, num qualquer assunto, a fazer uma imagem que fosse mais do que aquilo que as pessoas já tinham visto”.

Considerando que esta exposição sublinha “a enorme importância da fotografia” para a preservação da história e da memória coletiva contemporânea, António Carrapato considera que a arte se encontra, atualmente, menorizada, esquecida. “Quase ninguém se está a preocupar com a memória fotográfica, porque, como toda a gente tem acesso à imagem, convencionou-se que não era preciso haver registos técnicos, feitos por fotógrafos profissionais, porque tudo ficaria nessa imensa plataforma digital global. Mas não fica, porque é tudo efémero. Porque as pessoas fotografam no telefone e depois apagam, e depois fotografam e depois apagam… E as entidades (excetuando algumas, poucas, como a ACOS [Associação de Agricultores do Sul]) não têm isso em conta, não têm a noção da importância da preservação da memória fotográfica, que, daqui a uns anos, a continuarmos assim, deixará de existir”, sublinha.

 

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Primeiro-ministro inaugura Ovibeja

 

Rui Garrido, presidente da ACOS, entidade organizadora do evento, enaltecendo esta exposição, “que apresenta belíssimas imagens, registadas por António Carrapato, ajudando a preservar a memória do percurso da feira”, acentua que “está tudo preparado” para que esta 40.ª edição da Ovibeja seja uma feira notável. “Temos neste ano seis dias de feira, mais expositores que nos anos anteriores, todos os dias preenchidos com vários colóquios e conferências, um magnífico calendário de espetáculos musicais, um fantástico programa equestre, a celebração do 10.º aniversário da elevação do cante alentejano a Património Cultural e Imaterial da Humanidade pela Unesco. Enfim, estão reunidas todas as condições para que seja uma grande Ovibeja, com a presença de muito público, assim o tempo nos ajude”.

No que diz respeito à presença de figuras governamentais, Rui Garrido informa estar já confirmada a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, na sessão solene de abertura da feira, agendada para o dia 30, às 11:00 horas, que será acompanhado – “é a informação que temos” –, do ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, e da ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho. A presença governamental, neste ano, ao mais alto nível, contrasta, assim, com a ausência de convites, no ano passado, a qualquer membro do executivo, depois de vários meses de protesto dos agricultores de norte a sul, indiciando, “sem dúvida nenhuma”, diz Rui Garrido, uma relação mais profícua e menos sobressaltada entre a ACOS e o novo Governo.

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Programa

O Parque de Feiras e Exposições Manuel de Castro e Brito prepara-se para abrir as suas portas, de dia 30 até 5 de maio, à 40.º edição da Ovibeja. No panorama musical, Calema e DJ Ana Isabel Arroja abrilhantam a primeira noite, no dia 30, seguindo-se Buba Espinho e DJ Christian F, no dia 1, The Lucky Duckies e DJ Groove, no dia 2, UB40 e DJ Zanova, no dia 3, e Ana Moura e DJ Wilson Honrado, no dia 4. Ao longo dos seis dias do evento, o público poderá revisitar todas as 39 edições anteriores, através de duas exposições, comemorativas da longevidade do certame – “40 Anos 40 Histórias”, depoimentos, em vídeo, sobre a história do evento, e “40 Anos 40 Imagens”. O associativismo, tema central desta edição, que “está na génese da Ovibeja”, vai ser abordado em diversas conferências, indicou a organização. Uma delas, intitulada “Associativismo agrícola”, vai decorrer no dia 2 de maio, às 11:00 horas, no auditório da ACOS, cabendo ao ex- -ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, fazer o enquadramento inicial sobre a temática. De acordo com a organização, a Ovibeja, tal como nos anos anteriores, vai integrar expositores de norte a sul de Portugal e, também, de Espanha, reunindo neste ano uma exposição pecuária com cerca de 400 animais. Exposição e venda de produtos agroalimentares, de artesanato, de máquinas e equipamentos agrícolas, stands institucionais, concertos, provas hípicas e com cães, concursos pecuários, zona de restaurantes, quiosques de comes e bebes e espaços de street food, animação de rua ou demonstrações de novas tecnologias aplicadas à agricultura são outras das vertentes do certame, que, tal como habitualmente, promete reunir, em Beja, “todo o Alentejo deste mundo”.

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