Com lançamento no próximo mês de abril, “António Zambujo Voz e Violão” é o novo disco de António Zambujo, o oitavo de originais. Um trabalho inspirado num dos álbuns da vida do músico bejense, “João Voz e Violão”, de João Gilberto (1999), que marca o regresso ao essencial, num registo mais intimista.
Texto Rita Palma Nascimento
“Lote B”, o single de estreia, já disponível nas plataformas digitais, tem letra de Pedro da Silva Martins, coautor da música com José Luís Martins. Nele, “só com uma voz e uma guitarra”, António Zambujo não apenas faz “parar a rua inteira”, como se atravessa nas demais ruas do coração, na sua peculiar meiguice interpretativa, de deleite para tantos que lhe prezam o primor artístico.
“Um dia, num qualquer futuro mais ou menos distante, dir-se-á que este disco é um dos mais importantes da carreira de António Zambujo. Não por se julgarem menores alguns dos álbuns que o antecederam e ainda menos pela qualidade de todas as canções que ainda não compôs ou deu voz. Simplesmente porque ‘Voz e Violão’ será sempre associado a um tempo que nos provou o quanto somos frágeis e o quanto precisamos de nos repensar numa urgência do que é essencial”, diz o jornalista Luís Osório
“Toca essa canção pra mim…”, citação retirada do mais recente ‘single’, ouvir-se-á, certamente, por aí, num desejo adiado de voltar a ver o músico nos palcos. E se anos houve em que atingiu a marca dos 120 concertos, no presente não tem qualquer espetáculo confirmado. Em 2020, após a catadupa de cancelamentos e adiamentos de espetáculos, foi-lhe ainda possível a realização de uma série de atuações intimistas, já sem continuidade em 2021. A paragem forçada remete, assim, para janeiro de 2022 as cinco sessões do “Desconcerto” e um sem fim de outros palcos. Entre os espetáculos sem data definida, encontra-se aquele que junta António Zambujo ao Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento e a convidados como Carolina Pinto, Jorge Benvinda, Luísa Sobral, Mafalda Vasques, Pedro Mestre e Rita Sanches, a realizar no Centro Cultural de Belém e na Casa da Música, no Porto.
Ao longo da sua carreira, o músico bejense incorporou e abordou na sua música diferentes influências, da bossa nova, à orquestra, passando pelo fado ou pelo Cante alentejano. Características que lhe foram conferindo singularidade e distinção, numa identidade artística reconhecida além-fronteiras, capaz de comover Caetano Veloso. Nas suas beneméritas palavras “de arrepiar e fazer chorar”.
Em 2021, ano em que os compassos do mundo se distorcem e os acordes da vida nos soam a espera, perante a fragilidade humana diante de um cenário pandémico, António Zambujo regressa, também ele, ao seu íntimo e lançará o seu nono álbum, uma viagem musical complacente que se adivinha tão medular e humana quanto esta entrevista ao “Diário do Alentejo”.