O Museu Regional de Beja, agora sob tutela do Ministério da Cultura, aguarda a escolha do novo diretor, por concurso internacional, e o avanço de urgentes obras de reabilitação. Ana Paula Amendoeira, diretora regional de Cultura do Alentejo, aborda a situação atual do museu bejense, defendendo que “tem uma potencial relevância nacional e internacional que decorre da sua história e da qualidade e diversidade do seu acervo”.
Texto Carlos Lopes Pereira
O Museu Rainha Dona Leonor, em Beja, continua à espera da escolha de um diretor e do arranque de obras de reabilitação do edifício onde está instalado, o antigo Convento da Conceição. O diretor, escolhido por concurso internacional, e as obras, com um orçamento de um milhão e 200 mil euros, verba já mobilizada, são considerados dois fatores decisivos para uma nova etapa na vida do Museu Regional de Beja, hoje fechado ao público por causa da pandemia da covid-19 mas cujo desenvolvimento é desde há muito travado pelas sucessivas mudanças de tutela, entre outras razões.
Após a Revolução de Abril de 1974, o museu foi tutelado pela Assembleia Distrital de Beja, depois pela Associação de Municípios do Distrito de Beja (AMDB), pela Associação de Municípios do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral (Ambaal) e, mais tarde, pela Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (Cimbal).
Em 2019, depois de debates e polémicas sobre quem deveria dirigir e pagar o museu, o equipamento passou para a tutela do Ministério da Cultura, através da Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlentejo). Ana Paula Amendoeira, diretora regional de Cultura do Alentejo, respondeu a questões colocadas pelo “Diário do Alentejo” sobre o Museu Regional de Beja.
Para quando o início das obras no museu e qual a sua duração?
Está a decorrer o processo de concurso para a empreitada. A previsão de duração da intervenção é de 18 meses. Essencialmente, trata-se da reparação de coberturas, caixilharias e rebocos exteriores e interiores, renovação da instalação elétrica e construção de novas instalações sanitárias. Também será alterado o local de entrada de visitantes e melhoradas as condições de circulação de pessoas com mobilidade reduzida. O projeto técnico é da Câmara de Beja.
Quanto custam as obras e de onde vêm as verbas necessárias?
O custo das obras é de cerca de um milhão e 200 mil euros, com uma comparticipação de fundos comunitários de 75 por cento, graças à candidatura apresentada ao programa Alentejo 2020 pela parceria constituída para o efeito entre a DRCAlentejo, a Câmara de Beja e a Associação Portas do Território, entidades a quem devemos reconhecimento por todo o esforço e colaboração neste processo.
Durante as obras, o museu estará encerrado?
Prevê-se que o museu se mantenha aberto à visita, total ou parcialmente, conforme a execução da obra o permitir.
Sobre o concurso internacional para diretor do Museu Regional de Beja, qual o ponto da situação do concurso?
Decorrido o prazo de audiência de interessados, as fases seguintes serão as que constam do aviso do concurso o qual é do conhecimento público: avaliação curricular, avaliação de projeto, entrevista e avaliação/decisão final. [ver caixa]
Quais as consequências da crise pandémica na atividade normal do museu?
A situação atual tem limitado consideravelmente a atividade do museu, nomeadamente, no que diz respeito ao acolhimento de visitantes. Contudo, mantêm-se em curso os programas de estudo com investigadores externos, bem como os trabalhos preparatórios da obra cujo concurso de empreitada está a decorrer.
Há algum plano estratégico para o Museu Regional de Beja?
Há uma estratégia para o museu. Ela está subjacente desde logo com a proposta de mudança de tutela para o Ministério da Cultura e com a abertura de um concurso público internacional para selecionar o seu diretor. Como se sabe, o Museu Rainha Dona Leonor só recentemente integrou a estrutura orgânica da DRCAlentejo. Esse processo de transferência de tutela foi estreitamente articulado com a Cimbal e com a Câmara de Beja, em conjunto com a tutela da Cultura. O museu inscreve-se no quadro da missão, valores e objetivos que são também os da entidade da tutela, a DRCAlentejo. Desde a sua transferência, há cerca de um ano, temos vindo prioritariamente a programar e a realizar ações de reorganização, de conservação, de reabilitação e estudo do património edificado e do acervo. É um trabalho “invisível”, mas importante e muito necessário. E a dar início a uma participação em redes nacionais e internacionais facto que consideramos estratégico para a instituição.
“POTENCIAL RELEVÂNCIA NACIONAL E INTERNACIONAL”
Para Ana Paula Amendoeira, o Museu Regional de Beja “deve e tem que cumprir a sua missão de entidade pública dedicada à salvaguarda e valorização do seu acervo museológico, da sua história e do seu património e dar um relevante contributo para a promoção do conhecimento, da educação, da cidadania e do bem-estar das comunidades”. Segundo a diretora regional de Cultura do Alentejo, “a ligação do museu à cidade de Beja e ao seu território de influência será sempre central, essencial para as pessoas, para a valorização da sua identidade e da sua autoestima coletiva”. E mais: “O museu tem um valor que vai muito além do seu território histórico. O museu tem uma potencial relevância nacional e internacional que decorre da sua história e da qualidade e diversidade do seu acervo. Essa qualidade é um passaporte para a abertura ao País e ao mundo e nisso estamos absolutamente empenhados”. Segundo Ana Paula Amendoeira, “as opções programáticas que servirão estes desígnios e definirão o plano de ação para os próximos três anos constituem a proposta da autoria do próximo diretor que será a seu tempo discutida e aprovada pela DRCAlentejo após a conclusão do procedimento de concurso internacional que está a decorrer”.